Wasting My Time | l.s. |

29

Louis deslizava os dedos pelas teclas do piano, os olhos fechados em concentração, sentindo a melodia que saía de cada tecla pressionada, cada nota, entrando em suas veias e tomando conta de todo o seu ser. Era sempre assim quando tocava.

Esquecendo-se do assunto após o final de semana que tiveram, onde Harry não conseguiria e nem poderia ter pensado em outra coisa a não ser ele e Louis ora fazendo amor e ora fodendo sem piedade, como se tivessem perdido tempo demais e agora estavam recuperando-o, Styles insistiu para que o menor tocasse piano para ele depois da escola.

Falando em escola, parecia que todos os professores estavam empenhados em relembrar seus alunos do último ano que as provas e testes para as faculdades estavam próximos, assim como a chance de conseguir bolsas de estudo, o que fez o cacheado se lembrar do piano, lembrar a possível separação para a realização de seus sonhos. E eles não poderiam se separar sem antes Harry contemplar o motivo disso.

Por isso, depois que suas aulas acabaram, e depois de muito insistir, Styles conseguiu convencê-lo a irem para sua casa para que ele assistisse o que seria seu novo conceito de arte.

Era simplesmente divino o quanto o menor parecia sentir a música em todo o seu corpo, com todos seus músculos, órgãos, veias e poros. Louis e a música se tornavam um só.

Quando Tomlinson finalizou a melodia, abrindo seus olhos devagar e girando no banco, ficando agora de costas para o piano, encontrou seu namorado com os olhos marejados, a boca levemente entreaberta, com uma expressão de quem acabou de presenciar um milagre acontecer na sua frente. E talvez tivesse sido exatamente isso.

Harry, após voltar ao mundo e constatar que a melodia não ecoava mais no ambiente, levantou-se de onde estava e foi até Louis, e sem dizer uma palavra apenas esticou a mão em sua direção, num pedido silencioso para que ele a tomasse e se levantasse, e assim Louis o fez, sendo tomado por um abraço apertado logo em seguida, pegando-o totalmente de surpresa.

- H-Hazz... – após alguns minutos e indicando que ficaram assim ao que parecia a eternidade, Tomlinson murmurou, tirando Harry de seus devaneios. O menor não sabia o que esperar, mas aquela reação com certeza o pegou de surpresa. Parecia que Styles havia saído de órbita, e por um momento ele pensou se aquilo seria bom ou ruim.

Demorando mais um pouco, o cacheado separou seus corpos, ainda segurando a cintura do menor com suas mãos e fungou, evitando que lágrimas de emoção voltassem a escorrer por seu rosto. O verde fitando o azul tão apaixonadamente e tão intensamente que Louis se sentia despido, nu, como se Harry pudesse ver sua alma através de seus olhos. E ele não podia se importar menos, afinal, Harry era dono de todo o seu ser, incluindo seu corpo, seu coração e sua alma.

- Lou... isso- isso foi tão... divino. Foi incrível. Foi como se- eu não sei, como se eu tivesse sido transportado para outro lugar, para um paraíso. Meu paraíso. – O cacheado não conseguiu encontrar palavras para descrever o que sentiu e esperava que seu olhar transmitisse o suficiente. Ele teve a certeza que sim quando assistiu nascer um sorriso tão genuíno no rosto do garoto a sua frente, aquele sorriso de rosto inteiro, que fazia seus olhos quase fecharem e as ruguinhas aparecerem.

- Obrigado. – Foi tudo o que ele conseguiu responder. Palavras não eram importantes agora.

- Não, eu que agradeço por ter me dado o privilégio de presenciar algo tão perfeito. – E também sorria genuinamente.

Os dois transferiram toda aquela emoção e a falta de palavras para beijos cheios de sentimento e significado, como se suas línguas explorando os cantos da boca um do outro pudessem unificar tudo em uma coisa só.