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KALISTA

A porta se fecha brutalmente atrás de nós, causando um estrondo forte que ecoa por todo o quarto. Toda a energia positiva se esvai e agora sobram apenas os olhares desconfiados, meu medo e sua raiva, formando uma grande confusão.

- Pode me explicar o que aconteceu ali? - Sua voz é um verdadeiro tornado, carregado de curiosidade e ressentimento, Loki estava perplexo e eu não tinha como reconforta-lo. - Estou esperando.

- O que quer que eu diga? - Tento não parecer agitada, mas eu estava tão nervosa quanto ele. Tudo aconteceu rápido demais, minha cabeça não conseguia pensar em uma desculpa convincente para disfarçar toda aquela cena.

- A verdade. - Seu olhar recai sobre mim, amargurado, não sei o que dizer. Percebo que quebrei um de nossos juramentos. Eu o enganei. De novo. E, por um único momento, eu senti culpa. - Prometemos que não iríamos mais esconder nada um do outro, mas foi exatamente o que você fez. Ao menos me explique porque você mataria aquela mulher.

- Eu não mataria. - Minto mais uma vez.

- Outra mentira. - E ele percebe. - Vamos voltar para a fase em que você me engana e eu descubro tudo, no final? Porque se for, eu preciso saber. - Loki conhecia muito de mim, mentir não era mais uma tarefa fácil.

- Loki… - Me aproximo devagar e resvalo meus dedos em sua mão, acariciando seu punho, procurando passar o mínimo de confiança possível. Ele não recua. Entendo sua insatisfação, sei que jurei a lealdade e agora pareço estar jogando tudo ao chão, como se promessas não valessem nada para mim, mas há segredos que não devem ser revelados. - Tem muitas coisas que você não precisa saber e uma delas é o porquê eu cortaria a garganta daquela bruxa maldita.

- Bruxa maldita? Aquela mulher foi atacada, quase morreu nas montanhas, e agora você me diz que não pode me contar porquê quer matar ela? - Ele se afasta de meu toque e avança três passos para longe de mim, discordando totalmente com tudo o que eu disse anteriormente. - Eu não vou deixar você tocar um dedo naquela mulher.

- Você não me diz o que fazer, eu não vou…

- Se você chegar perto dela, iremos ter um problema. - Seus olhos são como fogo, me penetram e bagunçam todo o meu raciocínio de uma só vez. Isso foi uma ameaça ou estou ficando louca? Sinto medo pela primeira vez. Medo de meu marido. Meu corpo vibra em resposta e eu estremeço assim que percebo a intenção de sua fala. Não era um desafio, tampouco uma provocação. Era um aviso. E ele não me disse as consequências.

- Isso é uma ameaça?

- Eu te amo mais que tudo, Kalista, mas não vou deixar você sair por aí matando as pessoas. - Agora é ele quem se aproxima. Não movo um músculo e espero sua próxima ação. Seu olhar se estreita em mim e eu sinto uma onda energética se alastrar por todo o meu corpo, misturando meus pensamentos. - Não até você me dizer o que está acontecendo.

- Você não confia em mim? - Cruzo os braços e abaixo o olhar. Não consigo encarar seus olhos. A situação estava ficando cada vez mais tensa e minha culpa crescia a cada segundo, mas ainda sim preferia que ele ficasse longe de toda essa sujeira. - Estou fazendo isso por você.

- Por mim? Não… - Sinto seus dedos arrastarem por meu rosto, desenhando linhas aleatórias em minha bochecha. Sorrio. Sei que era eu quem deveria confiar nele, pois suas intenções não tinham maldade, mas contar tudo poderia se tornar um risco à nossa relação, eu não podia deixar isso acontecer. Fecho meus olhos por um segundo e apenas sinto o calor de seu toque, que me conforta por um breve momento, quase cedo. - Kalista, o que você fez? Por que isso é tão ruim?

- Eu vou resolver isso. - Há uma pausa em minha fala. Penso um pouco antes de continuar, reflito se era mesmo o certo a se fazer, e não era. - Eu vou.

FEAR - LOKIOnde histórias criam vida. Descubra agora