Trinta e cinco

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Após me despedir de Eren, que irá trabalhar até as duas da manhã, tranquei a porta e fui de encontro com Armin. Ele está sentando na sala tomando café que preparei mais cedo. E ele ainda olha para minha casa como se tivesse num lugar pobretão. 

- O que achou da minha casa? - me pergunto me sentando ao seu lado no chão. 

- Bonita e.... moravel.

- Moravel?

- É a unica coisa que passo falar disso... uma casa que não tem móveis, nem mesmo uma geladeira, não deveria ser chamada de casa - ele coloca a xícara no lado dele.

- Eu sei, ainda não achei alguma coisa que preste e que seja barato.

- Ai está o erro - ele pega o notebook que trouxe, roteou a Internet do celular para o computador e já foi entrando num site de móveis e eletrodomésticos. - Não vamos comprar moveis de cem reais, com certeza eles são horríveis. Quanto mais caro for, melhor. 

- Armin, não temos dinheiro para gastar com coisas caras.... Queremos deixar o dinheiro que você nos deu para uma emergência - explico.

- E quem disse que será vocês que vão pagar? - olho para a mão dele e vejo um cartão preto bem ostentado. - Deixa com o pai aqui.

- O quão rico você é?

- O suficiente para te bancar por uns.... dez anos por ai, se não mais - okay, ele realmente é rico.

Sorte nossa ter escolhido um cara podre de rico para ser o padrinho do nosso bebê.

- Olha só esta geladeira de duas portas! Linda demais! Já tá no carinho!

Deixo Armin olhando estas coisas, sei que ele sabe muito bem sobre moda e sobre coisas que combinam numa casa rústica. Desvio o olhar para as unhas da minha mão, faz tempo que não me sinto desse jeito, sozinho estando ao lado de alguém, e ainda por cima triste, muito triste. 

- O que foi Levi? - noto que ele está me olhando, desvio o olhar para os olhos mais azuis que os meus e vejo preocupação neles. - Está tudo bem?

Eu estou bem? Uma pergunta que nem mesmo eu saberia. De saúde estou. De alma também, eu achou. Estou muito feliz aqui, vivendo ao lado de Eren com esse bebê em minha barriga,  amo demais esta cidade e seus moradores. Mas sinto que algo está faltando.... algo que está me incomodando. 

- Armin..... - olho para baixo. - Como meus pais estão?
Sinto ele ficar um pouco tenso, desvia o olhar um pouco antes de responder com um longe suspiro.

- Sinceramente? - faço sim com a cabeça. - Eu não faço ideia, sei que eles ainda moram naquela casa.... Jean me contou que viu sua mãe no mercado um pouco triste e parecendo que só está.... existindo. 

- Ah merda - afundo minha cabeça em minhas mãos.  - Minha mãe com certeza está doente e é tudo culpa minha. 

- Não pense nisso, a culpa é deles que te rejeitaram! Você só fez o que pensou ser melhor para seu filho, e você está mais do que certo - Armin põe a mão no ombro. 

- Eu sei mas..... São meus pais Armin, meus pais.... Eu ainda os amo, sinto falta deles e pensar que estão sofrendo, nem que seja somente minha mãe, pela minha partida doi muito.

- Então não pense - ele me vira para olhar seus olhos. Armin está bem perto de mim. Ele pega forças que não faço ideia da onde e me empurra para deitar de costas no chão e ele se senta no meu colo. 

- Armin? - minha voz sai quase fraca e com muito pavor. 
- Apenas relaxe - ele coloca o dedo na boca pedindo silencio. Seu sorriso malicioso me assustou bastante. - Relaxa e curta o momento.

Suas mãos foram por debaixo da mnha blusa, eu logo tentei o tirar de cima de mim. Mas de algum modo Armin é mais forte que eu. Ele puxa minha blusa até meu pescoço. 

- Armin, para está me assustando.

E então ele fez. 

Armin fez a coisa mais inesperada do mundo. 

Ele começou a fazer cócegas em minha barriga. 

Pela surpresa começo a rir que nem louco, sou bastante sensível aos toques em minha barriga, não demorei para já ficar lacrimejando e tossindo. 

- Ar..... Armin! Para! - tento para-lo mas não consigo fazer outra coisa além de rir. - Armin!

Até que ele para. Fiquei tossindo e limpando meus olhos enquanto ouço rir de mim.

- Achou que eu fosse fazer alguma coisa? - ele ri. - Bom, eu não posso dizer que não queria te dar um susto.....

- Por que fez isso?

- Para ver este sorriso - coro levemente. - Levi, eu sou seu melhor amigo, e você é o meu. Não gosto de te ver triste, chorando e se culpando pelo sofrimento de sua mãe e faço o que foi precioso para ver você sorrir. 

- Armin.....

- Não pense neles, esqueça o passado e viva somente o hoje. A vida é bela demais para ser desperdiçada desse jeito. Sei que sente falta deles e que os ama, mas você agora tem uma nova vida, uma nova história - ele toca em minha barriga, ele ainda está em cima de mim. - E vai ser aqui que você viverá sua nova vida. Com Eren e com esse bebê...... Apenas esqueça quem você já foi e quem ficou para trás....

As palavras de Armin foram como remédio para mim, sinto a tristeza sumir num piscar de olhos. Engraçado que não faz muito tempo que falei para mim mesmo aceitar esse mundo e ser feliz ao lado de Eren, e agora pouco estava quase chorando. Mas Armin me trouxe a realidade. Ele está certo. 

Não sou mais Levi Ackerman, o garoto que tinha medo de contar aos pais sobre quem estava namorando e tinha dificuldades e inseguranças. Não sou mais um Ackerman...... 
Eu sou Levi Yeager, o garoto que não se importa mais com quem ficou para trás e cuidarei somente o que virá a frente ao lado das pessoas que estão me apoiando e me amando, a Sra. Antonieta, Hanji, Erwin, Armin e principalmente Eren. 

- Obrigado, Armin - me sento para poder abraça-lo e enterro meu pescoço no seu ombro. - Muito obrigado, por tudo.

- Estou aqui para tudo....... 

Adeus mãe, adeus pai....

Só nósOnde histórias criam vida. Descubra agora