Carta

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um mês sem ela. pensei q fosse me procurar, mandar alguma mensagem ou recado mas nada. entrei em todas suas redes sociais e não tinha nenhuma atualização como uma foto boba de café, algum livro q anda lendo ou uma foto nova q tirou na câmera q eu te dei

não é culpa nossa, de ninguém. eu também não fui atrás pq não queria arrumar problemas com Isaías mas desde quando eu e Carol ligamos pra regras né? talvez agora liguemos. essa semana soube q os pais de Daniela estão investigando a fundo seu caso e tenho certeza q a qualquer momento a polícia vai vir atrás de mim mas na verdade não sei quando

eu tentava tocar minha guitarra enquanto ouvia a música no último volume sem me importar com minha mãe ou minha irmã, depois q Arthur morreu elas me dão total privacidade. só aprecem pra me lembrar de comer, beber e ir ao banheiro

eu fazia os solos rápido enquanto pulava pelo quarto tentando não desconectar o cabo da caixa de som, até minha irmã entrar no quarto

-DAYANE

-OI

falei ainda tocando minha guitarra enquanto batia os cabelos

-VOCÊ TEM VISITA

-QUE?

-VOCÊ TEM VISITA

-O QUE?

Fernanda se irritou e puxou o cabo da minha caixa de som fazendo eu perder o solo

-HEY POR QUE FEZ ISSO?

o rádio ainda tocava alto com a música e Fernanda furiosa pegou ele jogando na parede com força fazendo voar peças pelo meu quarto, soltei minha guitarra q ficou pendurada no meu pescoço e olhei com os olhos arregalados pra ela abrindo os braços

-Qual é o seu problema?

-EU CANSEI, VOCÊ TÁ SE ISOLANDO DO MUNDO DAYANE. VOCÊ FOI EXPULSA DA ESCOLA, NÃO FAZ NADA DA SUA VIDA ALÉM DE FICAR NESSE QUARTO FEDIDO O DIA INTEIRO CHORANDO

ela falou rápido gesticulando e respirou fundo, coçou o queixo pra me encarar falando mais calma

-Olha Day, eu só quero seu bem. Quero que tenha um futuro, eu não gosto de te ver assim

-Tudo bem, eu entendo. Você pagou aquela escola cara e eu não soube aproveitar a oportunidade

dei de ombros entortando a cara já q ela estava certa, minha mãe queria fazer a mesma coisa q ela fez mas faltava coragem

-Não tem a ver com dinheiro Dayane

ela abaixou a cabeça, foi até a porta e apontou para as escadas

-Você tem visita

assenti, tirei a guitarra do meu pescoço colocando no apoio e passei por ela indo até a porta da sala abrindo, Carol estava ali parada olhando atentamente meu rosto e sorriu sem mostrar os dentes. ela parecia meio sem jeito com as mãos no bolso de trás da calça porém tinha um detalhe, um grande detalhe

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