Twenty-One.

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A forte chuva fora de época no fim de outubro fez Jeongguk se questionar quantas coisas em sua vida estavam sendo como a tempestade. Não fazia tanto tempo assim que conhecera o menino de cabelos acastanhados – beirando alguns meses apenas, segundo seus cálculos –, mas o mesmo fora capaz de modificar sua vida completamente. Não de um jeito ruim, obviamente. Ali, se abrigando em uma marquise na expectativa de que os céus se acalmassem, conseguia lembrar perfeitamente a sensação que tomava conta de seu corpo nas semanas que antecederam a entrada de Taehyung em sua vida.

Cansaço.

Não era qualquer cansaço, ele tinha certeza. Não era culpa do seu trabalho de meio período, nem dos inúmeros trabalhos que os professores da faculdade exigiam, muito menos das horas que passava na academia ao longo da semana. Era um cansaço por dentro. Soava meio melancólico, porém ele atribuía a um cansaço da alma. Como se seu ser estivesse padecendo aos poucos, sendo engolido pela monotonia.

Lembrava-se com perfeita clareza de seu desejo por aventura. Tinha completado seus vinte e um anos poucas semanas antes de ter seu pedido atendido. Talvez Taehyung fosse seu presente de aniversário atrasado. Que clichê. No fundo, era apenas a verdade. Se alguém o dissesse, meses antes, que sua rotina incluiria visitar quase que religiosamente a casa de uma família consideravelmente rica e que o único filho do casal seria seu paciente e, pior, que ele era ainda mais velho que si, Jeongguk com certeza deduziria que tal pessoa era louca. Ainda assim, ali estava ele nessa exata situação. E, de bônus, ainda trocava carinhos com seu paciente. Talvez ele fosse o louco, mas não conseguia se importar de fato. Por incrível que pareça – e mais cansativo que fosse –, era a primeira vez que se sentia feliz em tempos.

Um carro prata parou em frente à calçada onde estava e começou a buzinar, tirando-o de sua reflexão. A janela do motorista abaixou-se minimamente, provavelmente para evitar que as gotas de chuva adentrasse o veículo mesmo sem serem convidadas. Um rosto familiar sorria para si dali.

— Vai ficar aí sorrindo para o nada o dia inteiro? — a fala o fez perceber que estava, de fato, com um sorriso no rosto. Reprimiu-o antes de responder qualquer coisa.

— Oi, hyung — aproximou-se o máximo possível do carro sem se expor à chuva que insistia em cair. — Estou esperando a chuva diminuir um pouco.

— Entre, eu te dou uma carona — Jin abriu a porta do passageiro para ele, que se apressou em adentrar o veículo. O carro logo saiu do lugar, infiltrando-se novamente em meio ao caótico trânsito. — Só assim para te encontrar, não é? Nem parece que ainda se importa com os antigos amigos.

— Não faça drama, Jin hyung. Eu tenho andado ocupado — a desculpa já parecia até natural em seus lábios de tanto proferi-la nos últimos meses. Seus dedos inquietos estavam girando o celular.

— Não quero saber de explicações. Você precisa fazer tempo para se divertir também. Eu posso até cozinhar para você — propôs.

Jeongguk controlou a vontade de retrucar e dizer que o modo como levava sua vida era divertido para si, mas não queria magoar o mais velho. Concordou com um aceno de cabeça apenas. Sentia falta de conversar com seu hyung e, claro, da comida deliciosa que ele sabia fazer.

O carro seguia entrecortando as gotas de chuva pelo caminho e o Jeon estava perdido em seus pensamentos, lembrando-se da vez que prometera levar Taehyung para conhecer Seokjin. Talvez essa fosse uma oportunidade, era bem provável que o castanho se animasse com a ideia – se o passeio com Jimin pudesse ser levado como qualquer indicação.

O aparelho em seus dedos apitou, chamando sua atenção e arrancando-lhe um sorriso imediato.


For Him | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora