Any Gabrielly point of view
Fingir ser normal faz com que você sinta que está sangrando até a morte.
Página 48 do diário de Joalin Loukamaa
Ashley está mais uma vez cantando a música da Noviça Rebelde. Entre os versos, ela me explica que posso ter todo o tempo do mundo para pensar e que conversaremos sobre tudo durante um jantar especial de frutos do mar em São Francisco e “celebraremos nosso futuro unidas”.
Não tenho ideia do que isso significa, mas acho que tem a ver com cada mala que ela fez.
Eu deveria dizer a ela que os Savares celebram com rolinhos de chocolate e comida pedida em casa, não em restaurantes chiques com nomes que não consigo soletrar, mas fico calada. Penso que ela está tentando me convencer. Olho em torno da cozinha perfeita na vida perfeita e imagino que talvez Ashley não seja perfeita porque ela é perfeita. Ela também veste a máscara como todos os outros — eu inclusive.
Não sou a única que finge ser algo que não sou, e estranhamente a ideia faz com que eu me sinta menos solitária. Tento sorrir para ela, mas os olhos de Ashley me evitam.
Não posso culpá-la.Eu me sento na bancada de café da manhã e fico assistindo a Sabina e Ashley fazerem listas de tudo que elas necessitam até que me sinto fervendo por dentro.
Vou para o quarto e fico sozinha por talvez dois minutos até que Sabina chega.
— Você precisa de tempo para pensar?
— Sim.
— Vou para São Francisco com Ashley, e vou fazer isso com ou sem você, Any — ela avisa.
Exatamente. É isso que eu quero. Embora ainda tenha de passar os braços ao redor de mim mesma para não cair em desespero.
— Sei que a minha foto apareceu por sua causa.
Fico sem ação.
— Por quê?
— Porque é sempre você. Como antes era sempre o papai.
— Então por que você quer que eu diga alguma coisa? Por que você mentiu?
— Para proteger você, pra te dar a oportunidade de dizer sim. Eu sabia que ela queria perguntar. Eu sabia o que nós duas poderíamos ter tido. — Sabina vai à porta.
— Você está certa, Any. Tudo está acabado.
...
É a primeira vez que vejo Ashley e Ben brigando, mas Ben diz que posso ficar em casa, promete que vai me levar para passar o fim de semana. Minha mãe adotiva sai com Sabina correndo atrás dela enquanto me deito na cama e mexo o queixo para a frente e para trás até que desejo gritar.
Quando finalmente me levanto, vejo a folha de desenho presa à janela. Estou a três metros de distância, mas ainda reconheço o estilo de Josh. A garota que ele desenhou parece corajosa, mas seus olhos são tristes.
Eu me lembro por acaso da mensagem de texto: “estou a caminho”. Ele realmente estava, e me deixou o desenho para que eu soubesse.
Durante a noite, meu telefone vibrou. Por um segundo maluco, penso que é Josh e ele sabe que vi seu desenho. Sabe que estou pensando nele.
Mas não é Josh. É Joe.
encontro hj.
De novo? Não estou a fim de uma prova. Enfio o telefone no bolso, concentrada em abrir com cuidado a janela e resgatar o desenho de Josh.
Ele não desenhou uma garota qualquer. A garota sou eu.
Ele me desenhou em tinta azul e verde. Meu cabelo está solto, e eu o estou afastando do rosto com ambas as mãos. Minha expressão é de quem vê tudo como uma grande piada, como se estivesse bem e nada me assustasse.
E, sim, os olhos estão tristes, mas também… cheios de esperteza. Não há nenhuma lágrima neles, embora, neste exato momento, eu sinta as lágrimas pressionando minhas pálpebras. É assim que ele me vê?
Ele me fez como se eu fosse forte.
Ele me fez parecer bonitaOutra mensagem:
em 1h.
Faço cara feia. Está acontecendo alguma coisa. Mal tenho tempo para sair de fininho. Pego a mochila, abro um pouco mais a janela e escondo o desenho lá no fundo debaixo da cama. Foi a coisa mais linda que ganhei na vida.
Saio meio atrapalhada pela janela e desço pela árvore, depois vou caindo e parando nos arbustos até atingir o chão.
De um salto fico de pé e observo a vizinhança. Graças a Deus, ninguém. Sigo pelo caminho das bicicletas.
Quase 45 minutos depois, chego ao meu velho distrito pela trilha costumeira e simplesmente travo. Desse ângulo, consigo avistar em linha reta a rua, a casa de Joe… e os carros parados em frente.
Policiais.Meu Deus. Os policiais.
Notas finais
🦋📌 Não se esqueçam de votar no capítulo e comentar o que estão achando!!!
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FanficConcluída ✓ +Beauany| Ele disse que se,eu contasse a qualquer um ele me mataria. Acredito nele... Any Gabrielly orfã de mãe, e filha de um violento criminoso, a garota só confia em seu aguçado instinto de sobrevivência quando se trata de cuidar de s...