Capítulo 22: O Julgamento.

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Hadrian pegou a xícara de café que lhe foi oferecida pela própria anfitriã, e acenou com a cabeça para ela, novamente desviando seus olhos para a figura repousando pacificamente no caixão, apesar da brutal morte que sofrera.

— Meu filho sempre falou muito bem de você — Disse Anastasia Price, mãe de seu amigo Jacob Price. — Sempre tão bem, eu realmente esperei apenas o melhor de você, senhor Peverell.

Hadrian engoliu o nó na garganta, e segurou a beira do caixão com as pontas do indicador e médio, suspirando pesadamente antes de engolir o primeiro gole de café.

Seu silêncio fez a mulher se aproximar também, tocando o peito do filho morto com as mãos trêmulas. O velório ainda corria ao redor da humilde residência dos Price, haviam tanto bruxos, quanto trouxas, todos em vestes negras e conversando em voz baixa.

As roupas de Peverell eram russas hoje, escuras marcando seu luto, e, apesar de usar luvas, o couro preto não podia esconder suas mãos tremendo.

Seus olhos verdes buscaram pelos olhos marrons da mãe de seu amigo, mas ele não encontrou-os, então passou a observá-la. Era uma nascida-trouxa, e que, assim como o filho, fora da Corvinal nos tempos de Hogwarts. Casara-se com um sonserino logo ao terminar os estudos, e o homem fora deserdado da família.

Hadrian nunca soube qual fora a família, mas sequer se surpreendeu. Alguns anos no futuro, isto voltaria a acontecer, com Andromeda Black.

— Qualquer coisa que eu diga não vai amenizar em nada seu sofrimento. — Harry sussurrou, a voz delicada. — Mas gostaria de deixar claro que buscarei justiça por seu filho.

A mulher riu, e ele trocou o peso de um pé para o outro, pensativo se ela estaria o culpando inconscientemente, como os outros amigos – bruxos, que sabiam a situação – de Jacob (considerando os olhares pesados que Harry estava sentindo aquecer seu rosto). Ele moveu os olhos pela sala, e seu coração apertou-se quando viu as paredes repletas de retratos trouxas da família.

Ele viu os primeiros meses de seu amigo. Seus primeiros passos, suas possíveis primeiras palavras (considerando sua boquinha de bebê aberta em um padrão específico), sua primeira papinha, seus primeiros anos de vida, e, com o coração ainda mais dolorido, notou que seu falecido amigo era inteligente desde pequenino.

— Não é justiça, e sim vingança — A mãe enlutada finalmente disse, a voz saindo mais fraca do que fora quando entregou a xícara para Hadrian. — E em quê vingança vai dar, afinal? Vai trazer apenas mais ódio, ódio que deixará outra mãe sem seu filho.

Ela engasgou em suas lágrimas, e ele trocou um olhar nervoso com Charlus e Septimus, que estavam olhando a cena do outro lado do caixão, em silêncio como se não estivessem lá.

— Reconheço seus... Tributos — Ela continuou, os olhos marrons vacilando para baixo, para o pulso coberto de Harry, onde seu coldre com a Varinha Ancestral era coberto por seu sobretudo. — Sei como qualquer um que suas atitudes foram heróicas, mas não é porque foram seguidores dele que você deve se achar no direito de se meter!

Ela estava praticamente gritando agora, e Harry deu um passo para trás, apertando os punhos, ouvindo o couro de suas luvas fazerem um som de atrito. Os olhos estavam neles agora, alguns chocados, outros raivosos.

— Todos sabem que você quer apenas brilhar novamente! — Ela rosnou, e Hadrian franziu a testa em irritação.

Ignorando os acenos negativos de Septimus e Charlus, ele riu.

— Certo. Então despeje todo seu ódio em cima de mim, porque foi eu quem torturou Jacob até a morte — Disse. — Quem fez isto a ele é tão inimigo meu, quanto Gellert já foi.

Sign Of The Times - Tomarry. [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora