Escolheste: Salvar-te primeiro.
Eu sei que pode parecer meio egoísta a ideia, mas acho que me sentiria mais confortável em me salvar primeiro. Claro que eu não deixaria Cromo aqui, de maneira alguma! Ele é o meu melhor amigo, e sei que ambos ficaremos bem, se eu ficar bem.
Para conseguir ter sucesso nesta missão, tenho de ser rápido e eficaz. Para além disso, tenho de me focar. A minha segurança e a do meu melhor amigo depende exclusivamente dos meus poderes sobrenaturais.
Partindo para a ação, consigo tomar o controle das lianas que empurraram Arsénio antes, virando-as de forma a libertarem os meus pulsos, que já se encontravam feridos, devido ao quão apertadas eram aquelas algemas. Arsénio parece meio zonzo ainda, e, ao me levantar, ajudo Cromo logo de seguida, que me devolve um sorriso em agradecimento.
O meu melhor amigo agarra-me pelo braço, com o intuito de corrermos juntos para fugir dali. No entanto, quando passamos pela porta automática, esta abre-se logo para deixar passar Cromo, mas fecha-se repentinamente quando é a minha vez, deixando-me esbarrar contra ela. Confuso e tentando não entrar em pânico, eu bato com toda a minha força naquela porta maldita, para ver se ao menos Cromo consegue abri-la.
-Agora és meu! - Arsénio diz, já meio tresloucado, ao se levantar. Aproxima-se de mim, e eu sei que ele está à minha trás, então eu viro-me. O meu núcleo palpita de ansiedade, não quero ficar para trás. O que é que eu faço?
O traidor aproxima-se demasiado, e quando já se encontra perto, eu decido usar as lianas que ainda se encontram ali, magicamente, contra ele. Focando-me solenemente e conectando-me com elas, consigo com que prendam os braços e pernas de Arsénio, para que este não dê nem mais um passo na minha direção.
Ele olha para mim com um sorriso intimidante na cara e eu estou terrificado. Como pode ser ele tão...?
-Vês, tens tantas capacidades, por quê desperdiça-las? Podíamos aproveitar juntos, e íamos tornar-nos tão poderosos... Níquel, não sou eu o teu inimigo, acredita. - ele declara, e eu sinto-o a se debater contra as lianas. Tenho de puxar com mais força se eu quiser que ele se mantenha no lugar. Não sei se aguento muito mais tempo.
- Meu amigo de certeza que não és... - sussurro devagar, quase sem forças para suportar toda aquela situação. No instante em que sinto as mesmas se esvaziarem dos meus braços, a porta à minha trás abre-se, e eu deixo-me cair para trás, correndo ao lado de Cromo, como nunca corri antes na minha vida.
À medida que fujo daquele sombrio e repugnante lugar, sinto uma espécie de energias a puxar-me para trás, mas ignoro-as com tudo o que tenho, para prosseguir com a minha fuga. Tenho de seguir Cromo, aconteça o que acontecer, sem nunca olhar para trás...
Tudo isto dói tanto, mas é necessário.
//Quebra de tempo//
Eu finalmente estou em casa, no meu lugar, o único em que posso dizer minimamente que me sinto a salvo... O meu corpo repousa nos macios edredões, mas a minha mente continua ao rubro, com mil pensamentos por segundo. Ainda estou nervoso, como se não conseguisse digerir, de todo, toda a situação: a minha respiração ainda não acalmou e muito menos o batimento do meu aflito núcleo...
Ainda não acredito, como é que o Arsénio pôde fazer isto comigo? E porquê?!!! EU dei-lhe a minha confiança e ele destroçou-a como se não fosse nada... Não tenho forças sequer para me mover, de tão esgotado que estou fisicamente e psicologicamente... Nem mesmo quando oiço alguém tocar à campainha. Quem é que será, a uma hora destas?
Seja lá quem for que tocou, não desiste, insistindo mais duas ou três vezes. A minha mãe grita da cozinha para eu ir abrir, mas eu nem lhe consigo responder. Simplesmente rebolo para me virar e ver que tenho uma mensagem de Cromo a perguntar como é que eu estou. Embora não tenha coragem de lhe responder, eu me questiono de como é que ele também está a reagir a esta situação. No entanto, não deve ser ele que está a tocar à campainha, então eu viro-me novamente, retomando à posição inicial. Suspiro.
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A Ciência Aproximou-nos [2]
Ficção GeralEm continuação do primeiro volume, nesta nova jornada continuaremos a acompanhar Níquel durante a sua jornada de auto-descobrimento e aceitação, assim bem como a sua consciência e aprendizagem acerca do meio e daqueles que o rodeiam. Neste livro, Ní...