For Him | taekook

Twenty-Five.

Jeongguk estava confortabilíssimo. Mais confortável do que nunca. Seu corpo estava envolto por um calor aconchegante, sentia cada músculo seu relaxar. O pescoço envolvido pela maciez do travesseiro. Um peso familiar descansava sobre seu peito. Não conseguia lembrar a última vez que dormira tão bem. Estava tudo tão bom que ele nem era capaz de se forçar a abrir os olhos. Queria desfrutar dessa sensação maravilhosa enquanto fosse possível.

Sua mente levemente desperta já estava cedendo ao sono novamente quando um som estridente cortou o ar. Ele demorou alguns segundos para processar exatamente o que estava acontecendo. O corpo aninhado contra o seu se contraiu de forma involuntária com o barulho, o que o fez perceber que ele precisava fazer algo. Abriu os olhos relutante, mas não adiantou muita coisa já que foi recepcionado pela claridade e não conseguia distinguir nada ao seu redor. Jogou o braço livre para o lado, apalpando todas as superfícies até encontrar a origem daquilo que perturbou sua tranquilidade. Sentiu o aparelho sob seu dedo e desligou o alarme.

Sua visão já havia se acostumado com o excesso de luz que adentrava preguiçosamente por sua janela, abrindo o caminho por entre a cortina. Ainda que cada mínima parte de seu corpo quisesse ignorar esse detalhe, era segunda-feira. Toda a rotina deveria ser reiniciada. Seu olhar encontrou olhos castanhos bem abertos que o fitavam de volta. Não queria ter o acordado, mas agora já era tarde demais. Taehyung se aconchegou melhor contra seu peito, o rosto levemente inchado de sono. Definitivamente poderia se acostumar a acordar com essa visão.

Por um breve instante, seu coração pareceu apertado ao recordar o motivo pelo qual o castanho estava ali. Flashes do dia anterior invadiram sua mente. O pedido de namoro, o ataque de Dongsul, o choro incessante, a confissão feita com o beirar da noite. Era um tanto irônico como sua vida calma e pacata resolvia ter inúmeros acontecimentos em um único dia.

Na face dourada, ainda era possível ver alguns resquícios das lágrimas. Sabia que os olhinhos inchados não eram apenas pela noite de sono. Dois pensamentos lhe ocorreram simultaneamente. O mais velho agora dependia completamente de si e deveria descansar mais.

— Desculpe por isso — murmurou. O mar castanho ainda o observava atentamente. — Eu vou ligar para o hospital e dizer que não posso ir trabalhar porque estou doente.

Para si, parecia a ideia perfeita. Nunca faltou um dia sequer de trabalho, com certeza sua chefa não se incomodaria. Poderia dedicar-se em tempo integral àquela figura de aparência tão frágil que se aninhava em seu corpo. No fundo, sabia que não havia remédio para o que ele sentia, mas boas doses de chamego poderiam ajudar. Taehyung, porém, se agitou ao ouvir a frase. Afastando sua cabeça do peitoral onde repousava para poder encará-lo melhor. O fisioterapeuta sentiu a falta de contato imediatamente e suprimiu um resmungo.

— Nem pensar! Você não pode deixar suas crianças esperando, Guk.

— Tae, eu não posso deixar você sozinho aqui. E se precisar de qualquer coisa? — tentou usar seu tom mais suave. Não queria que o outro pensasse que era um fardo; pelo contrário. Queria deixar bem claro que sua decisão foi tomada porque pretendia ajudá-lo, porque queria vê-lo bem, porque queria.

— Não, você precisa ir trabalhar. Seus pacientes precisam de você. Além disso, acho que preciso de um tempo sozinho.

Pretendia retrucar que ele também era seu paciente e era a prioridade no momento, contudo o olhar alheio indicava que aquele não era um tópico aberto a discussões. Respirou fundo e se deu por vencido. Se Taehyung queria um tempo sozinho para processar todos os últimos acontecimentos, não se oporia.

Enquanto se arrumava, sua mente estava pensando em todos os detalhes. Precisava deixar comida e água por perto, teria de ajudá-lo a ir ao banheiro antes de sair, abrir as janelas da casa para que o ambiente se mantivesse arejado. Os pensamentos surgiam um atrás do outro, o Jeon podia jurar que sua cabeça explodiria. Estava tão distraído que mal notou os olhos alheios observando cada ação sua.