Confie em mim

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Sasuke

Depois de horas treinando com Akira no terraço da unidade militar, meus olhos começaram a sangrar outra vez. Minha visão estava embaçada e minha cabeça latejava. Usar demais meu Sharingan estava acabando comigo. Além de estar exausto mentalmente, eu estava me colocando em sérios riscos de perder a visão, talvez totalmente.

Encolhi-me, curvando o corpo para frente. Sangue pingou no chão, escorreu pelo meu rosto e molhou meus lábios, encontrando minha língua. O líquido ferroso tinha gosto de derrota. Eu me sentia perdendo: tanto tempo, quanto força.

- Eu odeio te ver assim, Sasuke – Akira acariciou minhas costas, em tom de preocupação, mas eu sabia que nada de bom poderia vir disso.

Um arrepio subiu pelas minhas costas, ativando minha intuição. Eu podia sentir que algo ruim estava para acontecer.

- Sua dedicação é muito admirável – continuou ele, enquanto eu me recompunha e retomava minha postura. – E cumpriu mesmo sua parte do trato. Tenho que admitir que eu duvidei de seu comprometimento, mas você me surpreendeu. – Seus olhos pairaram sobre mim, queimando minha alma. – Mas agora, acho que está na hora de finalizarmos nosso trato.

Prendi a respiração. Isso só podia significar uma coisa.

- Vou enviar Sakura e Naruto de volta para casa ainda hoje – decretou.

Então era isso, havia chegado a hora. Assim que Sakura e Naruto chegassem em Konoha, os guardas Itami enviariam um alerta a Akira, avisando que o trato havia sido cumprido. Esse aviso seria um ponto final em nosso acordo: Sakura estaria segura e eu deveria entregar meus olhos a Akira, para que ele pudesse finalmente usufruir de meu kekkei genkai.

Eu não queria que Akira visse meu desespero, então apenas o encarei, segurando a respiração pelo máximo de tempo que consegui. O general devolveu meu olhar fixo, quase como um desafio. Eu acreditava que teria mais tempo, mas aparentemente precisava agir agora.

Meu plano envolvia Naruto, um ataque surpresa à noite depois de imobilizar alguns guardas, mas eu não podia correr riscos. E se Akira já tivesse definido o transporte de Sakura e Naruto antes mesmo de ver meus olhos sangrando? E se ele só estivesse me avisando agora, mas os dois já estivessem a caminho de Konoha nesse instante? Não havia tempo a perder.

Naruto

A sala de jantar que Akira tinha organizado para Sasuke, Sakura e eu estava vazia, silenciosa. Sentei-me à mesa, bebericando um pouco de chá, enquanto meu guarda pessoal pairava atrás de mim. A bebida quente queimou minha língua, como um alerta silencioso. Abaixei a xícara, que trincou assim que tocou a mesa. "Isso é um mau presságio" concluí. Havia alguma coisa errada acontecendo.

Antes que eu pudesse me levantar, me organizar ou até mesmo pensar, uma explosão soou em algum lugar, fazendo o chão tremer, jogando a mim e meu guarda no chão. Rapidamente, ativei meu chacra para me esquivar dos escombros que voavam. A parede que separava a sala de jantar do corredor veio ao chão com violência, jogando a porta do outro lado do cômodo.

Ergui-me rapidamente, pronto para começar a correr. O guarda que me seguia veio logo atrás, sem falar nada. Eu me perguntei se ele iria me atacar ou me culpar de alguma forma pelo que acontecera, mas ele seguiu em silêncio, como sempre, seguindo-me enquanto eu andava pelo corredor destruído.

Eu andava com cuidado, mas rapidamente, pulando os buracos que tinham se aberto no chão. No exato momento em que saltei uma coluna caída, outra bomba estourou. A onda forte de ar, poeira e mais escombros me jogou contra uma parede. Encolhi-me, protegendo a cabeça para não causar um dano ainda maior, mas machuquei um braço quando fiz isso.

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