Concluída ✓
+Beauany| Ele disse que se,eu contasse a qualquer um ele me mataria. Acredito nele...
Any Gabrielly orfã de mãe, e filha de um violento criminoso, a garota só confia em seu aguçado instinto de sobrevivência quando se trata de cuidar de s...
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— Any, o certo é pensar que os policiais são bons.
Claro que são, penso eu.
E os pais estão lá quando precisamos deles, os professores se preocupam com você e algum dia seu príncipe encantado vai chegar.
Mas Sabina conhece todas essas mentiras, então não falo nada. À meia-luz, minha irmã está tremendo. Mais um pouco e ela se estilhaça.
— Ah, sim, geralmente são.
Mas esse não é. As palavras não ditas balançam entre nós, suspensas como luzes estroboscópicas.
Ficamos na cozinha de Ben até bem depois de Lamar sair. Tudo ao nosso redor são sombras que se desfazem nas paredes. Em meu pânico, não havia percebido que já estava quase amanhecendo.
— Por que ele estava aqui, Any?
— Já te disse. — Esfrego meus olhos até que as cores cintilem como que em pequenas explosões. — Ele quer o papai.
— Mas o papai não está aqui.
Sim, exatamente, mas e o que vem depois? Para mim, é hackear.
Ele deve saber de minhas… atividades extracurriculares. Sinto um aperto no peito só de pensar.
Não respondo a Sabina. Poderia. Para uma ocasião como essa, já tenho até uma desculpa pronta.
Na verdade, tenho muitas.
Estas são meu top três da ilha deserta, aquelas do tipo “não-posso-viver-sem”:
1) Lamar está aqui porque o papai fugiu, e ele pensa que estamos ajudando na fuga;
2) Lamar está aqui porque o papai fugiu, e nós somos a última ligação do detetive com ele;
3) Lamar está aqui porque procura qualquer pergunta sem resposta que possa solucionar mais tarde.
São todas desculpas bem amarradinhas, mas parece que não consigo escolher nenhuma delas porque existe uma pequena e insistente sensação me roendo por dentro. É bem pequena, mas tem garras e dentes.
