C̶A̶P̶I̶T̶U̶L̶O̶ 21

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Ele diz que sou linda, mas isso apenas faz com que me sinta feia

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Ele diz que sou linda, mas isso apenas faz com que me sinta feia.

Página 40 do diário de Joalin Loukamaa

Tudo bem, estamos aqui diante de muitas coisas que deveriam ser legais. A moto de Josh é rápida, mas ele também é um condutor fantástico.

O modo como voamos pelas curvas como se não houvesse gravidade, o modo como cortamos o trânsito como se nada pudesse nos deter… sim, muitas coisas que deveriam ser legais.

Ainda preciso de um farol vermelho para que os meus ombros comecem a relaxar. Ajeito-me, observando ao mesmo tempo que dois sujeitos numa minivan admiram a moto de Josh.

À esquerda, há um policial de olho em nós. Volto a olhar para os caras da minivan até que um deles me cumprimenta.

— Seus amigos? — A moto de Josh desliza à frente quando o farol muda de cor, e espero que sigamos rápido o suficiente para que ele não me escute rir.

Mas toda a alegria se desfaz assim que chegamos à porta de minha garagem.

Salto da moto e olho para Josh, sentindo-me pesada o suficiente para afundar no concreto.

— Como o Joe te encontrou?

— Ele parou ali na escola.

— Sério? — Tiro o capacete e o passo para ele. — Ele estava tentando roubar alguém?

— Não, acho que ele estava te procurando.

Eu? Droga. Passo as mãos nos braços como se fosse me dar um abraço, tentando parecer que não estou pensando em quanto isso me assusta, em quanto isso me faz pensar se Joe não veio em algum momento procurando por Sabina.

Josh me observa. Ele fica passando o capacete por entre as mãos, seus olhos enrugados.

— O irmão da minha mãe estava vindo me buscar. Ele conhece o Joe, e eles começaram a conversar. Paul, meu tio, disse a ele que eu era bom em computadores.

Uma coisa levou a outra.

— Não, uma coisa não leva a outra. — Olhei bem para ele, perdida entre a tristeza e a irritação. — Nós estamos praticando golpes em pessoas. Como um bom garoto como você pode ser pego numa fraude de cartão de crédito?

— Primeiro, não sou um garoto. — Josh salta da moto e parece ficar na defensiva. Ele bota o capacete sobre o assento e, rápido como um piscar de olhos, pega minha mão. — Depois, não sou tão legal.

Ah, claro. Porque me dar uma carona para casa em lugar de me deixar camelar foi tipo um lance canalha.

Lanço-lhe meu olhar de indiferença. Geralmente funciona para afastar os caras. Na verdade, faz os caras correrem para seus abrigos, mas nesse caso acaba surtindo o efeito oposto.

— Não sou legal — Josh repete. — Se fosse, não estaria lá e você continuaria a me evitar. — Ele espera, aguardando que eu confirme ou negue, e quando não faço nenhuma das duas coisas, ele dá de ombros. — Olhe, eu realmente preciso do dinheiro.

O fato de ele falar aquilo me faz relaxar, talvez mais do que deveria. Conheço Josh há três anos, e até este momento nunca estive à vontade com ele, mas agora que sei que ele é como eu… Deus do céu, a dra. Norcut devia ver isso!

Com o queixo, aponto para a motocicleta.

— Parece que você está indo bem.

— É do meu pai. A única coisa que ele deixou para trás quando se mudou para a Califórnia… além de mim e da minha mãe, que ainda acha que ele vai nos resgatar.Ela nem sai mais da cama, de tão afundada na porra da depressão. Perdeu o emprego porque simplesmente parou de ir, e os cupons de comida da assistência social estão acabando.

— Desculpe, não queria…

— Eu sei. Desculpe, não devia ter jogado tudo isso na sua cara. Só estou cansado. — Ele se curva um pouco, e pela primeira vez percebo as olheiras sob seus olhos e como a pele ao redor de sua boca é pálida e seca.

E apesar de tudo ele esfrega sua mão na minha como se quisesse que eu me sentisse melhor.

— Mesmo depois de tudo que Joe disse, nunca imaginei te ver sentada lá — ele disse depois de um tempo.

Dei de ombros como se não fosse grande coisa.

— A vida está cheia de surpresas.

— Ah, não brinca.

Olhamos um para o outro e nenhum de nós diz nada… e no entanto… e no entanto.

— Você devia cair fora desse negócio enquanto pode, Josh. Não é bom para você. Eu não sou boa para você. Muito obrigada pela carona para casa, mas isso não muda nada. Você devia realmente ficar longe de mim.

Tento puxar minha mão, mas ele não permite.

Se fosse qualquer outro, isso me deixaria louca, mas tudo bem, talvez eu esteja um pouco irritada demais.

Começo a sentir a tradicional travada na garganta, mas há algo mais. Alguma coisa dentro de mim que salta quando seus dedos sobem um pouco e tocam a pele do meu pulso.

Tudo que ele toca e tudo que ele tocou se acende. Sinto como se tivesse engolido o sol. A ponta dos seus dedos deixa um rastro de luz e calor na minha pele.

— Você tem certeza de que não é boa para mim? — A voz de Josh agora parece mais profunda, mais rouca, mas ele me segura como se fosse eu quem estivesse prestes a quebrar.

Talvez ele esteja certo. Josh faz com que eu me sinta engraçada… feliz e infeliz.

Será que é porque sei quem ele é?

— Tenho absoluta certeza de que não sou legal para você — repito, empurrando seu peito para me soltar, embora não precisasse fazê-lo. Ele me solta. Por um segundo, me arrependo. Minhas pernas estão tremendo. — E não acho que você seja muito bom para mim também.

Eu me apresso pela calçada, esperando ouvir seu motor ligar a qualquer segundo.

Mas não. Josh está me observando. Parte de mim quer correr, mas a outra quer ficar bem ali e dizer a ele que pare.

Estou quase fechando a porta da frente quando ele responde. Sua voz parece bastante normal.

Há um riso familiar, mas, no íntimo, parece que ele está em frangalhos:

— Acho que você está errada, Any Gabrielly. Acho que você seria ótima para mim.

 Acho que você seria ótima para mim

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Continua...

Notas finais
1/2
"i like how you are broken, broken like me" 🎶
Beauany começando...
Deixem a estrelinha pfv 💛

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