Sempre foi ele

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Sakura

Meu coração batia forte, fazendo meu peito pulsar contra o de Sasuke. Seus olhos estavam intensos, como se fossem capazes de me atravessar. Eu podia sentir sua respiração contra meu rosto, aquecendo minha pele.

- Por que toda vez que eu imagino vocês dois juntos, meu sangue ferve de raiva – continuou ele, a voz baixa, quase ameaçadora.

Eu estava imóvel, sem reação. Sasuke ainda me segurava pelo pescoço, parecendo irritado com as perguntas e insinuações que eu fizera. Eram muitas informações para lidar ao mesmo tempo: sua pele, quente contra a minha, os sentimentos que ele assumira segundos atrás, o que eu estava sentindo naquele momento. Sasuke realmente estava com ciúmes de mim? Tinha mesmo raiva por saber que algo havia acontecido entre Naruto e eu? Então por que me tratava com tanta frieza? Por que esperava até que entrássemos em um embate para finalmente falar alguma coisa?

- Foi você quem escolheu ir embora – respondi, finalmente, quase sem voz.

Ele trincou os dentes, irritado com o que eu dissera. Mas não tinha esse direito: eu estava certa, ele errado.

- Foi você quem me deixou para trás. Essa escolha foi sua – As palavras eram pesadas, deixando o ar ao redor mais tenso, difícil de respirar. – O que você pensou? Que eu ia esperar por você para sempre?

Sua expressão mudou, como se ele tivesse sido pego de surpresa. Era exatamente o que ele esperava, mas não queria admitir. Que egoísta! Ele tinha dispensado meus sentimentos, mas queria que eu os guardasse e esperasse até que ele tivesse a boa vontade de voltar para me corresponder? Eu estava furiosa.

A porta do escritório se abriu e Naruto colocou a cabeça para dentro.

- Vocês já terminar... – Ele parou de falar quando deu de cara com a cena. – O que tá acontecendo? – Seu tom mudou, ficando defensivo.

Sasuke ainda me encarava, digerindo nossa discussão, mas eu já estava farta daquilo. Empurrei-o para longe de mim e saí do escritório com Naruto logo atrás de mim.

- Tá tudo bem? – ele sussurrou, seguindo-me até meu quarto.

Não respondi. Eu estava engolindo o choro, então minha garganta ardia. Entrei em meu quarto, irritada, e soquei uma parede. Naruto entrou atrás de mim e fechou a porta, parando só para conferir se estávamos sem segurança.

- Aquele Uchiha arrogante e prepotente – eu murmurava, trincando os dentes. – Quem ele pensa que é? Eu o odeio, odeio, odeio, odeio, odeio... – As lágrimas iam tomando conta de mim, fazendo minha voz sumir. Fui sucumbindo à tristeza, deixando meu corpo escorregar pela parede até cair no chão.

Eu cobria o rosto com as mãos, sentindo-as ficarem encharcadas pelo choro. Os braços quentes de Naruto me envolveram e ele me ninou, como se eu fosse uma criança.

- Você sabe que não o odeia – Era tão irritante quando Naruto estava certo.

- Eu não devia ter dito nada, lá na vila. Devia ter deixado ele se virar sozinho.

Naruto acariciou meus cabelos de maneira reconfortante.

- Você não ia aguentar – declarou ele, certeiro. – E, além do mais, não foi uma decisão sua. Seu coração que escolheu por você.

Ele estava tão certo que me machucou, como se desse um tapa em meu rosto. Eu odiava que meus sentimentos fossem tão claros, estampados na minha cara o tempo todo.

Naruto me manteve em seu abraço, apertando-me contra si. Aos poucos, com seu cuidado, fui me acalmando e logo eu tinha parado de chorar. Sequei o rosto com as costas das mãos, sentindo-me boba e pequena. Uma ninja treinada não deveria se deixar levar pelos sentimentos, principalmente quando havia uma missão para cumprir. Eu precisava me recompor, engolir a raiva e a tristeza e voltar à ativa.

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