l'innatendu

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Primavera

Harry estava apaixonado. Ele tinha certeza disso agora. Porque as palavras de Louis Tomlinson reverberavam em sua mente sem parar.

Eles vão gostar de você, assim que verem que eu gosto.

Se Louis gostava dele, significava que, definitivamente, eles estavam na mesma página. E Harry nunca tinha se sentido daquele jeito por ninguém. Ele está igual a um adolescente, arrepios correndo em sua espinha a cada vez que algum pequeno detalhe de Louis surge em seus pensamentos. Harry se pergunta se seus olhos brilham quando isso acontece.

Ele ainda consegue sentir o calor da mão de Louis na sua, seus dedos roçando entre os próprios. E sua cabeça funciona em um repetir constante. Apenas Louis Tomlinson sentado em uma cadeira de praia no seu jardim, entrelaçando seus dedos juntos, tomando sua mão para si, apertando-a como se quisesse mais; naquele momento, Harry estava disposto a dar mais, se ele pedisse (ainda bem que não pediu).

Agora, o toque parece fruto de seus devaneios; como se nunca tivesse acontecido no plano terreno.

Tudo que eles fizeram foi ficar lá sentados, suas mãos juntas em silêncio, ora sorrindo, ora apenas se encarando. Mesmo assim, Harry sentia seu coração palpitar e ele percebeu que o jornalista parecia estar igualmente acelerado.

Depois, Louis Tomlinson bocejou várias vezes e Styles disse que ele deveria ir porque estava tarde e ele trabalhava cedo. Eles se levantaram em silêncio, as mãos ainda uma na outra, até a porta. Antes de soltá-lo, Louis beijou o dorso de sua mão. Harry tem certeza que ficou vermelho a semana toda.

- Boa noite, Harry Styles. - Ele dissera, beijando sua mão e olhando em seus olhos.

- Boa noite, pequeno. - Ele disse porque queria se livrar do constrangimento. E porque era carinhoso também. Louis revirou os olhos.

- Até a próxima. - Ele se afastou.

- Qualquer hora? - Harry disse antes que ele entrasse no carro.

- Qualquer hora. - Louis assentiu e depois se foi.

Por causa de uma série de bombardeios e explosões ao redor do mundo, eles não puderam se ver na semana seguinte. Na verdade, eles falaram pelo telefone apenas uma vez e Harry se sentia estranho a cada noite que ia dormir sem sua ligação rotineira. Mas tudo bem, em breve, eles estariam viajando com todo o tempo do mundo para conversar.

Ele, ao contrário, estava devidamente entediado com sua vida. As papeladas nunca acabavam e pareciam todas iguais. Seus únicos momentos de felicidade eram almoçar com os amigos e jantar com a irmã ao anoitecer. Ele também terminou sua leitura, agora que tinha tempo livre antes de pegar no sono. E escrevia. Sobre tudo, mas principalmente sobre Louis.


-


Louis estava apaixonado.

O melhor é que perceber isso foi tão natural que ele inclusive verbalizou para Harry Styles.

Eles vão gostar de você, assim que verem que eu gosto.

Quando ele se ouviu falando, quis se estapear; mas então os olhos do jornalista estavam nos seus e brilhavam como esmeraldas embaixo de holofotes. Ficou óbvio que era a coisa certa a se dizer. E o toque. Suas mãos dadas pareciam a coisa mais preciosa que já havia acontecido com Tomlinson.

Ele não conseguiria explicar, mas a cada vez que pensava em Styles, nas coisas pequenas que ele sequer parecia notar (exemplo: quando ele ia comer e colocava a língua para fora, quando ele ia flertar e olhava bem no fundo dos olhos de Louis, corajoso e destemido, pronto para dizer alguma palavra a mais e Louis estaria sorrindo e embarcando na cantada, ou em como ele parecia empolgado falando de coisas que gostava), sentia um frio agradável na barriga, do tipo que gerava ondas de prazer por seu organismo.

A essa altura, não existia mais muro ou controle; ele tinha deixado Harry entrar em sua fortaleza e se fazer confortável. Na verdade, ele esperava que o garoto se sentisse assim. Pelo menos parecia estar bem até agora.

Louis gostava de pensar que eles estavam construindo algo. Antes, ele achava que era uma amizade. Agora, ele sabia que era essa paixão que corria por seus vasos sanguíneos. Será que eles estavam construindo um amor? Aí só o tempo diria. Mas Louis estava apaixonado, coisa que nunca lhe acontecera antes, e era algo novo e assustador que o fazia querer correr e gritar, e também parecia longevo e calmo como se eles fossem amigos de uma vida inteira. Como Harry conseguia fazer isso com ele? Fazê-lo sentir como se tivesse poderes? Como se tivesse escolha? Como se tivesse um coração capaz de acreditar que um amor daqueles poderia acontecer consigo?

Era assim que ele estava; por isso, pela primeira vez desde que começara, seu trabalho o irritava. Porque ele era o motivo de Louis não ter conseguido sequer falar com Harry ao telefone a semana inteira. Seu celular pessoal estava descarregado há dias e ele precisou viajar urgentemente para a Rússia no meio da semana para conseguir entrar em uma coletiva de imprensa com agentes do governo. O mundo ao seu redor estava um caos.

Então, Tomlinson lembrava de Harry Styles e tudo que ele trouxera para sua vida e aí se sentia poderoso novamente. Capaz de continuar trabalhando, pois, em breve, eles estariam colados um no outro na sua BMW preferida, pelas rodovias da Europa.

Ele mal podia esperar.


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lonely roads that leads to no where | l.s. ficOnde histórias criam vida. Descubra agora