le voyage

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Verão

Beth já tinha visto o mar em muitos lugares pelo mundo, mas nada se comparava com o mar da costa amalfitana. Agora, ela percebia como Positano era bonita no verão - exatamente do jeito que Robert dissera. Ela não se arrependia em nada acerca daquela viagem; nada. Desde o momento em que saíram de Londres, tudo parecia uma jornada de reencontro consigo mesma. Robbie estava deitado ao seu lado, em uma espreguiçadeira, o sol já o deixando avermelhado.

Beth admirava seu marido ainda mais agora; era impressionante como Robbie sabia reagir as adversidades de maneira gentil e sábia. Ela tivera tanta sorte de tê-lo conhecido que quase não conseguia acreditar.

Antes, ela não imaginaria que cruzaria a Europa de moto. De moto! O que seu pai diria disso? Ele ficaria louco! Mas seu marido trouxera a ideia de maneira tão natural, que ficara impossível sentir medo.

Mesmo que as viagens deles nunca fossem mais longe do que a Irlanda, mesmo que eles tivessem que pegar uma balsa. Nada disso parecia importar, porque ela ainda estava em choque por não poder ter filhos e, para além disso, ela não fazia ideia de como prosseguir sabendo que não poderia formar sua própria família. A maioria das suas amigas já tinham crianças e sua irmã estava esperando a segunda. E tinha Elizabeth, que tentou e tentou e não conseguiu.

Logo ela que queria tanto.

Robert era louco por crianças; como ele reagiria quando a ficha caísse de que jamais poderia ter um fruto seu correndo pela casa? Esse era o seu maior medo; apavorava a mulher a ideia de perder seu marido porque, aparentemente, ela tinha um defeito. Mas Rob era tão maravilhoso, como sempre fora.

Tudo que ele fazia era ter paciência e respeitá-la no seu tempo. Em nenhum momento ele fugiu ou fez menção de querer. Ele era firme e resiliente, calmo e insistente, de modo que culminou naquela viagem. Ela o amava tanto que não poderia explicar; nem as estrelas eram capazes de guardar seu amor. Elizabeth não queria que ele fosse embora nunca mais.

- No que você está pensando? - O homem a olhava por baixo da aba do chapéu, a mão cobrindo a da esposa.

- Em nada específico. - Ela meneou a cabeça.

- Mesmo?

- Mesmo.

- Você estava com aquela expressão de quem está tecendo um monólogo interno muito sério e importante.

Ela sorriu.

- E desde quando eu tenho uma expressão pra isso?!

- Desde o ensino médio. - Ele deu de ombros, virando o corpo totalmente em sua direção. - Uma vez, na aula de história, o professor falou algo errado e você passou minutos com a mesma cara.

- E você estava me espionando? - Ela arqueou as sobrancelhas, com um sorriso gigante aumentando em seus lábios.

- Eu?! - Ele se fez de desentendido. - Claro que não! Só queria saber se você estava bem ou prestes a se encrencar.

- Sério Robert?! - Ela entrelaçou seus dedos.

- Claro, meu amor. Eu já sabia que ficaríamos juntos no futuro, precisava protege-la. - Ele a olhava como se ela fosse um universo todo diante de seus olhos. - Sabe o que eu percebi, no entanto?

- O que?

Ele suspirou.

- Você não precisa ser protegida. Você se protege sozinha. Você é forte.

Seu marido era assim; em alguma conversa trivial, ele falava algo muito bonito e a desarmava; ela levantou de sua preguiçosa e sentou na dele, tocando seus lábios, as abas de ambos os chapéus se empurrando até caírem.

Ele a segurou firme para perto, querendo dizer sem palavras que ela nunca fugisse dele.

Que ela o amasse para sempre, para a eternidade e tudo que viesse depois.


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lonely roads that leads to no where | l.s. ficOnde histórias criam vida. Descubra agora