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Paulínia🧚‍♀️

Aquela sensação era agonizante e irritante, e o único consolo que eu tinha era do que teria que passar por tudo aquilo para ver o rostinho do meu filho. Eu sentia o suor escorrer por todo meu corpo e ao mesmo tempo, um calafrio que ia desde a ponta da minha cabeça, até o meu dedão do pé, me fazendo sentir um frio estonteante. 

Mesmo que lembranças de anos passados viessem a minha mente, e deixassem essa dor idêntica a que eu tive quando Caio nasceu, ao mesmo tempo, tudo se encontrava diferente, dessa vez, o pai dos meus filhos estava ali para me dar a mão, me passar tranquilidade e me apoiar, o que com certeza eu tinha sentido falta na minha primeira gestação. 

- Caralho... - Gemi de dor - Não quer, sair? A partir de agora as coisas vão começar a ficar feias, ainda dá tempo de salvar sua mão. - Brinquei, mesmo em meio as contrações em forma de distração -

- E deixar o menor nascer sem o pai presente? Não cometo o mesmo erro duas vezes gatona. - Disse convencido me fazendo apenas rir baixo -

...

Prendia a respiração enquanto concentrava todas as minhas forças para que Cauã nascesse, porém, parecia que a qualquer momento eu ia ficar tão fraca ao ponto de desmaiar, ou que meu cérebro simplesmente desligaria. 

- Tu consegue, vamos caralho, já conseguiu uma vez, consegue de novo! - As palavras de motivação de Nycollas só me deixaram com mais raiva por tirar minha concentração -

- Cala a porra da boca Nycollas. - Gritei enquanto apertei sua mão o mais forte que conseguia -

Quando finalmente um choro fino e irritante começou a ecoar pela sala, meu corpo relaxou e eu senti uma sensação das mais prazerosas, demostrando isso em um sorriso vitorioso. Aos poucos retomava a minha respiração a um modo normal. 

-- Disponha. - Nycollas ironizou mexendo as mãos com uma expressão de dor -

- Oi minha vida... - Disse assim que o médico me apresentou meu filho e o colocou ao meu lado. Essa com certeza seria uma das melhores lembranças que eu teria. Depois de meses de ansiedade, poder ver o rostinho do meu filho que agora já não chorava seria algo inesquecível -

- A cara todinha do pai... - Disse orgulhoso como se aquela frase fosse realmente uma verdade -

- Fala sério né Nycollas, você acabou de ver o trabalhão que foi pra ter essa criança, e agora sai falando mentiras? Ah, dá licença né, por favor. - Expressei minha indignação -

- Se for falar que o moleque parece com você, aí sim eu estaria mentindo! 

- Ele é a cara do Caio, não tem o que por, nem tirar. --Afirmei sentindo uma lágrima de felicidade escorrer por meu rosto -

- Eu não vi o Caio bebê, mais pode pé que é essas ideia mesmo. - Me mandou um joinha me fazendo rir -

- Me desculpa, eu sei que a culpa não foi sua, você estava preso e mesmo assim eu tentei descontar minha raiva de ter amadurecido rápido demais em você, não queria responsabilidades. - Ele apenas sorriu, satisfeito com minhas palavras, não querendo adicionar nada -

𝐄𝐔 𝐄 𝐄𝐋𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora