Se eu fizer isso, o que acontecerá comigo depois?
Página 82 do diário de Joalin Loukamaa
Lamar. Preciso achar Lamar. E como se eu tivesse dito essas palavras em voz alta, escuto o detetive gritar meu nome.
— Any Gabrielly! — Alguma coisa bate na porta dos fundos. — Any Gabrielly!
Meus pés não se movem. Não consigo tirar os olhos de Ben.
Mas ele não se mexe. Desço vagarosamente a escada, saltando por cima do seu peito, e fujo.Como na primeira noite, Lamar está do outro lado da porta. Desta vez, a manopla do revólver está à mostra, pronta para quebrar o vidro. Quando ele me vê, suas mãos caem e seu rosto se vira para o outro lado para falar alguma coisa ao rádio fixado em seu ombro.
Meus dedos estão cheios de sangue. Não funcionam direito, então levo um ou dois segundos com as fechaduras. Se tivesse tentado escapar dessa forma, Ben certamente me pegaria.
A tranca se abre, e não tenho tempo de alcançar o trinco antes de Lamar abrir caminho para dentro da cozinha. Ele olha para mim e mais uma vez fala ao rádio.
— Preciso de uma ambulância. Agora! — Lamar tenta me envolver em seu braço. — Ele pegou você também? Any Gabrielly, o que está acontecendo?
Ele me pegou também? Não entendo. Ben me pegou como pegou Joalin?
Lamar me dá um leve chacoalhão.
— O que aconteceu?
O detetive me arrasta pelos degraus da porta da cozinha, enviando mais ordens pelo rádio.
— Any Gabrielly, preciso que você venha comigo. Preciso que você me diga o que aconteceu.
— Ele me atacou. — Minha voz soa muito aguda. Limpo a garganta, mas ela continua a mesma. — Eu lutei com ele.
Lamar pergunta duramente:
— Ele está aqui?
Respondo que sim.
— Na casa?
Confirmo mais uma vez. Algo do terror de Lamar está me invadindo. Os pelos dos meus braços estão eriçados e eu sei, sem sombra de dúvida, que há algo de muito errado por aqui.
O detetive puxa mais uma vez a arma, tenta me trazer para trás de si. Não permito.— Ele disse alguma coisa sobre o que fez com Sabina?
Sabina!
— Do que você está falando? — Lamar começa a ir para trás, e me agarro com as duas mãos à sua camisa. — Sabina está com Ashley. Elas estão indo pra São Francisco. Ela está bem.
Os olhos de Lamar se fecham.
— Any Gabrielly, elas nunca tomaram o avião. Ele as pegou em Atlanta. Ashley ficou amarrada por quase 24 horas no hotel, e nós não conseguimos encontrar Sabina.
Lamar tenta se soltar das minhas mãos.
— Preciso entrar, Any Gabrielly, e quero que você fique aqui.
Ficar aqui? Como ficar aqui? Encaro Lamar, mas meu cérebro está todo ocupado por Ben. Vou matá-lo de novo. Vou fazê-lo em pedaços. Minha irmã!
Sabina!
Empurro o peito de Lamar com tanta força que ele quase cai.
— Any Gabrielly!
— Ele está aqui! — Corro pela casa. Lamar tenta me deter, mas consigo me desvencilhar. Ele realmente acha que pode me pegar depois do que acabo de passar?
— Por aqui! — Atravessamos a cozinha, chegamos ao corredor. —
Ele… Sumiu. Ben se foi.
Vinte minutos depois, há mais de trinta policiais no gramado da frente de nossa casa, e nenhum deles me diz nada sobre Sabina e o que aconteceu. Na verdade, as únicas pessoas que conversam comigo são os médicos da emergência, mas todos eles querem falar sobre como minha ida ao hospital é importante.
— Pode me soltar? — Falo para o grandão entre dentes. Então nós lutamos e ele me deixa sair, provavelmente porque não quer machucar meu braço ainda mais.
O sangrento pesado do corte cessou, mas a bandagem que eles puseram já está cheia de sangue. O saco de gelo que estou segurando contra o machucado está fazendo muito pouco para controlar o fluxo. Precisarei de pontos e antibióticos, mas quero minha irmã primeiro.
Para onde Ben deve tê-la levado?
É difícil pensar com tudo que acontece ao nosso redor. O gramado da frente está uma loucura. Todo mundo corre de um lado para o outro. Esfrego a mão na testa e tento fazer meu cérebro funcionar.
Ben não poderia ter ido tão longe. Ele está machucado e não teve tempo suficiente. Ele também está com Sabina, e por estar com Sabina ele precisa de algum lugar tranquilo, livre de possíveis intromissões… conveniente.
Lamar está pensando que Ben poderia fugir, mas esse não é o modo como meu pai adotivo faz as coisas. Ele se escondeu aos olhos dos outros por anos. Ele sabe mais sobre se entocar que sobre escapar. O escritório da companhia fica em Atlanta. Deve estar deserto a esta hora. Há também sua casa do lago — mas essa é longe demais… há também a igreja.
— Detetive! — Desvio da cadeira de rodas e ignoro o pedido do médico da emergência. Lamar está andando com pressa pelo gramado, e não quero perdê-lo.
É minha chance, e a de Sabina. Não posso ferrar com tudo. — Detetive Lamar!
— Agora não, Any Gabrielly. A sra. Callaway logo estará aqui.
— Mas… — Agora não! — Ele mergulha num grupo fechado de policiais, deixando-me do lado de fora. Eles falam baixo entre si e então, como um bando de líderes de torcida, marcham para dentro da casa.
— Ele já deve estar na estrada, rapazes — Lamar grita. — Quero os bloqueios de estrada para ontem. Quero a foto de Sabina em todos os canais de televisão.
Ele deve estar com uma vantagem de vinte minutos em relação a nós. Se não corrermos atrás do tempo perdido, ele logo estará cruzando a fronteira do estado.
— A não ser que ele não tenha ido embora! — eu grito, e espero por Lamar, ou por qualquer um deles, se virar. Ele tem zero ideia de onde Sabina esteja.
Mas eu sei.Furiosa, embrenho-me entre eles, pronta a lançar meu saco de gelo no meio do pátio. E é quando o vejo. O carro de Lamar. Com as luzes ainda acesas e o motor funcionando.
Bingo.— Não sem mim.
Josh chega tão silenciosamente por trás de mim que nem sequer o escuto até que sua respiração faz minha nuca derreter.
Talvez porque, no fundo, eu o estivesse esperando.
Eu me viro, olho para ele.— Ah, é?
— Não sem mim — Josh repete. Não consigo ver claramente sua expressão, mas mais uma vez não preciso. Posso entender tudo que ele quer dizer pelo seu tom de voz.
— Já posso dizer o que te passa pela cabeça, Any e você não vai fazer isso sem mim.
Normalmente eu teria algo a dizer sobre a postura de Josh. Ele é atrevido e irritante, e o modo como avança para mais perto faz com que minhas mãos se fechem em punhos.
— Não sem você — concordo.
Vamos para o carro. Ninguém percebe.
Notas finais
🦋📌 Não se esqueçam de votar no capítulo e comentar o que estão achando!!!
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FanfictionConcluída ✓ +Beauany| Ele disse que se,eu contasse a qualquer um ele me mataria. Acredito nele... Any Gabrielly orfã de mãe, e filha de um violento criminoso, a garota só confia em seu aguçado instinto de sobrevivência quando se trata de cuidar de s...