5 - Eu quero você

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LOKI

Ela era o desafio mais difícil que eu pretendi arriscar e, mesmo sabendo que suas palavras eram falsas e vazias, ela me manipulava como se eu fosse um simples homem. Sua boca proferia promessas cheias de juramentos, mas seus olhos diziam mentiras sujas infiéis e eu caía em todas elas. Eu não era nada perto dela e foi exatamente por isso que eu me arrisquei até aqui.

Seus lábios macios deslizavam-se sobre os meus, levando consigo toda a minha sanidade. Talvez, o eu de alguns dias atrás negaria todas as possibilidades de estar na mesma cama que uma mulher que nem um humano é, mas, agora, tudo o que eu quero é explorar seu corpo e não parar até que ela me peça. Era realmente estranho imaginar alguém como eu se rendendo totalmente ao desejo por uma mulher que não veio de lugar nenhum, mas eu estava entregue, nós estávamos entregues.

Seus braços se cruzam em volta do meu pescoço e meu corpo recai sobre o seu, ainda coberto pelo traje. O desejo se intensifica cada vez mais, posso senti-lo queimar em meu sangue como uma simples palha. Ergo minha mão até sua perna e a pressiono em minha cintura.

E, então, seus lábios se afastam dos meus, sinto sua respiração ofegante bater contra meu pescoço, mas não ouço nada. Abro meus olhos, procurando achar algum tipo de negação de sua parte para me fazer parar, mas só o que encontro são estrelas.

Seus olhos brilhavam como a lua e refletiam o espaço em suas orbes. Eu entrei em transe e fiquei preso àquele momento, à ela. Foi quando a ficha caiu. Ela escondia o céu em seu olhar. Mesmo que houvesse a noite em meu coração, era ela que faria valer a pena sorrir na escuridão. Ela era a minha resposta, a minha solução, e eu sentia isso.

- Não foi por acaso. - Sua voz sai como um sussurro, mas posso ouvi-la nitidamente. - Eles nos juntaram, estamos destinados. - Suas mãos escorregam até meu rosto e o puxa para perto, colando nossas testas. - Somos iguais.


- Eu quero você.



KALISTA

- Eu quero você.


Um nó trava em minha garganta, causando uma maré de emoções em minha cabeça. Respirar já não era um ato fácil para mim e eu não consegui pensar em mais nada a não ser em nós dois, juntos, naquele momento. Éramos só eu e ele e, finalmente, eu podia sorrir para alguém, com sinceridade, e me entregar por completo.

Apenas fiquei em silêncio e deixei seus lábios terminarem o caminho até os meus, me guiando até o prazer.

[...]


THOR


- O que acha que devemos fazer com ela, pai? - Descarto o livro sobre mesa de madeira, confuso.. - Eu vi ela e o Loki juntos mais cedo, eles estão se envolvendo. Você precisa decidir logo antes que isso saia do controle.


- O que você quer que eu faça? - Seu tom se altera, mas Odin parece cada vez mais indeciso. Não era uma decisão fácil, ainda mais quando se tratava de Loki. - Não posso expulsá-la, muito menos manda-la para o exílio! Loki pode se apaixonar por ela, ela pode ser a redenção que ele precisa!


- Ela vai matá-lo, pai! - bato com os punhos na mesa, firme, mas pareço mais abalado que Odin.


- Por que ela me mataria? - Loki aparece por entre a porta e, para a nossa surpresa, ele estava ciente da nossa conversa desde o início. - O que estão escondendo?


- Onde você estava? - Tento mudar o rumo da conversa, mas a tentativa é falha, pois Loki se mantém ativo.


- Ocupado. Do que estão falando? - Ele insiste mais uma vez.


- Acho que ele deve saber, Thor. - Odin me olha, ainda tenso pela conversa, mas, talvez, fosse o melhor a se fazer. - Você precisa saber.


- Saber do que, pai? O que está acontecendo? - Loki se aproxima, agarrando o livro que joguei sobre a mesa. - Que livro é esse?


- O Livro Perdido de Evanor. - Explico. - O achamos no Reino Perdido e o trouxemos para achar mais informações sobre a Kalista, mas...


- Ela já disse que vai embora de Asgard, por que estão investigando sobre a vida dela? - Ele devolve o livro para mesa, agora, cruzando seus braços. - Não quero mais que a investigue, fica fora disso.


- Ela não é o que diz ser. - Odin completa. - Uma assassina procurada, amaldiçoada por matar seus pais e exilada em desgraça. Essa é a Kalista que está em Asgard, não uma pobre criança amaldiçoada.


- Pai! - Exclamo. - Não precisa ser tão direto, ele precisa de tempo para entender tudo.


- "Nasceu com poderes sobrenaturais, uma magia que crescia cada vez mais e se fortificava a cada aniversário, até que, em seu décimo oitavo ano de vida, seus poderes chegaram ao ápice, revelando sua outra face, seu monstro interior... - Odin me ignora e abre o livro, lendo uma de suas páginas. - ...Ao tentar impedir que a filha ficasse mais violenta, seus pais tentaram aprisionar o monstro novamente, mas acabaram mortos em um só golpe. Uma cena trágica, então, injustiçada, os Deuses a amaldiçoaram como a Deusa da Mentira, fortalecendo seus poderes carregados de dor e sofrimento e a concedendo um dom defeituoso. Mas, como uma chance de redenção, os Deuses ofereceram uma missão a ser completada para que Kalista pudesse se libertar da maldição: assassinar o Deus da Mentira para que seu título fosse único e sua conexão com o passado pudesse se libertar."


- Isso... Isso é mentira. - Como esperado, Loki se recusou a acreditar na história. Nem sequer tentou entender, apenas negou cada palavra. - É só um livro idiota, você não sabe se isso é real.


- É o livro de Evanor, irmão, tem a assinatura dele. Eu sinto muito. - Tento consola-lo, mas de nada adianta. Loki estava abalado o suficiente com a notícia para deixar de usar seu lado racional para pensar.


- Não! Ela... Não faria isso...


- Se tiver dúvidas, pergunte você mesmo a ela. - Odin se mantém firme em suas palavras, sem nenhum pingo de sensibilidade e cada palavra parecia impactar Loki de forma diferente.

FEAR - LOKIOnde histórias criam vida. Descubra agora