Vinte e nove

68 14 0
                                    

Dois dias.... Dois dias nesse inferno de casa. 

Já faz dois dias que estamos morando nesta casa e cada vez mais estou enlouquecendo. Não tem nada pra fazer. Não tem televisão, a comida é de microondas então não tenho que ficar cozinhando. Eu só limpo a casa e fico mexendo no celular. Só. 

Mexer no celular é bom, mas chega uma hora que cansa. 

Não aguento mais, daqui a pouco vou ter que ceder pra Eren pois não estou aguentando mais esse tédio. Agora entendo como antigamente, quando não tinha televisão, as pessoas faziam filho em abundância. Se eu já não estivesse grávido......

Levi! Levi! - ouço Eren me gritar lá de fora.

Ah é verdade, Eren tem ido trabalhar todo dia no restaurante do Erwin e da Hanji. Erwin aceitou que ele trabalhasse lá, o problema é que Eren sai as seis e volta as cinco e eu fico sozinho o dia inteiro entediado. 

Olho para o relógio do meu celular e são cinco e quinze.
Me levanto e abraço o meu casaco de lã, não as roupas que Armin me deu, me sinto mais fashion e na moda jovem. 

Saio para fora e me apoio no pilar de madeira da varanda, e não acredito no que estou vendo. 

- E aí? O que achou? - respondo com sinceridade ou xingo até a quarta geração?

- Eren..... Que lata velha é essa?

- Não fala assim dela, ela tem sentimentos.

- Sentimentos? 

- É, tadinha. Estava sozinha no ferro velho, mas eu acolhi ela. 

Suspiro fundo, como é possível isso cara?

Eren me trás um carro velho de cor bege, com algumas partes enferrujadas, rodas com linhas brancas até que bonitas, sujo e com cocô de passarinho. 

- Pra que isso?

- É pra nós ue... assim você não vai ter que andar para chegar na cidade, com isso você não vai fazer força e chegaremos mais rápido no hospital caso aconteça algo
.
- Com ele sujo, enferrujado e você tem carteira de motorista?

- Eu vou cuidar dela, vou limpar e cuidar das ferrungens. E é óbvio que eu não tenho carteira de motorista - ele ri. - Não se preocupe, eu me viro.

Ele sobe os mine degraus e vem até mim e me abraça. Sinto cheiro de comida, suor e motor de carro. 

- Isso é um passo para nós dois, estamos sendo independentes. Logo teremos um filho e acho que ter esse carro é um passo para nós sermos independentes e responsáveis. 

É, ele tem um ponto. Cuidar de um carro deve ser trabalhoso e ainda tem questão da carteira e dos cuidados que se deve tomar enquanto dirigi. Tendo esse carro realmente é uma boa ideia, não teríamos que andar por horas para chegar na cidade, se eu for para o mercado a pé e voltar com várias sacolas vai ser um saco e vou sentir muita dor depois.

- Ela é? - abraço ele de volta, me confortando em seus braços, ultimamente estou mais manhoso pelos seus toques. - Vou ficar com ciúmes. 

Ele ri com a piada e dá um beijo no topo da minha cabeça. 

- Não se preocupa, eu te amo muito mais que ela.... Bom, acho que ela vai ficar no mesmo patamar que você. 

Levanto meu rosto para olhar em seus olhos sem sair do abraço. 

- Se você ficar horas nela e aparecer com cheiro de mulher, vamos ter uma conversa muito séria com a minha faca. 

- É melhor eu não colocar aqueles perfumes nela então.
Bom mesmo.

Francamente, estou sentindo ciúmes de um carro!

Só nósOnde histórias criam vida. Descubra agora