Oito

98 23 1
                                    

Já fazia duras horas que estou na casa de meus avós, já almoçamos e só estou esperando a hora de ir buscar meus exames chegar. Geralmente as pessoas sempre vão para a casa dos avós ou de qualquer parente nos domingos, mas meus pais são diferentes e preferem ir na segunda ou qualquer outro dia da semana.

Felizmente o bom é que meus avós moram perto do hospital para caso aconteça alguma coisa. Então fica mais fácil para mim ir buscar os resultados.

Uma coisa que estou percebendo é que estou sentindo vários cheiros em qualquer lugar. Na casa de minha avó, sinto cheiro de bolinhos, coisas velhas, madeira e café. Não sei como e nem por que estou sentindo essas coisas, e para piorar o cheiro do café está me deixando enjoado.

Olho para o relógio e vejo que já passo sair.

- Para aonde vai? - perguntou minha avó, todos estão na sala conversando e ao escutarem minha avó, pararam de conversar na hora.

- Vou no hospital pegar meus exames.

- Você está doente?

- Não sei dizer, mas não deve ser nada sério... Eu só tenho vomitado muito ultimamente.

- Bem, mas de qualquer modo se cuida.

- Está bem, tchau!

Saio da casa e apresso meus passos.

Meus avós são pessoas boas e gentis, principalmente minha avó, ela é um amor de pessoa, é uma boa cozinha e sempre está preocupada comigo e com minha mãe, sua filha. Já meu avô é um homem de poucas palavras e são poucas as vezes que demonstra carinho, pelo menos com as outras pessoas, quando nós vamos visitá-los meu avô não sai de meu pé, nem minha avó, deve ser porque sou o único neto. Meu avô odeia meu pai, quando ele está perto, vovó mostra todo o ódio e não se arrepende de nada, meu pai já está acostumado.

As vezes fico imaginando como eles reagiriam ao saber que estou namorando um homem, e ainda mais o filho dos inimigos de meus pais. Meus avós sempre foram a favor das decisões dos meus pais que me envolve, então eles eles forem contra, meus avós seram também.

Ótimo, outras pessoas que vou ter que cortar contato quando for morar com Eren. Gosto muito de meus avós, mas entre eles e Eren, não tenho nem que pensar duas vezes.

Sem que eu percebesse eu já estava na porta do hospital, respiro fundo e vou até a recepcionista.

- Olá, seja bem vindo - é uma mulher diferente da outra vez que vim. - Como posso ajudá-lo?

- Eu vim buscar os resultados dos meus exames, meu nome é Levi Ackerman.

- Só um minuto - ela digita tão rápido no computador que fico até em dúvida se ela acertou todas as letras. - Ah sim, o Doutor Yeager foi o seu médico... Ele enviou as amostras (autora: que eu esqueci de por no capítulo anterior, peço perdão!) para o laboratório. O resultado já está pronto, aguarde alguns minutos.

- Tudo bem.

Me sento na primeira cadeira livre e longe de tudo mundo, se há uma coisa que odeio neste mundo além de baratas - sim, eu tenho medo, pânico, nojo, ódio de baratas - é hospital. É tudo tão.... Sujo, pessoas doentes, germes para todos os lados, gente sangrando e entrando com alguma bactéria ou vírus. Além das agulhas, eu tenho pavor de agulhas, ontem quando fui tirar sangue tive que olhar para trás e cantar parabéns para mim somente para me distrair.

"Desculpa gente, eu esqueci de colocar essa parte"

Demorou dois minutos e o Doutor Yeager chega, ele olha para mim e sem dizer sinaliza que o siga. Me levantei e segi para a sala dele novamente.

- Bom, senhor Ackerman, é um desprazer rever você.

- O senhor não sabe como estou tão feliz de estar aqui - dou um de meus lindos sorrisos cínicos enquanto me sento a sua frente.

- Vamos acabar logo com isso - ele abre a pasta e começa a ler e folhear as páginas.

- E então, senhor Yeager? O que eu tenho? Eu tenho algum tumor? - droga, os pensamentos paranóicos de Eren me dominou. Não acredito que fiquei pensando nisso. E ainda disse em voz alta, ou seja eu realmente me preocupei.

- Não, infelizmente... - ignoro a última parte. - Você está grávido.

Simplesmente olho para ele, minha cabeça começa a doer. Mas eu não consigo me mover, nem fomular um som, minha boca abre diversas vezes mas nada sai.

- Aparentemente está grávido de duas semanas e três dias.... Não há sinais de uma gravidez de risco... Devo encaminhá-lo para uma obstetra para começar o pré-natal....

- Esp-.... ESPERA! - ele me olhou com tédio. - C-como assim? Eu não posso estar grávido.

- É isso que os exames mostram, você não fez um sexo seguro e com proteção, logo os espermatozóides fecundaram-

- Eu sei como acontece! - coro e desvio o olhar. - Mas como isso aconteceu? Usamos camisinha!

- Tem certeza? Há menos que tenha sido insiminação.

- Não.... Eu... - como? Quando? Eren e eu sempre usamos camisinha. - Me de isso aqui - arranco os papéis de sua mão dando uma olhada melhor, para ver se tem algum engano. Mas é meu nome, minha data de aniversário, meu tipo sanguíneo, tudo bem... Viro a página e vejo a palavra positivo em teste de gravidez. - Não...

- Bom, isso aconteceu... Poso recomendar aborto caso você não queira...

- Eu... Eu.... Eu preciso ir - saio correndo para fora, saio de hospital.

Eu preciso.... Eu preciso... Eu preciso... O que eu preciso?

Só nósOnde histórias criam vida. Descubra agora