Eu quero você

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"Jennie"

Observei a mesa assim que coloquei a garrafa de vinho entre os pratos já servidos com uma simples macarronada de molho branco com cogumelos, arrumei a margarida no pequeno copo e dobrei mais uma vez o guardanapo, estava lindo. Assim que me virei para dar uma última olhada no espelho, escutei três batidas leves na porta principal, apenas analisei meus cabelos ondulados na ponta e dei uma última ajustada no vestido de renda vermelho, o qual não cobria tanto as pernas assim, antes de finalmente abrir a porta, seu perfume tomou conta do meu nariz, e me deixou tonta com um pequeno sorriso nos lábios assim que a vi com uma camiseta social de mangas compridas preta, desci os meus olhos até a sua calça jeans azul marinha e a bota de cano curto que usava, meus olhos voltando ao seu rosto, seus fios pretos se camuflando em sua camiseta, sua franja alinhada se destacando contra o contraste da sua pele branca e iluminada pela luz da lua. Linda...

- Cheguei no horário certo? - perguntou me entregando outra margarida, eu sorri.

- Muito pontual você, Manoban.

- Você está deslumbrante, Jennie - seus olhos descerem dos meus até os meus pés, podia ver que ela parou em alguns pontos como meus seios e minhas pernas, aquilo me fez corar mas eu gostei da sensação das borboletas em meu estômago.

- Você está linda, Lisa.

A mulher puxou a cadeira para que eu sentasse, seu ato fazendo meu coração se derreter de uma forma intensa igualmente aos meus batimentos, Lalisa serviu o vinho em nossas taças e logo se sentou também, murmurando um longo "huuuuum" assim que viu os nossos pratos.

- Me parece bom, e o cheiro diz o mesmo.

- Espero que você goste.

A nossa conversa fluiu como sempre fazia quando estávamos sozinhas, as nossas risadas como sempre sinceras e os nossos olhares quando se encontravam eram cheios de segredos e mensagens subliminares de desejo, eu sabia, e eu sentia que era aquilo, sempre com a mesma sensação de já nos conhecermos, uma adrenalina anormal, uma vontade mais que familiar, uma vontade de ser entregar ao escuro, e os seus olhos naquele segundo estavam escuros do jeito que eu queria, ou pensava, até mesmo desejava. Ela estava aonde o meu subconsciente e eu desejávamos.

- Se eu soubesse que tudo seria tão sofisticado, traria uma sobremesa - ela comentou me ajudando a retirar os pratos - Sério, Jennie, estava muito bom!

- Não seja por isso, eu fiz uma sobremesa.

-Espera, nesse curto momento que chegamos da cidade, você, conseguiu dar banho nas gêmeas, dar a elas o jantar, colocá-las na cama, se arrumou, se bem que você ficaria linda de qualquer forma, fez o nosso jantar e ainda fez uma sobremesa!?

- É isso que acontece quando você vira mãe de duas meninas extremamente ativas e elétricas e tem que se dobrar em mil para cuidar das duas sozinha - eu ri assentindo, mas Lalisa não riu, pelo contrário, ela me pareceu triste com aquilo que falei, mas logo forçou um riso assentindo também - Você também conseguiu fazer muita coisa em meio tempo.

- Ah mas o Mingi é um só, e não é tão difícil, foi ele que escolheu a minha roupa.

- Uau, ele é um bom estilista, você ficou muito elegante com essa roupa - ela sorriu negando, e se sentando novamente assim que servi a nossa sobremesa, um doce simples, mas que era muito bom - Você por si só já é muito elegante e linda, Liz.

- Eu digo o mesmo, você não é só elegante ou linda, você é tudo o que o universo possa descrever como beleza e perfeição - minhas bochechas arderam e o meu coração bateu fortemente em meu peito quando ela segurou a minha mão - Não tem palavra certa que possa te definir, Jennie, uma palavra só não é o suficiente, você é muito mais que uma simples palavra para rotular o quão perfeita você é.

As suas palavras eram como rajadas de ventos confortáveis, me faziam sorrir, tremer, me sentir única aos seus olhos, as borboletas em meu estômago batiam suas asas descontroladamente, o suor em minhas mãos só aumentavam e o tom vermelho em meu rosto só aumentava, eu queria dizer algo fofo também, mas era como se nada seria bom o suficiente para aquele momento.

Com a taça de vinho em nossas mãos, nos sentamos no sofá, observando a pequena lareira nos aquecer ali, a chama refletia o que eu não tinha coragem, refletia o calor que eu sentia com Lalisa ao meu lado, a agitação em que o meu coração se encontrava e a queimação que brigava dentro de mim, os estalos da madeira sendo queimada era a única coisa que conseguíamos ouvir, a não ser a respiração uma da outra.

Lalisa colocou a taça na mesa um pouco mais a nossa frente e se virou levemente, eu sentia o seus olhos em mim, no meu corpo, nas minhas pernas, e quando percebi que a sua análise havia acabado, imitei o seu gesto, coloquei a taça em cima da pequena mesa e me virei para ela, seus braços pareciam mais fortes, os pequenos músculos pareciam se ressaltar ali, minhas mãos tocaram os seus ombros descendo pelo os seus braços, mas logo voltando a sua nuca assim que a mulher me puxou pela cintura, nossos rostos a centímetros de distância, sua respiração, nossa respiração misturada com o cheiro do vinho, Lalisa mordeu seu lábio levemente antes de morder o meu, o puxando com um pouco mais de força.

Assim que segurei o seu rosto, sua língua já acordava a minha, e sugava todo o sabor que ali existia, em um beijo desejoso, quente, sensual, a forma que a minha língua fugia da sua propositalmente, e o jeito que ela resmungava assim que eu fazia aquilo, perdendo o contato molhado e aquecido das nossas línguas uma na outra, me fazia sorrir enquanto girava a minha cabeça para o lado esquerdo. Lalisa segurando fortemente minha cintura, me colocou em seu colo descendo relativamente as mãos até minhas coxas. A mulher já ofegava, e aquilo me fez erguer uma sobrancelha, ok, estava quente mas não ao ponto de já ficarmos sem ar.

Ela fechou os olhos e apertou ainda mais as minhas coxas assim que me acomodei em seu colo, sentindo algo meio duro abaixo de mim, de início achei que fosse seu cinto... mas era muito grande e grosso para ser o seu cinto...

- Liz...? - chamei segurando o seu rosto e deixando mordidas em sua mandíbula - O que é isso...?

- Jennie... - meu nome saiu como um profundo suspiro, não consegui controlar o sorriso satisfeito - Você... sabe o que é uma pessoa interssexual? - pensei durante um tempo, soltando um pequeno gemido ao constatar o que era, e o que estava acontecendo.

- Você tem um...

- Sim, eu tenho... - me levantei do seu colo a puxando pela gola da camisa caminhando de costas até a porta do meu quarto, Lalisa me encarou o percurso inteiro, apenas descansando as mãos possessivamente em minhas costas - Jennie...?

- Eu quero você, Lalisa, agora.

...

1996 - Never Look Back (Segunda temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora