CAPÍTULO 46

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Não há fim para isto, você sabe.

Página 61 do diário de Joalin Loukamaa

Dez horas depois, alguma coisa toca.

Eu me viro na cama, pisco para o teto.

Por três segundos, não mais que isso, fico confusa. Então tudo se encaixa. Minha mão atravessa o criado-mudo ao lado da cama, alcança o celular.

— Alô?

— Any?

— Josh! — Eu me sento, ajeito melhor o telefone. A princípio, penso que há alguma interferência na linha, mas não é. É sua respiração ofegante. — O que foi?

— Funcionou. O Código de Pandora funcionou.

Claro que funcionou. Levanto os lençóis, pensando por que ele está parecendo tão estranho. Os comprimidos para dor de cabeça me deixam um pouco confusa e lerda. De um só golpe boto os pés no chão e me levanto.

— Any, você está me ouvindo? — A voz de Josh fica mais alta. Ele parece… assustado.

E isso me assusta.

— Sim, estou escutando. É fantástico, Josh. Eu acho… — Não ache. — Alguma coisa faz um ruído terrível no fim da frase. Escuto uma porta bater. — Não ache, apenas fuja. Corra.

— Corra? — Mas por quê? Preciso ficar aqui. Está funcionando como queríamos que funcionasse. Por que eu ferraria com tudo fugindo?

Vou à janela; procuro o sedã sem identificação de Lamar. Não está aqui. Ainda.

— Não vou a lugar nenhum. Nós o pegamos.

— Any, eu imploro. — A respiração de Josh fica descontrolada, e consigo ouvir seus tênis na calçada como se ele corresse. — Fuja daí. Instalei um spyware no computador que lhe dei. Ele me notificou assim que ele clicou na sua mensagem. O ip do computador que você infectou com o Cavalo de Troia bate com o ip da sua casa, Any. Quem quer que tenha mordido a isca está dentro da sua casa.

Olho para o computador, para minha cama, a porta aberta de meu quarto. Nada faz sentido. Não pode estar certo. Não é possível.
Calafrios fazem minha pele formigar.

— Josh, preciso ir. — E desligo enquanto Josh ainda grita. O telefone se ilumina de novo, mas ignoro e abro o laptop de Josh.
— Faça seu trabalho como se fosse qualquer outro — sussurro, esperando que o computador saia da hibernação.

Mas não é qualquer trabalho, não é? Neste exato momento, minha cabeça parece cheia de água com gás, e minhas mãos tremem.

Assim que o laptop está aberto, abro o script de comandos. Leva apenas um instante para que eu ligue a câmera remota, e desta vez acesso primeiro o som depois a imagem.

Conheço a risada antes mesmo de ver o rosto e, quando a figura aparece na minha tela, quero vomitar. Começo a gritar, e o que tenho diante de mim é o rosto de Ben olhando diretamente para a câmera e dizendo:

— Olá, Any Gabrielly.

Notas finais
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