Love song

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"However far away, I will always love you, however long I stay, I will always love you, whatever words I say, I will always love you."

Cinzas impregnadas de branco. Sol distorcido em contornos miseráveis de dourado. Lágrimas inúteis de chuva branda. Ninguém podia negar a exatidão daquele marco histórico de sangue.

Um belo dia para morrer.

"As primogênitas da 12ª geração deverão por fim a guerra que agora se inicia. Quando a transformação estiver completa, uma deve matar a outra, quem vencer, fica com o direito de ser o ser dominante. Só assim a paz ira se restabelecer."

Era como uma música impiedosa. Uma repetição inconveniente nos tímpanos sofredores. O espelho sorriu um reflexo deformado. Braços fortes agarravam-se as bordas, buscando algum ponto de apoio.

Qualquer saída.

Uma verdade aterradora:

Não importa quantas vezes você perca uma pessoa querida, nunca aprenderá a cultuar a terrível arte de perder.

Uma de nós tem que morrer.

Pelo bem de ambos os clãs. O único meio de por um ponto final nessa guerra de gerações era a aniquilação de uma das primeiras filhas da décima segunda geração. Nasceram com o único dever de se destruir no dia em que completassem a maioridade.

15 de novembro.

– Morrer pela mão da outra.

Lauren repetiu, observando seu próprio desespero. Repassou num lapso de segundos todos os momentos que vivenciara com Camila. As pessoas têm mania de pensar no começo quando chega o fim.

Tudo. Cada toque, briga, beijo e palavras.

Um acréscimo a essas memórias:

Letras constroem palavras. Palavras modelam frases. Frases dão á luz a ideias.

Foi nessa ordem que aconteceu.

– Uma de nós._ sussurrou.

De repente ela não estava mais no escuro, vislumbrou um chumaço de esperança. O preço era alto, mas estava disposta a pagá-lo sem pestanejar. Puxou a escrivaninha e acomodou-se como pôde, o tempo era curto, mas ela o usaria para elaborar um plano que mudaria o rumo de tudo.

Rabiscou um punhado de linhas e deu início ao seu último recurso.

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O lado menos prestigiado dava vida aos últimos preparos. O clã Cabello estava reunido perto de um vale do lado sul. Shawn correu até Camila e interceptou-a antes que pudesse protestar.

– Não faça isso._ pediu. – Podemos escondê-la e ver o que os espíritos decidirão.

Houve uma mistura de cair de olhos e suspiros.

– Quer mesmo correr o risco?

A resposta era uma negação bem óbvia, mas igualmente, não queria que ela se machucasse ou pior. As chances de vitória eram mínimas para os lobos vermelhos.

– Não quero vê-la morta.

– Confie em mim.

Uma mentira para aliviar a tensão e criar uma esperança sem peso. O irmão mais velho assentiu incerto enquanto ela caminhava para o lado da avó que carregava o discurso preso nos lábios castos e a bengala sob as mãos onduladas.

– Tem certeza de que quer isso, querida?_ sibilou com um sorriso triste.

Camila olhou-a com relutância. De alguma maneira inexplicável, sua avó sabia o que estava preso em seu pensamento e consequentemente o desfecho de tudo. No fim ela seria sacrificada em prol de um bem maior.

21™ ⏭ CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora