Onze

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Minha mãe me acordou no dia seguinte apressada e já arrumada. Ela e meu pai tinham faltado do trabalho e já estavam prontos, só faltava eu. Me levantei da cama com meu rosto inchado e vermelho. 

Tomei um longo banho quente, sentindo todo meu corpo doer pelo mal jeito que dormir ontem. Fiquei a madrugada inteira chorando. Tudo o que me vem agora é a preocupação, o que meus pais farão? O que acontecerá quando eles descobrirem que Eren é o pai do meu filho.

Filho. Nunca imaginei que essa palavra fosse tão pesada como agora. Por conta dessa palavra e de quem a carregará minha vida mudará para sempre.

Me arrumo rapidamente e mando uma mensagem para Eren falando brevemente o que aconteceu e que iria para o hospital refazer o exame para garantir se estou mesmo grávido.

Saio de quarto e encontro meus pais já na sala me esperando, nenhum de nós fala algo, só fomos para dentro do carro sentido ao hospital. Hoje é um dia nublado com algumas nuvens escuras. 

- Você está com fome? Saímos sem você comer - fala minha mãe olhando para mim. - Podemos passar em uma lanchonete.

- Não precisa, estou sem fome - não conseguiria comer alguma coisa, minha estômago está embrulhado.

Geralmente fico assim quando estou nervoso.

Minha voltou a olhar para frente e não disse mais nada. De vez em quando percebo o olhar de meu pai para mim no retrovisor, talvez eles estejam apenas confusos. Ainda não digiriram essa situação. Estão iguais de quando contei que era gay, meu pai ficou sem falar comigo por uns três meses e minha mãe somente uns três dias. Ela me disse para ter paciência, meu pai é um homem antigo e é difícil ele aceitar toda a situação.
Só espero que seja igual desta vez, que eles me aceitem mesmo após saberem quem é o segundo pai.

Finalmente chegamos no hospital, o mesmo que tinha ido, desço com minha mãe enquanto meu pai procurava uma vaga.

Entramos - e para minha sorte ou azar, está praticamente vazia, somente tinha a recepcionista. 

- Bom dia, como posso ajuda-los? - minha mãe foi resolver a papelada enquanto eu me sento.

- Viemos fazer um exame de gravidez.

- Assine aqui por favor.

Meus pés batem instantaneamente no chão, minha mãos não paravam quietas e eu tentava me acalmar respeitando fundo.

- A doutora já irá atender vocês. Esperem alguns minutos.

- Obrigada - ela vem se sentar ao meu lado. Logo meu pai chega e se senta no meu lado direito. - Escute querido, saiba que estamos....

- Decepcionados - completo já imaginando o que seria.

- Não, claro que não. Só estamos preocupados. Você só tem dezoito anos, acabou de se formar e nem recebeu uma resposta da faculdade ainda. Ter um filho é uma responsabilidade enorme.

- Eu sei mãe, não precisa dizer..... 

- O que sua mãe quer dizer é.... - meu pai tentou ajudar minha mãe. - Que queremos o bem para você, tudo mudará quando esse bebê nascer, a sociedade é dura demais hoje em dia.

Não falo nada, somente olho para o chão. 
Logo os sons de passos de salto alto vem se aproximando, olho para o corredor e vejo uma mulher se aproximando de nós.

- Bom dia, eu sou a doutora Lena e eu cuidarei de você - ela olha para mim. - Por favor me acompanhe, nós vamos coletar amostras de sangue e urina para fazer o teste.

Me levanto com minha mãe e a seguimos.

- Muito bem, vamos ver - a doutora abre uma pasta onde tinha meus resultados.

Depois dos exames, ficamos mais algumas horas esperando os resultados. Nesse meio tempo Eren me mandou várias mensagens carinhosas tentando me acalmar e dizendo que tudo ficará bem. Tentei acreditar mas a preocupação é maior.

Estamos agora no corredor, minha mãe e eu estamos sentados nas cadeiras pretas e nada confortáveis, enquanto meu pai está em pé do lado de minha mãe. 

- Bom, pelos resultados - é agora, o momento dá verdade. - Posso confirmar que Levi Ackerman está mesmo grávido. Meus parabéns.

Meu mundo caiu, eu já sabia da resposta, mas não imaginaria que iria me sentir tão ruim quanto agora. Meu pai está furioso, ele anda de um lado para o outro. Minha mãe passa a mão em minhas costas mas sei que ela está pensativa.

- Mas que merda Levi! - meu pai disse após a médica sair. - Puta que me pariu.

- Jorge, aconteceu. Agora temos que saber o que fazer.

- Eu já sei o que vou fazer - ele para na nossa frente com as mãos na cintura e me lança um olhar raivoso. - Me diga agora Levi. Quem é o pai desse bebê?

- É verdade, você ainda não nos disse quem é.

Putz, o que falo agora? Minto quem é o pai? Falo que é de quem? Do Armin? Meus pais o conhecem mas acreditaram que ele meu comeu e que estou grávido dele? 

Ou devo dizer que eu estava bêbado e não lembro? Isso deixaria meu pai mais furioso do que já está. Seu único filho está grávido de um cara desconhecido.

- O-o pai do b-bebê? - droga, gaguejei, meus pais sabem quando é alguma merda quando gaguejo. - Bem.... O pai do bebê..... O pai do bebê é o segundo pai do meu filho né?... Que coisa não?

- Diga logo Levi.

- Ah.... É... É o.... É o...

- Sou eu - puta merda, puta merda, puta merda, puta merda.

Agora ferrou de vez.

Só nósOnde histórias criam vida. Descubra agora