Medo de ser esquecida

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Já fazem alguns dias, hoje é um domingo. eu estava dando uma carona pra minha mãe até a cafeteria, ela achou SUPER estranho eu acordar um domingo de manhã 7:00 horas pra dar carona pra ela e insistir MUITO pra ir

mas gente, qual o problema de tentar ser uma filha legal? agora estávamos no carro chegando em Beachwood. minha mãe estava me mostrando animada as fotos da minha irmã na faculdade de medicina e com a família de David

-Olha como lá é grande, ela parece feliz com eles

tirei o cigarro da boca, jogando a fumaça pela janela do carro e virei um pouco a cabeça pra olhar o celular e assenti. quando olhei pra minha mãe ela parecia meio triste

-Não tá feliz por ela?

-É CLARO QUE ESTOU

ela falou meio indignada com o q eu falei, voltei minha atenção pro trânsito e senti ela se encostar totalmente no banco

-Só sinto falta dela... Já fazem um ano

-Ela é uma covarde que está com medo de ter que encarar o passado como se a gente não tivesse que lidar com isso todo dia. Não foi só ela que perdeu o papai

-Não fala assim da sua irmã Dayane, você sabe que só está naquela escola de gente rica, estamos morando naquela casa confortável graças a ela e David

-Como se dinheiro resolvesse tudo

-Por enquanto resolve, ela sente nossa falta mas anda muito ocupada com a faculdade também

-Ela nunca mais me mandou mensagem, só pra você

-Talvez pq você tenha criado uma bolha envolta de você Dayane, você não deixa ninguém entrar. Ela pergunta sobre você

estacionei o carro e desliguei ele agora olhando pra minha mãe e colocando a mão em sua coxa

-Chegamos

minha mãe me deu um leve sorriso e saiu, abri a porta e dei uma última tragada no cigarro encostada no meu carro. joguei o cigarro no chão e pisei em cima apagando

olhei envolta do estacionamento e vi a bicicleta amarela de Carol parada ali, uau ela chegou bem cedo mesmo

fui até a cafeteria, abri a porta e lá nos fundos estava ela, a garota de cabelos ruivos. ela estava de cabeça baixa e dava pra ver uma cordinha em seu pescoço. provavelmente sua câmera

mesmo o sino da porta tendo feito barulho ela não olhou, deve ter me visto pelo vidro. não é como se ela estivesse me ignorando pq a gente se falava na escola mas talvez estivesse com vergonha não sei

fui na direção dela e me sentei, ela estava de cabeça baixa mexendo em sua câmera e levantou a cabeça com minha proximidade

minha mãe passou do nosso lado bem na hora e me olhou com a testa franzida, eu conheço muito bem minha mãe então sei oq ela pensou. ela acha q vim aq pra ver Caroline, oq não é uma total mentira mas não queria ver ela desse jeito por mais q eu tivesse tentado beijar ela

eu só me equivoquei, não gosto dela dessa maneira. Carol virou a cabeça pra olhar minha mãe e cutucou ela

-Selma, bom dia

minha mãe se aproximou da mesa com seu bloquinho me olhando desconfiada mas disfarçou abrindo um sorriso

-Oi minha querida, Dayane está te incomodando?

pude jurar q minhas bochechas ficaram vermelhas, é o máximo q ela consegue disfarçar? Carol me olhou sorrindo leve e voltou olhando minha mãe

-Por enquanto ela não falou nada mas se ela abrir a boca eu te chamo

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