Outono
Harry não sabia como os bebês aprendiam a falar. Por que em um dia eles não falam, balbuciando tudo, fofocando como se alguém pudesse de fato entende-los, e no dia seguinte eles chegam falando "mamãe", "água", "banana" até que saibam falar tudo.
O fato era que existia um casal sentado em sua frente com um bebê. Ele voltava para casa de trem, de um pub que encontrara com a irmã e seus amigos para beber. Era um garotinho e ele ainda estava na fase de balbuciar. Ele tocava nas bochechas de um dos pais, apertando-as em suas mãos gordinhas, sorrindo, falando sem parar. O outro pai o incentivava sem parar, com uma linguagem fática, dizendo "é mesmo?" e também "não acredito! E aí?!". Era engraçado e os dois homens pareciam fascinados com aquilo.
Ele parou de olhar porque não fazia mais sentido invadir a cena familiar.
No dia seguinte, ele pegou seu carro e dirigiu até o Happy Place.
Era um momento especial, Elizabeth tinha prometido contar uma história bonita em troca de cookies de chocolate amargo e pimenta que os gerentes não autorizavam a entrada no lar de repouso.
Ele passou quarenta e cinco minutos dirigindo até o outro lado da cidade, depois mais meia hora esperando na fila e mais de uma hora inteira para o lar. Antes de realmente chegar, ele pegou um arranjo de flores amarelas na floricultura. Não eram as preferidas da mulher, mas iriam fazê-la feliz, de qualquer forma.
Ao ver o brilho no olhar da amiga, nem pareceu que ele havia acordado três horas antes na aventura de arranjar aqueles biscoitos crocantes e deliciosos e depois conseguir entrar com eles nos bolsos sem que os quebrasse ou fosse pego. Era um dos dias frios do outono - daqueles que antecedem o inverno - e, por isso, Elizabeth não tinha saído do quarto. Quando ele chegou, ela pediu que ele os colocasse no micro-ondas para que não esfriassem e levantou para passar um café.
Elizabeth Tomlinson era muito elegante, Harry pensou. Naquele dia ela usava um vestido verde água longo, um cardigã felpudo no mesmo tom e uma echarpe verde ornamentada enrolada no pescoço. Usava um conjunto de brinco e anel belíssimo que imitava esmeraldas - ela já havia assegurado que eram falsas - e usava meias quentinhas da mesma cor que sumiam embaixo do vestido.
- Como foi encontra-los? - Ela perguntou enquanto aguardava a água ferver.
- Foi uma longa jornada. - Ele admitiu. - Mas o cheiro fez parecer que vale a pena!
- E vale! - Ela virou de costas a ele assim que a chaleira apitou, terminando o processo do café.
Harry colocou a mesa - na mesa de centro da sala - com guardanapos bordados dela, um belo conjunto de chá, aqueceu os cookies rapidamente e então os colocou em uma bela travessa de vidro. Ele sentou no chão e a mulher no sofá, frente a frente.
Quando o biscoito alcançou sua boca, sequer pareceu existir dificuldade para compra-los, eles eram tão bons quanto poderiam, a pimenta aparecendo ao final, deixando um sabor adocicado em meio ao chocolate amargo.
- Então? - Ela o olhava com expectativa.
- Eles são muito bons! Muito mesmo! - Styles exclamou suspirando.
- Eu disse, eu disse! - Eles comeram em silêncio por um tempo até que ela começasse a história do dia. - Houve um tempo, logo no começo do nosso casamento, que achamos que eu não poderia gerar filhos...
Ela contava a história com tanta alegria, apesar de ter sido um momento tão triste. Mesmo na parte ruim, não havia ressentimentos em sua voz. Robert parecia ter sido um homem incrível.
- E você ainda guarda os diários?
- Sim, é claro. Eles ficam em uma daquelas caixas guardadas no armário.
- Você... você chegou a ler os de Robert depois-
- Depois de sua morte? - Ela interrompe e ele assente. - Não, não! Nosso relacionamento sempre foi muito confiável, fomos leais um ao outro por toda a vida. Não seria justo que eu lesse seu lado da história sem que ele pudesse fazer o mesmo.
Harry mordeu mais um biscoito, sem parar de olhá-la. Ele gostava de como ela ficava quando estava contando algo, como se estivesse vivendo aquela história no presente, como se fosse mais uma fofoca da última semana que uma lembrança.
Ele se perguntava se isso fazia com que ela se sentisse confortada, quentinha com aquele jeito de falar. Certamente, Harry se sentia.
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lonely roads that leads to no where | l.s. fic
FanficHarry Styles odeia seu emprego de advogado em um escritório de Londres. Louis Tomlinson é editor chefe do maior jornal do Reino Unido e Elizabeth tem muita história para contar. Por um acontecimento inesperado, o passado dela unirá seus futuros. Qua...