Set fire to the rain. Part 2

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"Even now when we're already over, I can't help myself from looking for you..."

Uma junção disforme de cores preencheu o céu infinito que anunciava o início de um novo dia. Uma aquarela animalesca rodopiou por entre o branco das nuvens tingindo o mundo de luz.

Como isso é possível?

O reflexo pálido do espelho tateou a testa enrugada e notou a ausência de uma indevida pontada de dor que sempre a acompanhava. Lauren deixou um suspiro cair de encontro ao chão e apoiou os dois braços nas extremidades da pia, descansando a cabeça e apertando os olhos.

Foi ela.

Uma semana passou desde o incidente irracional que aconteceu entre ela e sua rival. Sete dias de intermináveis perguntas, porquês sem resposta e a ausência de seus habituais fardos.

Uma curiosidade irônica:

O ato de sua inimiga esburgou suas dores.

Elas quebraram qualquer tipo de contato depois do beijo. Evitavam cruzar os mesmos corredores e quando o faziam encaravam o chão para fugir da intensidade intimidadora dos olhares.

– Divagando outra vez, irmãzinha?

Senhor, dai-me forças para não decapitá-lo!

– O que você quer, Chris?

O garoto alargou o sorriso e bagunçou os cabelos ao se espalhar na cama macia, sem permissão.

– Você não tem saído mais à noite.

– E daí?

– Sinal de que você e a sua musa devem ter brigado._ deu um sorriso triste. – O que houve?

Um jato de ar saiu dos pulmões dela. Rolou os olhos e encarou-o novamente.

– Você continua com essa história?

– Na mesma medida em que você continua negando._ deu de ombros. – O que ela fez?

Um bloco sólido de saliva colidiu de encontro ao estômago dela. Mexeu nos cabelos em visível desconforto e respirou fundo antes de perguntar.

– Lembra da Melody?

O sorriso sempre cativante que ele carregava sumiu num sopro. Seu rosto galante e juvenil se borrou em uma pintura distorcida pela amargura da lembrança.

– Não quero falar sobre isso..._ despejou áspero, levantando e indo em direção a porta.

Uma observação sobre Chris Jauregui:

Ele já foi perdidamente louco por uma pessoa, que traíra o seu amor, fazendo-o desacreditar em tudo que diz respeito a esse sentimento.

– Como era?_ fez uma barreira na saída. – Digo, estar apaixonado?

Lauren já tivera muitos relacionamentos, mas todos foram considerados carnais. Eram pessoas que lhe supriam a necessidade e depois de um tempo sumiam de sua vida, sem deixar um mínimo vestígio de saudade.

– A pior coisa do mundo!_ ditou.

– E como você sabe que está apaixonado por uma pessoa?

Ele rumou para fora do recinto detendo-se por um instante na soleira da porta para respondê-la.

– Quando você não consegue parar de pensar nela!

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Uma torre de livros estava sendo devidamente empilhada no armário do colégio. As pequenas mãos morenas descartavam alguns e preenchiam o espaço vazio em sua mochila com outros.

21™ ⏭ CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora