O Único Jeito

O último verão

Sakura

Dois meses atrás

Era bom ter Naruto de volta a Konoha. Apesar de sua personalidade agitada e exasperada, ele fazia falta. Agora que voltara de seu período de treinamento com Jiraya, estava diferente. Bem mais alto, mais musculoso, a voz mais grave. Quando nos encontrávamos muito cedo para alguma reunião com Tsunade, ele comumente estava com a barba por fazer e arranhava meu rosto quando me dava um beijo de bom dia.

Estávamos a caminho da floresta que ladeava Konoha, para montar acampamento. Um senhor feudal viria de viagem de outra cidade e várias duplas de ninjas ficariam de guarda desde a noite anterior, para garantir a segurança da comitiva. Não era uma missão animadora nem muito perigosa: dificilmente encontraríamos inimigos, no máximo saqueadores baratos, fáceis de neutralizar.

Arrumamos nossa tenda, que era grande o suficiente para caber os dois, e iniciamos uma fogueira para cozinhar o jantar. Estávamos acampando perto de um lago, então Naruto pescou um peixe para cada um de nós. Eu tinha levado alguns temperos na mala e busquei cogumelos e algumas cenouras nos arredores. Enquanto o peixe cozinhava, exalando um delicioso aroma, Naruto e eu ficamos sentados ao redor da fogueira, nos aquecendo e observando a noite.

- Acho que nunca vi um céu tão estrelado – admitiu ele, apoiando as mãos atrás do corpo e jogando a cabeça para trás, para observar o céu.

- Está realmente lindo – respondi.

Era uma noite do fim do verão, o vento começava a ficar gelado, anunciando o início do outono. O céu estava limpo, sem anúncios de chuva, a lua brilhava bem acima de nós, majestosa.

- Como foi ficar em Konoha sem mim, Sakura? – perguntou Naruto. Ele ainda fitava o céu, mas desviava o olhar discretamente para mim às vezes.

- Foi... Estranho – admiti. – Silencioso demais.

Nós dois rimos.

- Eu não gosto muito de silêncio – ele disse, mas isso era óbvio para qualquer pessoa que convivesse com ele.

O peixe ficou pronto e nós comemos, saboreando o alimento fresco delicioso. Depois do jantar, apagamos a fogueira e guardamos nossas coisas em nossas mochilas. Apesar de já passar das dez, eu não sentia vontade de dormir. Sob aquele céu estrelado, banhada pela lua, só queria continuar acordada, admirando a beleza daquele momento.

Naruto também não parecia estar interessado em deitar e levantou, caminhando até o lago. Parou na borda, onde a água fazia minúsculas ondas, empurrada pelo vento. Sem falar nada, tirou a camisa e a calça e entrou na água, dando um mergulho entusiasmado.

- Você quer pegar uma gripe? – gritei para ele, que estava distante de mim agora.

Ele jogou água para cima e riu, sacudindo o cabelo molhado.

- Vamos, Sakura, a gente só vive uma vez!

Ri de sua inconsequência, mas ponderei. Naruto estava certo. Eu nunca tinha visto uma noite tão linda e serena em toda a minha vida. Ainda era jovem e, provavelmente, me arrependeria no futuro se não aproveitasse essa oportunidade de um mergulho noturno do lago.

Levantei do gramado, tirei a blusa e a saia e corri para a água, mergulhando intensamente como Naruto fizera. Emergi ao seu lado, revigorada pelo mergulho.

- A água está fria – constatei, batendo os dentes.

- Isso por que não viu um rio onde tive que treinar com Jiraya. Meus pés ficaram roxos – disse Naruto.

Eu abracei meu próprio corpo, tremendo de frio. Mas não queria sair dali. A água refletia o céu e parecia que estávamos voando naquela noite linda. Era um momento mágico, que eu queria guardar para sempre. As estrelas brilhavam tão fortes como luzes. Eu estava emocionada com a beleza que me circundava.