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CAPÍTULO 36

Any Gabrielly point of view

Não posso imaginar o que seria a vida se ele não tivesse aparecido.

Página 23 do diário de Joalin Loukamaa

Estou abrindo a porta de casa quando a quarta mensagem de Josh acende no meu celular.

vc está bem?

Não, não estou, obrigada por perguntar, agora sei que você está. Josh está ótimo. Ele não voltou para dentro da casa nem tentou bancar o herói por uma garota que não o merece.

Subo ao segundo andar como se minhas pernas fossem feitas de espaguete. Ashley escuta minha entrada. Começa a chamar meu nome, e me cago de medo de ela me seguir. Ainda não inventei uma desculpa.

Não tenho uma mentira na ponta da língua. Se ela visse minha cara… Escuto os passos de alguém que chega à porta do meu quarto.

— Any?

— Sabina? — Obrigado, Senhor. Começo a chorar.

Outra mensagem de texto:

Gabrielly?

Deleto. Sabina traz gelo escondido da cozinha. Diz a Ashley que estou cansada por causa da festa de Sina e que preciso ficar deitada um tempo. Isso nos poupará algumas horas. Chegarei com uma explicação para minha boca ralada. Vou dar um jeito nela.
E mais uma:

Any Gabrielly?!

Pare de me chamar desse jeito. Pare de agir como se me conhecesse. Embora ele conheça, não? Eu me encolho no chão e tiro meus tênis com uma das mãos.

A única pessoa que realmente te conhece é Sabina, e agora as duas sabem que você não é capaz de proteger ninguém. Você não consegue proteger nem a si mesma.

Envolvo meus braços ao meu redor, e o abraço faz com que os músculos de meu ombro direito gritem.
Cinco minutos depois:

por favor me ligue.

E elas chegam, uma depois da outra. Deleto-as uma a uma, mas não importa, porque ele as envia mais e mais.

Tomo duas das pílulas da dra. Norcut e me enfio na cama. Meu telefone vibra.

Diz a tela que tenho uma nova mensagem.

estou chegando.

Fecho o celular no chão. Deixo-o enfiado numa camiseta. Venha, eu penso. Não importa. Não estou aqui de verdade, e não estarei aqui para você nunca. Não posso. Ele destrói tudo com que me preocupo. Não posso entregá-lo a ele. Não vou entregá-lo a ele.
Eu me encolho como um tatu-bola, e abafo a minha boca com um cobertor com tanta força que ninguém vai me ouvir chorar.
Isso foi o que meu pai ensinou.

Só acordo depois das duas da tarde. Meu telefone ainda está no chão, e eu o ignoro. Sigo tateando do quarto ao banheiro e mantenho as luzes apagadas para não ter de olhar para mim mesma. Mas, depois de uns poucos minutos, sei que preciso assumir a bronca.

Acendo as luzes, olho para meu reflexo.

Jesus. Chego mais perto. Agora meus olhos já não estão muito diferentes do olho machucado de Sina.

— Any?

Ashley. Aperto o ossinho de meu nariz entre o polegar e o indicador. Tenho algum tipo de sino invisível em mim? Como ela sabe que estou acordada?

— Any?

Abro a porta do banheiro.

— Já vou!

Sim, claro. Estou chegando. E o que você vai dizer quando a virem?

Encosto a cabeça contra a porta do banheiro enquanto meu cérebro repassa todas as minhas desculpas e mentiras… e não consigo chegar a nenhuma em que eles acreditem.

Exceto a verdade. Podia lhes falar sobre Joe, sobre meu pai. A polícia prenderia os dois.

E então eles me prenderão.

Talvez. Provavelmente. Ao confessar, entregaria a Lamar minha cabeça numa bandeja. Se tiver sorte, conseguirei um acordo, mas nosso pai acabaria na cadeia para sempre.

Embora ele tenha escapado da última vez.

Ele sempre escapa. Então eu ficaria presa, e Sabina, sozinha, e ele descarregaria sua raiva nela. Ele me puniria punindo-a.

E, mesmo se ele não conseguir fugir de novo, ainda haverá o homem que pegou Joalin. Ele ainda está à solta. Não consigo proteger Sabina. Não consigo proteger ninguém que amo.
Mas talvez Ashley e Ben possam.

Porque ela estaria segura com eles. É assim que deve funcionar. Pessoas como eles não têm esses problemas.

Mas Joalin também veio de uma família rica, e veja o que lhe aconteceu. Há uma forma de maldade que você não capta pois ninguém a reconhece. Sei tudo sobre ela.

— Any!

— Estou indo! — Escancaro a porta antes de encontrar uma desculpa para continuar escondendo tudo, mas ainda tenho de manter uma mão no corrimão para descer as escadas sem que meus joelhos falseiem.

Mal chego ao fim da escada quando vejo Sabina subindo. Alguma coisa está errada.

Bem errada. Ela está pálida. Seus olhos encontram os meus.

— Bina, o que foi?

— Ashley — Sabina sussurra. Ela está perto o suficiente para que eu veja que está tremendo. — Ela quer falar com você sobre uma foto que está no Facebook de Joalin Loukamaa.

Notas finais
🦋📌 Não se esqueçam de votar no capítulo e comentar o que estão achando!!!