O velho Sasuke

1.8K 206 110
                                    

                                                                                           Sakura

Um guarda abriu a cela e nos mandou sair. Eu achava que já tínhamos chegado, mas estávamos parados em frente a uma pequena pousada.

- Vamos parar aqui hoje e amanhã seguiremos a viagem – avisou o guarda. – Yra e Kyu vão cuidar de vocês.

O guarda apontou para outros dois guardas: Yra era alto e esguio, Kyu, mais baixo e com uma barriguinha discreta surgindo sob a farda. Os dois puxaram Sasuke de qualquer jeito, guiando-o com violência pelo caminho até nosso quarto. Subimos uma escada de madeira, meio precária, e fomos colocados no quarto 12. Kyu tirou a chave da porta e guardou em seu bolso.

- A pousada está sob nosso poder até amanhã, então não há outros hóspedes – disse. – Nem pensem em fugir ou arrumar problemas, pois estaremos logo aqui fora, ouvindo e vigiando tudo o que disserem e fizerem.

Ele bateu a porta com força, fazendo as paredes tremerem.

Olhei ao redor, analisando o pequeno quarto onde estávamos. Haviam três camas montadas no chão, com um travesseiro pequeno sobre cada. A janela, que daria para a frente da pousada, estava fechada e coberta por uma cortina pesada. Sob o tecido, os vidros tinham sido pintados de preto, para que não víssemos o exterior.

Havia apenas mais uma porta, além da que dava para o corredor, e era a do banheiro. Lá dentro havia uma banheira, uma latrina e uma pia, mas nada de espelho ou armários. Eles não tinham deixado nada que pudéssemos usar a nosso favor em uma luta.

No quarto, em frente às camas, um pequeno gaveteiro continha lençóis finos e, sobre ele, uma bandeja com algumas frutas e uma garrafa d'água. Não iriam nos matar de fome, pelo menos.

- Precisamos dar um banho nele – eu disse a Naruto, referindo-me a Sasuke.

Ele fechou a cara, fazendo uma expressão de nojo.

- Eu não quero ver o Uchiha peladão – Naruto colocou a língua para fora e o dedo sobre ela, fingindo forçar ânsia de vômito.

Revirei os olhos diante da infantilidade dele.

- Pelo menos me ajude a coloca-lo na banheira.

Naruto hesitou, mas deu-se por vencido no fim das contas. Ele sabia que Sasuke não podia continuar coberto em placas grossas de sangue seco daquele jeito. Juntos, tiramos a túnica que cobria o corpo de Sasuke e o erguemos, levando-o até o banheiro. Eu abri a torneira e regulei a temperatura de água.

- Acho que posso me virar sozinha agora – eu disse a Naruto.

- Tem certeza?

Assenti e Naruto saiu do banheiro, fechando a porta atrás de si.

Sasuke teve outro pico de consciência enquanto esperávamos a banheira encher. Seus olhos abriram lentamente, ele moveu os braços como se tentasse sentir o próprio corpo, ver se ainda tinha todos os membros.

- Onde estamos? – perguntou, sua voz saindo rouca.

- Em uma pousada no meio do nada.

A banheira estava quase cheia o suficiente para Sasuke entrar, então aproveitei que ele estava acordado para facilitar meu trabalho.

- Venha, vou te ajudar a entrar na banheira – Ofereci meu ombro e ele passou um braço sobre meu pescoço, usando-me como apoio para entrar na água.

Ele soltou um suspiro quando se acomodou. A torneira ainda estava aberta e água morna caía sobre seu rosto, limpando as marcas de sangue e areia. Ao redor dele, tudo começava a ficar vermelho, como se eu tivesse soltado um pincel de tinta sujo na banheira.

O Único JeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora