Ten.

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Era cedo ainda. O sol preparava-se para nascer e ali estava ele novamente, em frente à enorme casa salmão. Já era tão recorrente sua presença no local que nem os cachorros vizinhos latiam mais. Tinha estado na mesma posição menos de doze horas atrás. Dessa vez, porém, a visita fora requisitada. Estava em seus planos encontrar Taehyung pela manhã, mas não quando os ponteiros do relógio nem tivessem marcado sete horas.

Tocou a campainha e aguardou. Seus dedos frios, a temperatura baixa do despontar do dia não ajudava, apertavam com força as alças da sacola que segurava. Ouviu os passos no interior da casa com clareza graças ao silêncio da rua. A porta abriu. Hyoji parecia destruída. Seu rosto apresentava salientes marcas roxas abaixo dos olhos, demonstrando que não dormira nada. Sua vestimenta aparentava ser um pijama.

— Jeongguk, ainda bem que está aqui! — ela exclamou, rapidamente cedendo espaço para que ele entrasse.

— Sinto muito por ter demorado — o menino recebeu o chamado por volta das cinco horas da manhã. — Não conseguia achar nenhuma farmácia aberta.

— Não se desculpe, querido. Você já está sendo bondoso demais por nos ajudar tanto — o tom de voz da mulher também deixava claro seu cansaço. — Ele está lá em cima.

— Só preciso de um copo d'água, por favor — pediu antes de se virar.

Jeongguk subiu as escadas de dois em dois degraus. A mochila em suas costas não parecia exercer qualquer empecilho. Os passos largos fizeram-no chegar ao final do corredor com rapidez. A porta do quarto estava aberta. A primeira imagem que avistou o fez paralisar por alguns milissegundos. Taehyung estava completamente estirado na cama, seu rosto contorcido, sua aparência cansada. Ele também possuía os mesmos indicadores da privação de sono que sua mãe. Era possível ver uma lágrima não enxugada estagnada em sua bochecha.

— Tae? — chamou com cautela conforme se aproximou.

O castanho abriu os olhos. Era impossível não se sentir atingido com a cena. Seu olhar implorava. Jeongguk se aproximou com um enorme aperto no coração. Ele afagou os cabelos do outro enquanto esperava Hyoji chegar com o que fora requisitado. Poucos segundos depois, a mulher entrou no quarto segurando o copo cheio de líquido como se fosse o bem mais precioso da Terra.

— Eu trouxe algo que pode te ajudar — explicou perante o olhar inteligível do mais velho. Remexeu nas sacolas e retirou a cartela que comprou ainda há pouco. Removeu um comprimido, consideravelmente grande, e mostrou-o para o menino. — Se você tomar isso daqui, vai melhorar. Prometo.

Taehyung assentiu de leve, concordando. Com o sinal de que teria cooperação – não que esperasse algo diferente –, pegou o copo d'água. Hyoji assistiu a tudo em silêncio. Parecia não ter mais forças para proferir som algum.

— Abra a boca — o fisioterapeuta pediu e o outro obedeceu. O comprimido foi depositado em sua língua e o copo encostou de leve em seus lábios. Jeongguk inclinou um pouco o recipiente de forma que o mais velho pudesse beber o líquido. Observou com atenção até perceber o movimento discreto do pomo de Adão, indicando que o menino engolira. — Em poucos minutos fará efeito. Você vai se sentir melhor.

Taehyung fechou os olhos. O desconforto estampado em seu rosto era nítido. Transparecia toda a dor que fluía por seu corpo. Hyoji suspirou cansada. O Jeon aproveitou para retirar o peso que carregava em suas costas e depositar sua mochila vermelha em cima da poltrona.

— Tia Hyoji, pode ir descansar. Sei o quanto está exausta. Tudo está sob controle agora, não se preocupe. Não fará bem algum que você permaneça nesse estado.

For Him | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora