Sakura
Depois de horas falando sobre Sasuke e seu clã, seu irmão, o sharingan e o plano de vingança, eu estava exausta. Akira ouvia em silêncio, raramente me interrompendo para fazer uma pergunta ou esclarecer uma dúvida. Já devia passar da uma da manhã quando eu finalmente terminei de falar tudo o que sabia e ele se deu por satisfeito com as informações que eu lhe fornecera.
O general me ofereceu uma sopa de legumes, que estava quente, mas sem sal, e me deixou sozinha na pequena sala. Enquanto comia, eu pensava sobre o que acabara de fazer. Será que Sasuke me odiaria se soubesse o que tinha acontecido? Será que eu tinha escolhido o melhor caminho?
Quando terminei de comer, fiquei sentada, esperando que algo acontecesse. Yra entrou pela porta pouco tempo depois e me levou até o lado de fora, onde a cavalaria agora estava completa. As duas celas estavam lado a lado, uma com a porta aberta, me aguardando.
Soltei um suspiro aliviado quando entrei na carroça e vi Sasuke e Naruto juntos, sentados no chão. Yra fechou a cela atrás de mim e Naruto correu até mim, envolvendo-me em um abraço.
- Eu fiquei tão preocupado com você – Seu tom de alívio acalmou meu coração.
Eles estavam bem e estávamos juntos agora. Naruto me soltou e sentamos no chão, formando um pequeno círculo.
- Onde você estava? – perguntou Sasuke.
- Em uma casa, com o general Akira.
Os dois me olhavam atentamente, curiosos e preocupados com o que acontecera na casa.
- Ele me ofereceu um chá e me perguntou sobre como eu... Engravidei – A última palavra saiu baixa, falhada, minha voz tímida.
Os meninos arregalaram os olhos, quase desesperados.
- O que você disse? – Sasuke quis saber.
Dei de ombros.
- A verdade – respondi, levantando os olhos em direção à janela da cela.
Os dois entenderam que eu não podia falar muita coisa, pois poderíamos estar sendo ouvidos. Sasuke assentiu e Naruto segurou minha mão, reconfortando-me.
- Deve ter sido desagradável – ele supôs.
Assenti.
- Não foi a conversa mais legal que eu já tive na vida.
A carroça começou a sacudir, indicando que estávamos em movimento. Naruto se ajeitou num canto da cela, cobrindo-se com seu lençol. Em poucos minutos, estava dormindo. Sasuke e eu ficamos sentados lado a lado, observando o nada. Depois de uma hora em silêncio, ele perguntou:
- Está melhor? – Seus olhos miraram meu ventre, indicando que ele perguntava se a planta havia funcionado.
Assenti, tranquilizando-o.
Eu queria contar a Sasuke tudo o que tinha acontecido naquela casa, mas tinha medo. Medo de sua reação, medo que os Itami estivessem ouvindo, medo das consequências. Era uma sensação horrível, como se eu o estivesse traindo. Eu odiava me sentir assim, fraca e ruim, uma péssima colega de equipe, mas tinha feito uma escolha difícil. Além do mais, não sabia se Akira se conformaria caso eu me negasse a falar sobre o clã Uchiha. Provavelmente tinha sido a melhor escolha (pelo menos era o que eu tentava dizer para mim mesma).
Depois de um tempo, o meu cansaço me venceu e eu me rendi ao sono, dormindo encolhida. Sonhei que tinha mesmo um filho com Sasuke e que nós o levávamos para o primeiro dia de aula na academia ninja. Acordei serena, ainda vivendo a sensação que o sono me trouxera.
Kyu abriu a cela, deixando entrar a luz do sol. Estávamos parados em frente a uma enorme casa, que mais parecia um forte militar. Nós descemos da carroça, pisando no chão de areia fina do quintal. A residência tinha três andares, pilares brancos perfeitamente esculpidos, grandes janelas banhadas de dourado. Ao redor, havia um emaranhado de árvores bem podadas: um labirinto. Bem distante, na direção do horizonte, muros altos de pedra cinza.
- Chegamos – Sasuke anunciou, sua voz baixa e contida.
- Como assim "chegamos"? – Naruto indagou. – Você disse que teríamos que viajar por uma semana.
Sasuke assentiu, parecendo tão confuso quanto Naruto. Não houve mais tempo para conversas. Kyu algemou Sasuke, levando-o na nossa frente para dentro da casa. Yra nos guiou mais delicadamente, permitindo que andássemos mais devagar.
As portas principais se abriam em um grande salão, com pé direito altíssimo, teto pintado à mão. Kyu carregou Sasuke escada acima, e nós os seguimos, com Yra em nossos flancos. Caminhamos por um longo corredor, que parecia nunca ter fim. De um lado, uma série de janelas, cobertas por longas cortinas brancas. Do outro, portas, todas iguais, com maçanetas douradas. No final do corredor, havia uma porta, que nos levava a outro corredor. Este era escuro, sem janelas, as paredes eram cinza. Kyu carregou Sasuke até o fim deste corredor, onde havia uma escada e os dois sumiram, descendo para outra parte da casa. Yra, por sua vez, abriu uma porta e me mandou entrar. Era um pequeno quarto, com uma cama arrumada e um banheiro minúsculo, mas limpo e organizado. O guarda me deixou ali e saiu, levando Naruto consigo.
Eu fiquei encarando a porta do quarto, confusa e preocupada. Aonde os outros dois meninos estariam? Será que eu ficaria sozinha por muito tempo? Akira ia cumprir com sua promessa de me deixar ver Sasuke uma vez por dia?
Sentei-me na cama, abraçando os joelhos contra o peito. Só podia mesmo aguardar.
Sasuke
Kyu, aquele guarda baixinho e gordo que eu adoraria cortar no meio, me levou escada abaixo, até a cela onde eu ficara quando estivera preso aqui uma semana atrás, antes de ser levado a Konoha. Lá embaixo era úmido e frio, como o interior de uma caverna. A cela era grande, rodeada de grades por três lados, e o fundo era a parede de pedra gelada. Do lado de fora da cela, havia uma cadeira, onde um guarda normalmente ficava sentado, me observando.
Fui jogado dentro da cela e trancado lá dentro. Tinha apenas uma esteira para que eu usasse com cama e um rio corrente, raso, passava contra a parede. Era ali que poderia tomar banhos e beber água.
Antes que eu pudesse me acomodar, Akira desceu as escadas, parando em frente a mim, do outro lado da grade.
- O bom filho à casa torna – Ele riu.
Ignorei seu comentário, olhando-o nos olhos.
- Sabe, Sasuke, você era uma incógnita para nós – Akira andava de um lado para o outro, como sempre fazia em seus monólogos. – Mas depois de uma conversa com sua querida Sakura, sinto-me mais informado.
Eu sabia! Ele tinha forçado Sakura a lhe dizer alguma coisa. Ela estava estranha no fim da viagem, com uma expressão de desconforto ao meu redor.
- O que você fez com ela? – rosnei.
- Fique tranquilo, ela está segura e sendo muito bem cuidada – Ele seguia caminhando pra lá e pra cá, como um sino de igreja marcando o meio dia. – Mas ela me contou coisas muito interessantes, sabia?
Aguardei em silêncio. Akira só podia usar contra mim aquilo que eu falasse, então eu ficava quieto, dando-lhe o mínimo possível.
- Eu sei o que você quer – Seus olhos me encontraram de forma assustadora.
Ele parecia pronto para me atacar com seu kekkei genkai. Senti meus músculos tensionarem, preparados para a dor, mas Akira não agiu. Ficou apenas me olhando, fazendo uma tortura psicológica muito efetiva.
- Eu sei por que você invadiu nossa vila e o que estava buscando – Sua voz soava satisfeita. – E eu posso te dar o que você deseja... Com uma condição, é claro.
Akira devia achar que eu era estúpido. Ele sabia das minhas intenções e eu também sabia das dele. Mas eu não estava disposto a jogar esse jogo. Ou sairia dessa prisão com meu objetivo alcançado, ou sairia morto. Não havia meio termo.
- Eu não estou disposto a negociar com você – declarei, erguendo a cabeça.
O general abriu um sorriso malicioso e seguiu seu caminho em direção à escada, parando apenas para falar, em tom de ameaça:
- Tenho certeza de que consigo te fazer mudar de ideia.
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O Único Jeito
FanficSakura é a única esperança para livrar Sasuke de uma sentença de morte. Para salvar o grande amor de sua vida, ela vai precisar fazer o impossível acontecer.