— Você sabe cozinhar? — a pergunta escapou dos lábios de Taehyung em meio ao silêncio do ambiente.
Os dois estavam deitados na cama, aninhados, assistindo (ou tentando) à televisão. Jeongguk achava um tanto incômodo permanecer apenas nessa posição a maior parte do dia, estava inquieto por estar acostumado à constante movimentação, mas queria acompanhar o mais velho. Não via a hora de poder mudar essa situação. Desejava levá-lo a novos lugares, para conhecer novas pessoas, descobrir novas atividades. Além, é claro, de ver a melhora de Taehyung.
— Um pouco... Por quê? Está com fome? — ele devolveu a pergunta.
O castanho virou o rosto para poder fitá-lo melhor. Sua cabeça estava apoiada no ombro de Jeongguk, seus dedos já cansados traçavam figuras inteligíveis no braço cor de leite. Nenhum dos dois tinha realmente noção da hora, perdidos entre cochilar e acordar com um movimento alheio ou uma cena mais barulhenta vinda do televisor. Um sorriso inocente cortou os lábios róseos de Taehyung.
— Sim. Estou morrendo de fome, na verdade. Sinto como se pudesse comer um banquete inteiro.
Jeongguk riu com a resposta sincera. Desvencilhou-se da cômoda posição e levantou da cama com certa preguiça. Esfregou os olhos para ficar mais alerta. Tateou o bolso da calça em busca de seu celular e se assustou ao perceber que já eram duas horas da manhã. Eles precisavam dormir.
— Não está com sono, Tae? Já é madrugada — argumentou. Não precisava nem de esforço para saber a resposta de sua pergunta. O menino na cama bocejava e esfregava os olhos, já inchados de sono.
— Estou com fome — foi a réplica teimosa.
O fisioterapeuta se aproximou para afagar-lhe os cabelos. Sua habilidade de ser fofo parecia não ter limites. Foi tomado por uma súbita vontade de beijar suas bochechas e o bico formado em seus lábios, mas se controlou.
— Para sua sorte, viver sozinho exigiu que eu aprendesse algo a fim de sobreviver.
As íris de Taehyung se iluminaram com a perspectiva de comida. Parecia realmente uma criança grande. Sua boca curvou em um pequeno e discreto sorriso. Sua atenção completamente voltada para o mais novo.
— Vou ver o que tem na cozinha e tentarei fazer alguma coisa. Quando eu conseguir, volto aqui, ok?
Imediatamente, Taehyung sacudiu a cabeça em reprovação. Seu sono já parecia esquecido. Sua testa estava franzida em confusão, provavelmente para com os seus pensamentos. Mirou o olhar nos próprios braços, em concentração, e em poucos segundos ergueu-os da cama. A fadiga era visível pelos membros trêmulos. Jeongguk não queria forçá-lo demais, porém não repreenderia uma ação de estímulo como essa.
— Me deixa ir com você lá para baixo, por favor? Não quero ficar aqui sozinho.
Não tinha por que negar. Seria bem menos cansativo com uma companhia, mesmo que ele não pudesse de fato ajudar. Murmurou um simples consentimento e se aproximou da cama de novo. Antes de pegá-lo no colo, entregou-lhe o seu celular com a lanterna ligada para que pudesse iluminar o caminho. Não seria capaz de carregá-lo e acender as lâmpadas ao mesmo tempo. Ergueu-no da cama devagar, com um pouco mais de dificuldade, provavelmente pelo cansaço físico.
— Acho que alguém está se alimentando bem, está até difícil de te carregar — comentou com um riso na boca. As mãos que guiavam a iluminação tremeram por um momento. A cabeça virou na direção do peito de Jeongguk, tentando se esconder.
— Acho que não preciso comer agora — Taehyung sussurrou tímido. As palavras mal se projetaram o suficiente para o outro ouvir. Repreendeu-se por não ter se explicado direito.
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For Him | taekook
RomansJeongguk está acostumado a ensinar seus pacientes: seja o novo exercício, um novo hábito ou uma nova forma de realizar os movimentos. Até que, com um caso especial, ele passa a aprender todos os dias. [concluída]