O Único Jeito

Outro sangue

Sakura

Sasuke puxou minha mão, obrigando-me a sentar.

- Fique parada e eles não vão perceber – sussurrou.

Kyu abriu a cela, mostrando que estávamos parados perto de um rio. O sol brilhava no alto do céu, marcando o meio dia.

- Desçam! – exigiu o guarda – Vamos fazer uma pausa para comerem e se lavarem.

Meu coração batia forte contra as costelas. Como eu ia sair daquela cela sem que eles vissem que minha roupa estava manchada? Ofegante, senti meus músculos tensionarem, recusando-se a se mover.

Sasuke ficou de pé lentamente, gemendo de vez em quando, tentando ganhar tempo. Ele não estava mais tão machucado para ter dificuldades de ficar em pé, mas claramente queria disfarçar a tragédia em minhas roupas.

Eu não sabia o que fazer, mas sabia que não tinha como ficar naquela carroça. Teria que sair em algum momento e quanto mais esperasse, pior ficaria.

- Preciso de ajuda para descer – Sasuke pediu a Kyu, que soltou uma risada irônica.

- Se vira! – gritou o guarda, sem paciência.

Sasuke então virou em minha direção e me olhou intensamente, indicando que tinha um plano. Eu entendi assim que ele mancou e se apoiou na parede ao meu lado. Levantei devagar, arrastando o pé no chão para espalhar o sangue, fazendo-o se misturar as manchas do dia anterior. Colei minhas costas no corpo de Sasuke, que jogou os braços por cima dos meus ombros e se apoiou em mim para sair da cela. Dessa forma, ele cobria minha saia manchada e os Itami não conseguiriam ver o sangue.

Kyu abriu espaço para que descêssemos. Eu fingia sustentar Sasuke, fechando a cara como se ele estivesse pesado, mas a verdade era que ele me guiava, indicando a melhor forma de caminhar sem ser descoberta. Seguimos assim até o rio, onde entramos sem pensar duas vezes.

Quando estávamos dentro d'água, Sasuke se soltou de mim, mas permaneceu próximo, o ombro colado ao meu.

- Tirem essas roupas sujas e me entreguem – exigiu Kyu, sentado na beira do rio. Yra estava ao seu lado, comendo uma maçã.

Enquanto nos limpávamos, outro guarda tirou Naruto de sua cela e ele se juntou a nós. Tiramos nossas roupas e Naruto entregou todas as peças aos guardas, enquanto eu tentava ficar o mais submersa possível, cobrindo meu corpo dos olhares atentos dos Itami. Sasuke nadou pelo rio, sem se afastar muito. Não queria dar a impressão de que estava tentando fugir. Enquanto Yra buscava roupas secas e limpas para nós, Sasuke mergulhou até uma parte funda e voltou rapidamente, segurando uma planta em suas mãos.

Naruto nos observava atento, em silêncio, percebendo que havia algo de errado. Ele se manteve a uma distância considerável de Sasuke e eu, nadando como criança no rio para chamar a atenção dos guardas.

- Pare de fazer estardalhaço! – Kyu reclamou, apontando o dedo para Naruto.

- Mas a água está ótima para nadar! – respondeu ele, forçando um tom infantil.

Kyu olhou intensamente para Naruto, que arqueou as costas e soltou um grito. Eu cerrei os olhos, sabendo o que estava acontecendo.

- Mandei parar! – Kyu repetiu.

Naruto parou de gritar, puxando o ar com dificuldade. Enquanto Kyu seguia enfurecido com Naruto, e Yra buscava roupas, Sasuke segurou minha mão com firmeza, entregando-me a planta que pegara no fundo do rio.

- Coma – ele murmurou, quase inaudível.

Eu segui a ordem dele, sabendo do que se tratava. Era uma planta comum nos rios dos arredores de Konoha, capaz de parar sangramentos intensos. Ninjas costumavam usar para tratar ferimentos quando não contavam com médicos na equipe. Com certeza ajudaria a parar minha menstruação por pelo menos uns dois dias. Eu esperava que meu organismo entendesse que estávamos correndo perigo e cooperasse também.