Táticas

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Sasuke

Revirei-me na cama a noite toda, sem dormir. Em parte, eu queria ficar acordado para garantir minha segurança. Não sabia qual era o plano dos Itami e estava cansado de ser atacado pelos jutsus de dor deles. Também não consegui pregar os olhos com o que Sakura havia dito.

Agora, ela estava dormindo, serena na cama ao meu lado. Era inocente demais para entender o perigo em que tinha se enfiado. Eu devia ser grato por ter sido salvo, mas só conseguia pensar em como conseguiríamos sair da prisão dos Itami. Preocupava-me com a segurança de Sakura e de Naruto, que tinham se envolvido em um problema que era meu.

Eu sabia que o sol ia nascer em breve, dando à luz a mais um dia de incertezas. Eu sabia que os Itami iriam fazer de tudo para nos desestabilizar, para que, quando chegássemos a sua vila, estivéssemos desunidos e sem um plano de fuga. Não que eu planejasse fugir. Tinha invadido a vila em busca de algo valioso e sabia que precisava ficar lá o máximo de tempo possível para encontrar. Só não esperava que eles fossem tão fortes, tão rápidos e tão habilidosos. Eu me ressentia de ter sido pego com tanta facilidade. Julgava-me um ninja melhor, mas, perto deles, sentia-me uma criança aprendendo a controlar o chacra.

Fitando o teto, imaginei o que aconteceria dali para frente. Será que Sakura realmente estava grávida de Naruto? E se estivesse, quanto tempo teríamos até que os Itami percebessem? Eu não conhecia sua equipe médica, não sabia até que ponto eles conseguiriam identificar se Sakura realmente estava dizendo a verdade. Acima disso, não sabia até que ponto eles tinham interesse em saber se ela dizia a verdade. Sádicos como eram, era bem possível que fossem deixar Sakura estender sua mentira até que não houvesse mais saídas e então tortura-la em forma de castigo.

Eles não a matariam. Não estava em suas leis e eu sabia o quanto eram fieis àquele livro surrado que Akira não largava nunca. O castigo para mentira seria cinco anos em cativeiro, sendo torturada pelo kekkei genkai deles. Obviamente, isso era bem pior que a morte e muitos criminosos acabavam se rendendo e implorando que os guardas terminassem logo com o sofrimento. Eu não gostava nem de pensar nessa possibilidade.

Fitei Sakura, seus cabelos espalhados pelo travesseiro enquanto ela dormia. Sua pele nívea e sedosa, brilhava de encontro aos feixes da luz da lua. Ela estava diferente, mais velha, mais madura. Eu não gostava de ficar olhando para ela, pois me lembrava do passado, de quando éramos uma equipe. Tivéramos momentos felizes juntos, ganhando lutas, viajando... Agora eu mal a conhecia.

Não gostava de pensar em tudo o que eu tinha deixado para trás para seguir o caminho da vingança. Toda vez que me lembrava disso, sentia uma agonia forte, quase uma dor. Voltei a fitar o teto, afastando essa sensação. Precisava ficar atento, manter a cabeça no lugar e formar uma estratégia para cada possibilidade. Se queria sair vivo dessa situação, tinha que ser mais inteligente que os inimigos. E precisava reaprender a trabalhar em equipe, pois precisaria de Sakura e Naruto para garantir a nossa segurança.

Sakura

A porta do quarto se abriu em um estrondo, batendo contra a parede. Eu acordei em um salto, sentando-me pronta para o ataque.

- Hora de partir – Yra anunciou, seu tom de voz indicando que ele não teria paciência de esperar.

Saímos rapidamente do quarto, sem tempo de pensar. O sol ainda não havia nascido, deviam ser quatro da manhã. Do lado de fora, a cavalaria dos Itami havia sido reduzida, mas ainda era massiva. Agora haviam suas celas e os guardas nos dividiram, colocando Naruto em uma e Sasuke e eu em outra, sem explicar nada. Pelo pouco tempo que tinha interagindo com eles, já sabia que não adiantaria de nada fazer perguntas, então apenas segui em silêncio até me acomodar no chão de madeira.

Sasuke parecia melhor agora, mais corado e mancando menos. Logo estaria de volta a sua forma física plena, mesmo que eu não fizesse mais nada para ajudar na sua melhora.

- Por que será que nos separaram? – perguntei a ele, baixinho.

- Eles querem nos desestabilizar – explicou, sentado em frente a mim, as costas apoiadas na parede da cela. – Vão mudar nossas posições, nos colocar uns contra os outros, tudo o que for preciso para que não consigamos montar uma estratégia.

Fazia sentido. Era uma tática de guerra: desestabilizar o inimigo para enfraquece-lo.

- Precisamos ficar atentos – constatei.

- E não confiar em nada do que disserem – Sasuke completou.

Seguimos em silêncio, prestando atenção nos sons ao nosso redor. Os Itami não conversavam entre si, falavam apenas quando precisavam dar instruções ou indicar um caminho. Não havia muito que pudéssemos usar contra eles, mas seguíamos atentos.

O sol começou a nascer, iluminando a cela onde estávamos. Eu estava preocupada com Naruto, sozinho na outra carroça, confuso. Será que ele faria alguma besteira? Eu temia que ele pudesse se deixar desestabilizar e tentar atacar, causando um problema. Queria que ele pudesse ouvir meus pensamentos, pedindo que ele ficasse calmo, dizendo que tudo ia dar certo.

Depois de algum tempo, comecei a ficar desconfortável sentada e resolvi levantar, andar ao redor da cela. Minhas pernas estavam dormentes e foi bom me alongar. Sasuke me observava, em silêncio, atento aos meus movimentos e aos dos guardas do lado de fora.

- Estranho – Sasuke sussurrou de repente, observando o chão da cela.

Nós não falávamos alto, tentando manter as conversas o mais privado que conseguíamos.

- O que?

- Eu não estive nessa cela desde ontem, mas ainda há um pouco de sangue fresco no chão – Ele apontou para uma pequena mancha próxima a si.

Abaixei-me para ver melhor. Realmente havia uma mancha de sangue, bem pequena, onde Sasuke estava apontando. E realmente era estranho que estivesse tão recente. Os ferimentos dele estavam quase totalmente fechados, nenhum sangrava mais.

De repente, um arrepio correu minha espinha. Ergui o corpo em um salto, sentindo as mãos tremerem de medo. "Não, não, não".

- O que foi? – preocupou-se Sasuke, vendo a expressão de terror no meu rosto.

Lentamente, toquei a parte de trás da minha saia, sentindo-a úmida. Ainda tremendo, trouxe a mão para perto do rosto para confirmar meu pavor: sangue.

- Ah não... – Sasuke soltou quando entendeu.

Eu não estava grávida e, para piorar, tinha acabado de menstruar. Como ia conseguir esconder isso dos Itami? Eles fariam a conexão rapidamente se vissem o sangue e era o fim para nós três.

Como se soubessem o que acontecia dentro da cela, os cavalos pararam e tudo ao redor ficou quieto. A cavalaria tinha feito uma pausa. Meu corpo travou, tenso e sem movimento algum, eu nem respirava de tanto medo. E agora?

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