Nine.

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Jeongguk acordou assustado ao sentir um aperto em seu braço. Abriu os olhos e, ao invés de uma luz incômoda, deparou-se com o escuro. Conforme sua visão se acostumou com a ausência de iluminação, conseguiu distinguir um rosto próximo a si. Hyoji estava chamando-o em voz baixa. Só então se lembrou de onde estava. Logo, se pôs de pé, precisava ir embora.

— Sinto muito por ter dormido, tia Hyoji. Espero que tenha aproveitado o dia. Já estou indo embora.

Seus olhos varreram o local em busca de sua mochila. Não foi de grande ajuda, uma vez que a escuridão tomava conta de tudo. Lembrou-se de que havia deixado seus objetos no andar inferior, na sala de estar. Quase tropeçou nos próprios pés. Praguejou ao ouvir um resmungo sonolento de Taehyung. O menino estava dormindo, não podia acordá-lo por ser desastrado.

— Jeongguk — Hyoji o segurou pelo braço. — Já está tarde, plena madrugada. Não volte para casa agora, pode ser perigoso. Você pode dormir aqui. Coloquei um colchão ao lado da cama de Taehyung. Vai ser mais confortável que essa poltrona, tenho certeza.

Instintivamente, ele se remexeu para aliviar as dores pela má posição. Sua coluna reclamava de forma certeira. O moreno ia recusar o pedido, mas a senhora Kim já estava o empurrando em direção à cama improvisada. O cansaço falou mais alto. Sentia uma onda de alívio tomar conta de seu corpo. Agora que os pais de Taehyung estavam ali, parecia que um peso tinha sido tirado de seus ombros. Ele sabia que era a apreensão causada pela responsabilidade.

O colchão era fino, mas Jeongguk não ousou reclamar. Era, sem sombra de dúvidas, melhor do que a desconfortável poltrona. Repousou a cabeça no travesseiro e sentiu-se muito melhor. Hyoji se afastou e logo retornou com uma coberta nas mãos. Cobriu o menino para protegê-lo do frio da madrugada. Ele sorriu em resposta. Sentia saudades desse carinho maternal. Morar sozinho, apesar de ser bom, privava-o de afeto familiar.

— Durma bem, querido — ela desejou. Seu tom de voz, ele notou, não parecia cansado apesar de ter passado o dia inteiro fora. Ela soava extremamente feliz. Ele pensou em como Taehyung se sentiria ao ver aquilo. Já conseguia visualizar o enorme sorriso quadrado e a expressão de satisfação. Seu objetivo fora alcançado.

— Obrigado, tia Hyoji — ele balbuciou sonolento enquanto ela se afastava. — Obrigado por confiar em mim para cuidar de Taehyung.

Ela sorriu em resposta. Jeongguk travava uma batalha interna para manter os olhos abertos. A mulher se aproximou, pelo lado oposto, da cama do filho. Depositou um beijo estalado na testa do menino, murmurou um "boa noite" e se afastou.

— Não me arrependo dessa escolha, Jeongguk. Agora, vá descansar.

Com essa autorização, ele cedeu ao sono. Adormeceu contente. Embora o lembrete da responsabilidade ainda se fizesse presente, o conhecimento de que confiavam em si dava-lhe motivação.

Quando acordou novamente, dessa vez culpa do despertador, levantou num pulo. Seu celular estava no chão, provavelmente havia caído de seu bolso durante a noite. A coberta estava toda enrolada em seus pés. Leves e sutis raios solares invadiam o quarto pela janela. Apesar do tamanho do cômodo, as enormes janelas compensavam com a claridade. Tratou de desligar o barulho ensurdecedor de imediato. Infelizmente, não foi rápido o suficiente.

Taehyung abriu os olhos assustado. Encarou fixamente Jeongguk, que estava em pé ao lado da cama, e piscou algumas vezes, como se para ter certeza de que não era alucinação. Seu rosto estava um tanto inchado pela noite de sono. Seu cabelo estava levemente bagunçado. Ver a cena fez o moreno se questionar se ele também parecia tão bonito e natural ao acordar. Duvidava muito.

For Him | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora