I'm Sorry!

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Acordo mais um dia com a cabeça doendo e tremendo, como sempre, isso não é novidade. Olho para cima do criado ao lado da cama já pegando o frasco de Oxycontin¹ e Trazodona². Minhas mãos tremiam eu tremia, tudo em mim tremia. Coloco três de cada na mão já ingerindo, e deitando na cama em seguida, meu corpo começa a se acalmar, sinto meus músculos tensos relaxarem. Agora sim meu dia começa, mais um dia de merda. Escuto passos vindo e pego apressadamente os frascos dos remédios e coloco debaixo do travesseiro

— Peter querido? —da duas batidas na porta.
— Já está acordado? —da outra batida.

— S-sim May —limpo a garganta
— Estou acordado — me sento corretamente na cama pegando o celular e olhando as horas, eram exatamente oito e quinze da manhã, de domingo.

— Você está bem? — pergunta ela entrando no quarto.

— É-é estou bem tia May — digo meio nervoso jogando o cabelo para trás.
— Quer tomar café? Eu fiz o seu favorite breakfast³ — diz ela com aquele sorriso maravilhoso.

— Wheat cakes?⁴ — pergunto sorrindo de volta.

— Sim, o seu favorito, eu sei, e como sou uma tia exemplar eu vou ficar o dia... — ela para te falar olhando para os meus pés, e sigo o seu olha....

Droga! Droga! Droga! Grito mentalmente. Maldita pílula!

— May eu posso explicar! — levanto apressadamente me rendendo.
— Eu....

— Peter, não precisa dizer nada! —Ela diz alterada.

— Peter querido... — ela passa as mãos no cabelo com os olhos cheios de lágrimas e aquilo foi como uma lâmina entrando em meu coração.
— O que eu faço com você? ME DIZ?—ela grita olhando em meus olhos, e aquilo me furou mais uma vez.
— Eu já não sei o que mais eu devo fazer. — lágrimas escorriam em seu rosto. Com seu semblante derrotado, e cansado.

— Tia May... Eu... Me desculpe... — digo sem forças e também derrotado... — Eu....

— Aonde estão?— pergunta
— Me dê! —pede autoritária mais não falo nada, somente olhando para baixo.
— Peter! Eu estou falando com você! —fala dando passos pesados e apressados para perto de mim.

Me move me tirando de perto da cama, jogando cobertas no chão e tudo que tava em cima, para encontrar os medicamentos. Até que achou. Ela olha para mim, com os olhos vermelhos por conta das lágrimas.

— Não ouse comprar mais! —diz me mostrando os frascos e abaixando para pegar a pílula que estava no chão, provavelmente caiu por conta da minha tremedeira.
— Quer saber?! —Ela se move indo a minha escrivaninha pegando minha carteira abrindo pegando os cem dólares, cartões, e tudo que continha dinheiro.
— Eu realmente estava alegre, mais agora sabendo que você estava me enganando a meses isso realmente mexeu comigo. — diz saindo, mais desesperadamente me jogo no chão.

— May... só mais dois de cada, e eu paro! Só mais dois.... Por favor!... eu paro — digo chorando e ela olha pra mim derrotada.
—Por favor! —ela se vira pra porta para sair, mais antes grudo em suas pernas.  —Por favor! Eu vou parar!.... —Eu juro! —desesperado, nervoso digo, ela praticamente me empurra e sai trancando a porta por fora, e quando ela é trancada por fora só abre por fora, eu estou trancado no quarto agora... Novamente é claro.

— May! — grito entre choro.
— May!... Droga! — choro, e grito.
— Me desculpa May! Me desculpa! ME DESCULPA!  — grito por último me deitando no chão....

Pensei que meu dia ia realmente começar bem, mais precisaria pelo menos de mais dois de cada, ou mais. Ainda deitado no chão chorando, e culpado por ser uma merda, uma merda bem pesada na vida da tia May. Ela se dedicava tanto pra mim, mais eu não era grato. Caralho! Eu sempre fodo com tudo. Um jovem de 20 anos viciado. Parei a faculdade os cursos, por conta desse meu vício miserável por antidepressivos.

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