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Três meses depois

Marcelo🤾‍♂️

Acordei com a Bianca me cutucando, o que eu odiava, olhei pra ela já no maior ódio procurando um pingo de juízo pra não agredir a maldita, já que atrapalhou meu único momento de paz.

- Fala porra - tentei gritar mais minha voz saiu falha -

- Marcelo, a Lavínia, eu acho que eu vou morrer. - choramingou e eu levantei ligadão já, mais a luz do quarto estava apagada e eu fui acender -

- Num acende nem uma luz, parece assombração atrapalhando a paz dos outros. - resmunguei -

Quando acendi a luz pude notar o rastro de sangue que ia da entrada do quarto até o lado da minha cama, aonde Bianca estava em pé. O sangue escorria por suas pernas que estavam tremendo e ela me olhou pálida com o medo estampado em seus olhos marejados.

- Que que tu fez Bianca? - arregalei os olhos para ter certeza que enxergava bem -


- Tem alguma coisa errada, comigo ou com a bebê. - Chorou segurando a barriga como se a qualquer momento fosse despencar das suas mãos -

- Agora fudeu tudo nesse caralho. - coloquei as mãos na cabeça sentindo todo seu medo ser passado pra mim a medida em que o sangue descia por sua pernas - Respira, a Paulínia manda respirar. Não era pra isso acontecer né? - disse apavorado -

- Claro que não Marcelo, todo meu sangue tá ficando pra fora do corpo seu porra. - Gritou desesperada enquanto chorava -


- Mais como isso, ainda não tá no tempo, você tá de sete meses.

- Marcelo eu não sei. Para de fazer pergunta e faz alguma coisa que seja útil. - Gemeu de dor ---

Peguei o celular em cima do criado mudo e liguei para Paulínia com certa dificuldade e lentidão por conta das mãos tremendo. Percebi que suava frio e tinha medo, medo de que algo ruim pudesse acontecer, mais não poderia ficar parado, Bianca precisava de mim.

- É serio Marcelo? Três da manhã? - Disse rouca ao telefone -

- Desculpa, é só pra avisar que eu estou indo pro hospital com a Bianca, ela esta sangrando muito e esta com muita dor. Por favor se conseguir vai pra lá e manda a Roberta ir também.

- Merda, já estamos indo! - Pareceu eufórica do outro lado da linha e logo desligou o celular. -

- Vocês vão ficar bem, tá bom. Vocês vão ficar bem. - Sussurrei "vocês vão ficar bem" durante todo o tempo em que eu pegava as coisas da bebê que já estavam preparadas em uma bolsa grande e colocava dentro do carro - Vocês vão ficar bem. - Disse enquanto ajudava Bianca entrar no carro, que gritava e chorava de dor -

- Eu tô com medo Marcelo. - Apertou minha mão -

- Eu também tô Bianca, mais, caralho, por favor, só tenta respirar e pensar que vocês vão ficar bem.

- Promete que se acontecer alguma coisa comigo, vocês vão cuidar dela, você, a Roberta, a Paulínia. - Seu rosto suava e suas mãos estavam geladas mais ela não deixava de apertar meu braço com força -

- Não vai acontecer nada, vocês vão ficar bem.

- Porra é claro que vai acontecer Marcelo, tá acontecendo. - Gritou, mais não de raiva e sim de desespero - Só promete que vai cuidar da nossa filha caso o pior aconteça.

- É claro que eu vou, Bianca. - Ela sorriu em um momento de dor, fazendo eu sair do transe que estava e adentrar o carro e dirigir em direção ao hospital -

O fluxo do sangue parecia cada vez maior, assim que chegamos ao hospital, a recepcionista ao notar o rasto vermelho pelo chão e espelhado pelo corpo de Bianca arregalou os olhos, mais agiu rápido, e chamou os médicos, rápido o bastante para que não desce tempo que eu conversar com ela, ou passar palavras de tranquilidade a ela, fiz o que pude.

- Eu amo vocês. --- Disse me despedindo dela com um beijo antes de que levassem ela para uma sala na qual a enfermeira me informou que eu não podia entrar -

- Ai meu deus... - Paulínia disse assim que me viu sentado num dos bancos da recepção com sangue seco nas mãos, na bermuda e parte da blusa

- Cadê ela? - Roberta pareceu desesperada e prestes a chorar. Seu rosto tinha olheiras enormes e o cabelo estava preso em um rabo de cavalo, mais ainda sim, meio bagunçado -

- Tá na sala de cirurgia, eu não entendi direito, mais estão fazendo o parto. - Encostei minhas mãos ao rosto e apoiei os cotovelos nas pernas e as mãos no rosto sem saber o que pensar -

- Vai ficar tudo bem mano. - Nycollas colocou a mão no meu ombro -

- Tomara.

𝐄𝐔 𝐄 𝐄𝐋𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora