FEAR - LOKI

4 - A verdade

LOKI

Seus dedos pequenos tocavam meu cabelo e puxavam suavemente os meus fios, fazendo-me entrar em uma transe profunda. Fecho meus olhos e apenas sinto suas pequenas mãos percorrerem por minha cabeça.

- Hoje nós vamos sair para brincar no campo, tio? - Merynda puxa minha orelha direita, me fazendo acordar do sono profundo. Seus dedos se paralisam até eu responder sua pergunta.

Merynda era uma criança órfã que foi abandonada nos arredores de Asgard com apenas dois meses de idade, mas, felizmente, eu e Thor a encontramos. Desde então, ela foi criada por Frigga como a Sobrinha Real do Castelo, recebendo todos os cuidados adequados como se realmente fosse uma princesa. E, mesmo sabendo de sua história, Merynda nunca deixou de sorrir, esse era seu dom especial, algo que eu mais admirava nela.

- Não. Tenho um compromisso importante. - Fecho meus olhos mais uma vez. - Chame o Thor para ir com você, ele estará disponível.

- Vai se encontrar com aquela moça que veio das trevas? - Sua pergunta me interrompe mais uma vez, mas, desta vez, faço questão em responde-la.

- Ela não veio das trevas, ela é uma pessoa normal, assim como você. - Me esforço para não ser grosso, mas meu tom sai mais rígido do que esperava. - Não é legal falar isso das pessoas.

- Parece que você gosta dela, tio. - Um riso lacônico escapa de seus lábios e eu tento ignora-lo, mas acabo rindo também. - Eu vi vocês juntos na montanha. Vocês estão namorando? Não acredito que o tio Loki está namorando.

- Não estamos. Eu a conheci há pouco tempo. - Expliquei, esclarecendo a situação para que Merynda não pensasse o errado. - Mas não vou negar que ela é bonita.

- É verdade. Já ouvi muitas pessoas dizendo que ela era um monstro perigoso, mas ela tem a aparência de um anjo. Você não acha?

- Sim.

- E você gosta dela? - Eu sabia o que Merynda queria ouvir, mas se eu dissesse que sim, ela faria mais perguntas ainda. Por que crianças tinham que ser tão curiosas?

- Não é da sua conta. - Dou um fim às suas interrogações sem fim e me levanto da grama macia, arrumando meus cabelos bagunçados. - Eu preciso ir para encontrar alguém, criatura minúscula. Te vejo em outro dia. - Me despeço de Merynda com um aceno.

- Até mais, tio! - Suas pequenas mãos acenam de volta para mim e, mesmo não querendo, acabo deixando escapar um sorriso.

Sigo de volta ao Castelo a procura de Kalista. Eu precisava continuar a minha busca por respostas, respostas que só ela podia me oferecer, mas era provável que eu teria que me esforçar para fazê-la se abrir comigo.

Kalista era um verdadeiro enigma e eu sabia que ela guardava muitos segredos, mas não era isso que eu queria dela. A única coisa que eu precisava saber era o motivo da nossa inexplicável conexão, o motivo de sermos Deuses do mesmo "dom", mas, para obter essas respostas, eu precisava conhecê-la, conhecer sua verdadeira história. Era um desafio para mim, mas uma hora ou outra eu iria conseguir fazê-la falar.

KALISTA

Como esperado, os guardas prendem minhas mãos novamente à correntes mágicas. Era uma tortura para mim, mas era uma decisão inteligente. Essas correntes bloqueavam o meu poder, sugando toda a energia que eu precisava para praticar magia, me impedindo de realizar qualquer tipo de feitiço. Isso me deixava fraca, já que fazia toda a minha energia desaparecer, era como se meu poder fosse tirado de mim a força. Mas eu entendia o motivo, Asgardianos eram muito cautelosos, protegiam seu Reino com todas as precauções possíveis.