Capítulo 12

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POV Ryan
   —Onde vamos essa noite?— Ouço a voz da minha namorada atrás de mim.

   —An? Quem te disse que vamos sair?— Digo confuso, porque não combinamos nada.

   —Seu irmão. Não foi isso que disse para ele?— Ela diz provocativa, sinalizando que sabe muito bem que estou mentindo e que quer ver até onde vou levar isso.

  —Seth anda muito fofoqueiro.— Digo apenas e isso parece a irritar ainda mais.

  —O que tá rolando, Ryan?

  —Vocês dois já ouviram falar em privacidade? Quando uma pessoa não quer falar algo, a gente não fica enchendo o saco.

  —Não é uma simples pessoa, é meu namorado. Ou se esqueceu disso?

  —Fique tranquila, estou lembrando muito bem.— Digo já nervoso com a insistência.

  —Você não vai sair sem mim hoje a noite. Onde pretende ir em?— Ela diz com a voz autoritária de menina mimada que é.

  —Ah, é? E quem vai me impedir? Você? E não é da sua conta onde eu vou ou deixo de ir.— Sou grosso, mas não to ligando. Marissa fica vermelha de raiva.

  —Qual é a merda do seu problema? Por quê está me tratando assim? E não, longe de mim te impedir, mas será que Sandy vai gostar de saber que você está mentindo sobre onde e com quem está?— Ela diz ácida e num tom de ameaça, e isso basta para me tirar o resto de paciência que eu estava tentando manter.

  —Isso é uma ameaça? Por acaso você vai me dedurar, Marissa? É isso mesmo? Que bela namorada que você é.— Digo no mesmo tom e vejo que ela fica ofendida e que vacila um pouco na postura.

  —Você as vezes sabe como ser um idiota completo.— Ela diz brava e respira fundo.— Quer saber? Faça o que achar melhor. Tô pouco me fodendo. Quando você voltar a ser o Ryan que eu conheço, a gente conversa. Antes disso, você pode se considerar solteiro.— E com essa sentença ela sai pisando duro e eu ignoro. No momento, essa não é uma das minhas maiores preocupações.

"Preciso de erva, me encontre na saída."

Mando mensagem para Ivan. Conheci ele pouco tempo depois de me mudar, mas nunca precisei de recorrer a isso antes. Porém, isso é um caso a parte e eu sempre ouço falar que tudo que ele vende é de muita boa qualidade, embora caro. Mas Kirsten e Sandy sempre deixam dinheiro com a gente para o lanche e para emergências, então não me preocupo com o preço.

"Ok, Atwood. Sempre que precisar, estou a disposição."

Apenas visualizo e espero ansioso para o final da aula. Eu preciso dessas ervas para me acalmar. E, assim que o sino toca, eu saio mais que depressa da sala e o encontro perto de algumas mesas vazias.

  —Tome cuidado para ninguém ver isso, Atwood.— Ele diz baixo e eu reviro os olhos.

  —Me dá logo essa droga. O que eu faço depois que saio daqui não te interessa. E, se é medo de ser pego, fique de boa que eu sei o que eu estou fazendo.— Falo seco. Esse menino me irrita, eu já to pagando e ainda tenho que ouvir isso? Por favor né.  Ele nada responde, então apenas lhe dou o dinheiro e pego a mercadoria. Depois disso, arrumo um canto bem afastado da escola e de casa e fumo o quanto quero até dar o horário de ir para casa.

POV Sandy
"Amor, volto para casa por volta das 19h, atrasei um pouco aqui. Peça comida japonesa, sabe que os meninos adoram. Me espere para conversar com Ryan."

Leio a mensagem de Kirsten enquanto saio do escritório. Finalizei os serviços mais cedo que o esperado, mas acho bom que organizo tudo em casa para poder conversar com meu filho na maior calma possível.

  —SETH, RYAN, PAPAI CHEGOU.— Grito para que meus meninos saiam do quarto e venham fazer algo junto comigo. O mais novo sai e me olha confuso.

  —O que você está fazendo aqui?

  —Bom te ver também. Cadê seu irmão? Vamos tomar um banho de piscina.— Seth me olha meio estranho. 

  —Ryan saiu com Marissa, mas não deve demorar a chegar.

  —E ele não avisou por que? Eu já não disse a ele que, se quer sair, ao menos me avise?!— Digo, mas não estou realmente bravo.

  —Ah papai, fale isso com ele na hora em que chegar.— Seth fala emburrado.

  —Ta bom, filhotinho. Vamos nós dois fazer algo então. Mas pode ligar para Ryan e falar que o quero aqui antes do jantar.— Falo sem perder o tom suave. Vejo meu filho digitar por alguns instantes e depois toda sua atenção se volta a mim.— Vou pedir comida japonesa, neném. Pegue o cardápio e escolha o que quiser.

   —Vamos ver Star Wars comigo, já que você não vai saber jogar videogame.— Ele fala com um risinho e eu acompanho. Mas a verdade é que eu não aguento mais ver Star Wars! Seth é absurdamente viciado e me faz ver junto com ele desde que era criança. E o pior: ele fica bravo se não damos a devida atenção ao filme. O problema é que eu não tenho como fugir, porque foi eu quem dei a ideia de passar um tempo junto com ele.

   —Tá muito calor, querido. Vamos nadar e, quando a mamãe chegar a gente assiste, o que acha?— Pergunto tentando parecer descontraído e não desesperado. Se Ryan e Kristen estiverem aqui, eu pelo menos consigo fugir em algumas partes do filme, mas, se eu tiver sozinho, isso se torna impossível. Pela expressão de Seth, ele está considerando o que eu falei. Amém!

   —Não gosto muito de ficar molhado...— Quase dou um infarto quando ele fala isso. Isso é, de fato, verdade, ele não gosta muito de piscina, praia e afins, a não ser que tenha companhia e bons motivos.— Mas hoje realmente está quente. Então, pode ser...— Ele diz e eu solto uma respiração longa e aliviada, que eu nem sabia que estava prendendo.

   Ficamos cerca de uma hora na água, conversando sobre assuntos banais. Até que ouvimos a porta da frente se abrir e uma cabeça loira entrar na cozinha. Reparo de longe que Ryan está buscando algo para comer, o que eu acho estranho, ele não comeu nada enquanto estava com Marissa?

  —Ry, venha aqui.— Digo alto para que ele possa me ouvir e, alguns segundos depois, ele aparece com uma cara confusa e comendo uma banana. Ryan parece relaxado, mas seu olhar não é dos mais amigáveis.

  —O que?— Ele fala um pouco grosso e isso serve para me deixar alarmado.

   —Ia te chamar para nadar, mas vejo que não está no melhor humor, mas quem sabe não queira ver um filme? Tome um banho que já estamos indo. E, filho, não coma agora, vamos pedir comida japonesa.— Digo porque sei que se ele sair comendo, vai perder a fome para o jantar.

  —Não tô muito a fim de filme. Outro dia, quem sabe.— Ele fala sem muita animação e eu apenas concordo, estou tentando entender o que está acontecendo, porque Ryan ama um tempo em família.

  —O que deu nele, hein?— Pergunto a Seth, na esperança de que meu mais novo saiba de algo.

  —Não faço ideia.
 

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