Capítulo 24 🌌

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Corte Crepuscular

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Corte Crepuscular

Aquele não era o meu quarto, mais também, não esperava acordar nele, não hoje pelo menos

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Aquele não era o meu quarto, mais também, não esperava acordar nele, não hoje pelo menos.

    O lugar era escuro, devia ser madrugada pela posição da lua.

    Respirei fundo, sabendo da presença de outra áurea no quarto. Fogo e luz, ela estava ali, parecia adormecida, não, estava adormecida.

    Lucien estava sentado em uma poltrona não muito distante da cama onde eu estava, e dormia profundamente ali, totalmente torto, e com as pernas esticadas. Não foi difícil o vento se encarregar de o colocar em uma posição mais confortável, e não foi difícil levantar da cama. O couro negro dos assassinos não estava no meu corpo, ao invés dele, uma camisa que servia como uma camisola estava no meu corpo.

Passei a mão pelo pescoço, sentindo a familiar vontade de coçar a pele até tirar o couro com as unhas. Odiava aquilo, odiava aquelas tatuagens tão antigas quanto o mundo. E odiava ter duas delas gravadas no meu corpo, a consciência delas estarem ali, como um lembrete constante do que eu deveria fazer, e claro, eu sabia.

    E o mais rápido possível, faria isso, cumpriria a minha parte do acordo, e depois, depois eu continuaria vivendo, uma eternidade, e talvez um pouco mais.

    Talvez eu encontrasse alguém que quisesse ficar perto de mim. E talvez, eu forma-se uma família. Eu não sabia, e também, agora, não gostaria de saber.

    — Você parece pensativa. — ouvi um murmúrio, e me virei para Lucien, ele agora estava acordado, com aqueles olhos banhados a ouro virados na minha direção.

    — e você parece cansado. — murmurei de volta, e caminhei, caminhei pelo quarto, até chegar ao banheiro, onde um grande espelho repousava na parede. Lucien estava no meu encalço, mas não dei importância para isso quando desabotoei a camisa, e a deixei escorregar até a minha cintura. Ouvi ele arfar, e soltei um suspiro trêmulo.

    E lá estava ela. Como uma cobra envolvendo meu corpo, meu pescoço, as mãos invisíveis, prontas para esmagar a qualquer momento, e desciam, até muito além do pescoço, mais e mais para baixo, em arabescos e pequenos desenhos, flores, penas, chamas, e asas.

    Sim, duas enormes asas, que iam de uma clavícula a outra, abertas em cima do peito, e aquele desenho, parecia mais destacado do que os outros, como se clamasse por atenção.

    — Com quem que você fez os acordos? — Lucien perguntou, atrás de mim. Eu conseguia ver sua expressão séria, e até mesmo preocupada. — Eu vi a marca aparecer no parto, a do pescoço. Com quem você fez os acordos para salvar Feyre e as duas Bruxinhas?

    Engoli em seco, e contei.

    — Com alguém mais velho do que a própria mãe. Alguém 1ue não é desse mundo. — senti o desespero me acertar como um soco no estômago. — E eu ainda não sei como farei para cumprir com a minha parte. — sem esperar, Lucien estava ali, abraçado ao meu corpo, enquanto eu me desmanchava em lágrimas e mais lágrimas.

    Oh querida menininha burra, procure o que tem as maiores bibliotecas.

    Afinal, são nos livros que podemos encontrar as mais poderosas armas.

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