Capítulo 20 🌌

2.5K 251 17
                                    

Terras mortais

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Terras mortais.

Eu precisava falar com Key, o mais rápido possível, e sabia disso, e também sabia que ele apareceria a qualquer momento na minha casa

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Eu precisava falar com Key, o mais rápido possível, e sabia disso, e também sabia que ele apareceria a qualquer momento na minha casa. Mas eu não podia ficar ali, não por muito tempo.

    O caminho até a casa de Dulce foi complicado, a neve parecia grudar nas minhas botas, e a cada passo que dava, temia escorregar e cair. O solo estava duro e escorregadio demais, mas, mesmo assim, nada se comparava aos montes de neve que eu tive que passar por cima, e as pessoas emburradas e irritadas pelo caminho. Não tinham muitas delas a essa hora da manhã, e nem deveria ter, a neve tinha esse efeito sobre todos, as juntas congelavam, e tudo valia para ficar em casa, com a lareira acesa e cobertores grossos.

    Dulce não estava na parte da frente da casa, onde em sua maioria, ficavam os homens que tinham a sorte de serem acertados por alguma arma.

    Mas eu conseguia ouvir os gritos, altos o suficiente para acordar os vizinhos dos lados.

    Uma pausa. E mais gritos.

    Soltei um suspiro, cansada, não gostava de ver os partos, nem de cuidar de uma mulher antes de um, o pânico era garantido, junto com a dor alucinante, e as vozes gritando para soltar um pouco de poder, tirar a dor, curar, colocar em ordem.

    Desesperador.

    Pela porta, observei a mulher no meio da estreita cama, pela posição da barriga, o bebê estava atravessado, e ela estava com muito sangue a sua volta, uma hemorragia, provavelmente não sobreviveria até o dia seguinte, não sem passar por uma noite a beira da morte, e com cuidados redobrados de Dulce.

    Mas ela já estava com as forças quase esgotadas, e isso significava só uma coisa. Se ela não conseguisse dar a luz em alguns minutos, não só ela, mas o bebê também morreriam, e eu apostava que a ausência do homem do lado da cama só significava uma coisa, ela provavelmente não tinha ninguém.

     E isso era tão comum quanto os milhares de órfãos nós becos e no meio da sujeira.

    Dulce não se virou para mim quando cheguei perto da mulher, mas ela me olhou, me fitou em meio ao fôlego, e eu vi algo como esperança ali. Soltei um suspiro, e como um fio, puxei um pingo de poder, o suficiente para molhar um dedo, e o passei na testa da mulher, que arregalou os olhos na minha direção horror, aquilo era horror, e algo como medo.

    Mas passou, assim que seu rosto voltou a cor normal, assim que os olhos ganharam um novo brilho, assim ela ganhou forças.

    Apartir desse momento não demorou muito para ela dar a luz ao seu bebê, uma menininha, pequei e com os mesmos cabelos negros da mãe, saudável apesar de tudo.

    Dulce pegou minha mão, e me arrastou para fora do quarto, com o maxilar trincado, e os olhos em chamas. Eu nunca tinha feito o que fiz, não com a mulher acordada, não com Dulce do lado, e sinceramente, nem eu sabia o porquê tinha feito, talvez pena, ou burrice.

    — Você não podia ter feito aquilo! — Ela gritou, como se eu não soubesse.

    — Dulce...

    — Você é uma aberração! — nunca tinha visto Dulce tão irritada, e dizer que as suas palavras não tinham doido, era mentir para mim mesma.

    — Dulce. — ele me enviou um olhar de ódio.

    — Cale a boca! Eu quero você longe daqui. — ela soltou uma risada nasal. — eu tinha pensado que era só uma pequena diabinha, sem nada, nem nenhum poder. Mas estava enganada. Não devia ter lhe acertado na minha casa, devia ter queimado antes que aprendesse a se alimentar. — murmurou.

    Percebe pequena menininha burrinha? Percebe, como é insignificante, perigosa, um monstro?

    Dei um passo para trás, e depois outro, e outro, até sentir a parede nas minhas costas, e as lágrimas molharem meu rosto.

    Pelos deuses, pelos deuses, pelos deuses!

    Eu não, não consigo respirar, não consigo me mexer, não consigo.

    Ah!

    Pavor, pânico, era isso? Pânico de mim mesma? Pavor da minha própria existência. Era isso?

    Não, era medo, puro e líquido, porque aquele paredão indestrutível estava com uma enorme rachadura bem no meio.

    Então eu saí, deixei Dulce ali, falando tudo o que eu era ruim, sem me importar com isso. De algum jeito, tinha me acostumado, ela nunca tinha falado com palavras, mas sabia demonstrar como eu era um monstro. E eu não me importava mais.

    Entrei na minha casa sabendo o que tinha ali dentro, e Key me recebeu com um enorme sorriso.

    — Fairyzinha, espero que esteja preparada para uma longa noite. — ele falou. Assenti, e caminhei até o meu armário, de lá, peguei o arco e as flechas.

    — Sim, estou preparada para uma longa noite. Mas infelizmente para você, ela não inclui você dentro de mim.

Desde o começo eu avisei que teriam cenas que seriam difíceis para algumas pessoas

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Desde o começo eu avisei que teriam cenas que seriam difíceis para algumas pessoas.
Mas do mesmo jeito, peço desculpas para quem for sensível.
Bom dia meus moranguinhos, espero que estejam gostando dos capítulos de hoje.
Votem, comentem
E vão olhar os meus outros livros!

Witch ● ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora