Four.

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— Pode subir — Hyoji orientou Jeongguk após cumprimentá-lo.

O menino não sabia se estava aliviado por ter a liberdade de ir sozinho até o quarto de Taehyung ou se queria que a simpática mulher o acompanhasse. Talvez fosse melhor dessa forma. Mães, por mais que tivessem boa intenção, sempre conseguiam tornar a situação ainda mais constrangedora.

Ele seguiu pelo corredor, iluminado pela luz do sol que adentrava a enorme janela. Era uma casa realmente bonita. Os Kim deveriam ter muito dinheiro. Havia vários quadros na parede. Lindas paisagens e até uma imagem de família, com um pequeno menino que aparentava cerca de 5 anos, que Jeongguk deduziu ser Taehyung. Incomodou-lhe apenas a diferença perceptível entre os olhares. O menino de 5 anos tinha olhos brilhantes, como quem sempre sonhava, sempre alegrava o ambiente que estivesse; alguém que era feliz. O Taehyung que ele conheceu não era assim. Seu olhar parecia nublado, como se carregasse todo o peso do mundo, parecia cético, abandonara os sonhos; não parecia feliz.

Ao lado da pintura da família, havia um quadro um tanto único. Os traços infantis tentaram representar um pôr do sol com alguns elementos aleatórios inseridos como elefantes e naves espaciais. Jeongguk sorriu ao ver a caligrafia confusa que assinara "Tae".

Ele sacudiu a cabeça de volta à realidade. Não tinha muito tempo. Pôs-se a caminhar até a penúltima porta, que levava ao quarto do castanho. A porta já estava aberta e Jeongguk ficou em dúvida do que fazer. Entrou no cômodo, por fim, e parou ao olhar em direção à cama. Taehyung estava recostado à cabeceira – um avanço! – e encarava fixamente a parede à sua frente. Ele movimentava a boca e a sobrancelha de forma retorcida. Quando deu mais um passo à frente, ainda sem ser notado, percebeu que não era a parede que o mais velho encarava e, sim, um espelho. O fisioterapeuta tinha certeza de que aquele espelho não estava ali no sábado.

Taehyung parecia tentar franzir as sobrancelhas. Em seguida, relaxou. Ergueu-as, com certa dificuldade, e abaixou novamente. A próxima ação foi uma contorção dos lábios. O lado esquerdo levantou enquanto a boca estava entreaberta. Ao ver de Jeongguk, ele parecia com dor. Logo abaixou e suspirou frustrado. Quando ele voltou a repetir a primeira ação, o Jeon entendeu o que era. Controlou a risada. Agora, analisando novamente, era extremamente fofo.

Taehyung estava treinando expressões faciais.

— Taehyung? — Jeongguk chamou ao perceber que ainda estava ali parado encarando sem o consentimento do outro.

A cabeça do mais velho virou para direita a fim de olhá-lo. O moreno controlou a vontade de sorrir quando percebeu que ele não esboçou nenhum sinal de dor ao realizar a ação.

— Oi, Jo-guk! — ele parecia incrivelmente animado.

— Fiquei sabendo que você está praticando... — comentou enquanto se aproximava da cama. — Estou surpreso com o resultado.

— Sim, e-to me-lor.

Jeongguk percebeu que, realmente, a dicção do menino estava bem melhor. Era bem mais fácil de entender o que ele dizia. Retirou a mochila de suas costas para apoiá-la ao pé da cama. Sentou-se na poltrona e sentiu os olhos curiosos do outro o fitando. Sentia-se desconfortável. Não sabia o que dizer. Decidiu por iniciar com a pergunta que ecoava em sua mente desde o dia anterior.

— Taehyung, por que queria tanto que eu viesse aqui? Sua mãe parecia um tanto... Não sei explicar. Ela soou como se fosse caso de vida ou morte.

Taehyung tentou levantar os lábios em um sorriso, obtendo sucesso apenas com o lado esquerdo. Em reação, Jeongguk sorriu mostrando os dentes, o que pareceu aliviar a frustração que o mais velho transpareceu por um momento.

For Him | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora