Capítulo 13

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Mais um! Espero que gostem! ❤️

POV Ryan
  A fome que a maconha dá é absurda. Chego em casa e procuro algo interessante para comer, mas vejo que Sandy e Seth estão na piscina e que eu estou em seus respectivos campos de visão. Então, não posso sair comendo igual louco, porque, teoricamente, eu estava com Marissa, logo eu deveria ter comido algo como sempre faço. Sendo assim, pego apenas uma banana e vou para área externa onde meu pai me chamou.

    —O que?— Digo seco, recebo um olhar curioso dele, mas ele nada comenta sobre o tom.

     —Ia te chamar para nadar, mas vejo que não está no melhor humor, mas quem sabe não queira ver um filme? Tome um banho que já estamos indo. E, filho, não coma agora, vamos pedir comida japonesa.— Ele fala suave e eu seguro a língua para não retrucar, porque se eu falar muito, vai dar na cara que eu ainda to chapado.

    —Não tô muito a fim de filme. Outro dia, quem sabe.— Digo simples e ele assente. Depois, vou para meu quarto e tomo um banho demorado, para tirar todo aquele cheiro e ver se a água me ajuda a levar embora a tensão.

    Assim que termino, me jogo na cama. Mas não passam nem 5 minutos e meu pai aparece na porta.

   —Filho, o que tá rolando? Você está num humor azedo.— Ele diz com a voz descontraída e brincalhona, mas eu não rio. A presença dele, no momento, me faz ter vontade de chorar. Não me sinto bem-vindo aqui. Eu quero ir embora. Para onde eu não sei, mas vou dar um jeito.

   —É impressão sua...— Digo no tom mais convincente possível, porque não quero levantar suspeitas de que sei o que está acontecendo.

   —Beleza, não quer falar tudo bem. Escolha quais peças vai querer para que eu possa pedir nosso jantar.— Obedeço e ele realiza os pedidos.—Desça em meia hora, ok?— Concordo.

   Os minutos passam voando e logo meu irmão bate na porta e me pede para descer.

    —Ry, mamãe e papai estão nos chamando para jantar.— Ele diz cuidadoso, como se estivesse com um certo receio de falar comigo. No fundo, isso me incomoda, Seth é meu melhor amigo, foi a pessoa que mais me acolheu e nunca me julgou, então ver que ele está um pouco magoado não me agrada.

   —Tudo bem...— Sigo ele escada abaixo e encontro Sandy e Kirsten já sentados a mesa nos esperando para iniciar a refeição.

   —Boa noite, querido.— O tom de voz carrega um carinho imenso, de um jeito que só minha mãe consegue fazer. Sorrio fraquinho para isso e me sento.

   —Boa noite.— Digo apenas.

   Acho que posso colocar esse jantar na lista dos mais estranhos que eu já tive. E olha que foram muitos, viu?! Quando eu morava com minha mãe biológica, eu era obrigado a conhecer seus inúmeros namorados, drogados e alcoólatras como ela. E, óbvio, que todas as refeições em conjunto eram estranhas. Enfim, hoje nós não conversamos muito, Kirsten até tentou puxar alguns assuntos, mas nada que rendesse uma conversa, de fato, interessante. Meu irmão pede pra sair da mesa assim que acaba o jantar e minha mãe permite.

   —Meu bem, eu e seu pai queremos conversar com você, será que podemos?— Estranho a pergunta, mas concordo mesmo assim.— Certo... Olha, eu sei que seu passado é algo delicado e que você não gosta muito de ficar relembrando isso, então a mamãe já pede desculpas antes de começar...— Antes de continuar ela dá um suspiro longo e cansado.— Frank Atwood veio nos procurar, eu e seu pai tentamos afastá-lo e não trazer toda essa situação até você, mas, no fim, não tivemos escolha.— Ela fala e eu sinto o ar faltar, mas me contenho. Porra.
 
    Eu me sinto fodidamente mal, eu sabia que hora ou outra essa conversa viria a tona, mas, ainda sim, não consegui me preparar o suficiente para isso. Por quê eu sempre tenho que ser um problema? 

   —O que ele quer?— Pergunto num fio de voz e meu pai toma a palavra.

  —Segundo ele, te conhecer. Ter o direito de fazer parte da sua vida.— Ele diz com um pouco de ferocidade na voz.— E, filho, por mais que eu não goste desse cara, acho que quem tem que decidir é você.— Sandy diz, mas não parece realmente acreditar no que fala. Tenho a impressão que ele gostaria de decidir isso e eu, confesso, que também queria que ele pudesse fazê-lo. Mas ele está certo, isso é uma questão que eu tenho que pensar sobre.

   Parte de mim pensa que talvez os Cohens possam estar felizes pela possibilidade de se livrarem de mim. Afinal, eu só trouxe problemas desde o dia em que passei por aquela porta.

  —Preciso pensar. Acho que vou dar uma volta e amanhã conversamos.— Falo e eles assentem.

   —Não demore, meu amor.— Kirsten fala e eu saio, pegando a mochila que havia deixado na porta de casa. Eu sei que é errado, mas eu ia fumar mais.

   Caminho pelas ruas de Newport sem rumo e acabo indo para praia. Me sento a beira mar e fumo como se não houvesse amanhã. Sem me importar com nada. Só em tragar. Eu perco a noção do tempo, não sei quanto cigarros foram. Acho que em algum momento eu dormi. E esse foi meu erro, porque eu só acordo de novo as 6 da manhã com o sol na minha cara.

   Pego meu celular e vejo várias ligações da minha mãe, meu pai, Seth, Marissa e de outras pessoas que nem me dou ao trabalho de ler o nome. Eu deveria estar desesperado, mas não hoje. Apenas sinto fome e vou procurar um local para tomar café. Depois de estar alimentado, eu resolvo que não quero voltar para casa, porque ontem eu não pensei em nada que não fosse fumar. Então, decido ir para o Chino, o antigo bairro que eu morava. Preciso pensar, por a mente no lugar e chorar um pouco, porque tenho que por algumas emoções para fora.

  POV Sandy
  —Amor, e se Ryan quiser ficar com ele? Sei lá, recuperar o tempo perdido...— Minha esposa fala em um tom choroso. Meu coração dói só de pensar nessa possibilidade, porque, se essa for a decisão do meu filho, eu não posso me opor. Essa é uma parte da vida dele, que apenas ele pode decidir. Mas, se depender de mim, eu não vou perdê-lo para um merda que o largou anos atrás.

  —Vamos ter que confiar nele, querida...— Digo sincero.

   —Eu sei... Vou tomar um banho, acha que devemos esperar Ryan chegar?— Ela diz preocupada.

   —Ah, ele já é bem grandinho e eu acredito que não vá demorar muito... Se quiser eu mando mensagem para ele reforçando que não deve demorar, o que acha?— Minha esposa assente. Então, mando uma mensagem breve para ele e espero Kirsten sair do banho.

  —Tudo certo?— Ela pergunta com certa preocupação.

   —Ele ainda não respondeu, querida. Mas vamos dar o tempo dele, se ficarmos mandando mensagem toda hora ele não vai ter tempo de pensar em nada.

   —Ok...— Dou-lhe um beijo apaixonado e Seth chega interrompendo.

   —Argh, eca!— Ele fala fazendo cara de nojo e eu reviro os olhos. Kirsten cora um pouco.

  —Ninguém manda você não bater na porta. Deu sorte que só viu isso.— Falo apenas para provocar, porque a verdade é que nunca fazemos isso sem trancar a porta. Isso porque, quando se tem filhos, você tem que tomar o máximo de cuidado possível.

   —Sandy!— Recebo um forte tapa no braço da minha esposa e uma cara de desgosto de Seth.

   —Você está querendo me traumatizar? Porque, se foi isso, você conseguiu.— Ele fala com o maior drama e eu rio.

   —O que você quer?— Digo por fim.

   —Saber de Ryan. Onde que ele tá?— Nessa hora, percebo que ainda não contei a Seth sobre a situação atual.

   —Meu amor, precisamos conversar. Sente-se aqui do lado da mamãe.— Ele obedece e, assim, contamos toda a história para ele, que ouve atentamente cada palavra.

   —Vocês acham possível Ryan ir embora?— Ele pergunta receoso.

   —Não sabemos querido...— A mãe dele fala.

   —Vocês não podem deixar! Pai, você tem que fazer alguma coisa! Ryan não pode ir embora. Não pode!—Ele fala num tom desesperado e choroso. Então, eu o abraço e minha esposa me acompanha.

  —Eu sei o que está sentindo querido. Prometo que vou fazer de tudo para que seu irmão não vá.— Digo carinhoso e continuo dando colo para ele.

   

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