Pegando uma carona

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Os filhos de Odin mal tiveram tempo de se recuperar. Uma escada gigantesca foi arremessada do navio, num claro convite para que subissem a bordo. O problema estava no fato de que, entre um degrau e outro, havia uma distância de três pessoas do tamanho de Thor. Nem se o loiro se esticasse ao máximo conseguiria escalar.

– Essa mulher não tem noção. – Loki reclamou aborrecido.

O deus do Trovão concordou com um aceno de cabeça. No entanto, como se tivesse ouvido tal reclamação, a escada encolheu magicamente até chegar num tamanho apropriado.

– Seu pedido é uma ordem, irmão. – o loiro gracejou. Tomou a iniciativa de subir primeiro. Talvez conseguissem mais informações a bordo.

– Tem certeza que é seguro? – o deus-mago segurou na capa do outro, impedindo-lhe o avanço.

O mais velho observou a face preocupada de Loki. O moreno parecia realmente apreensivo.

– Eu te defendo, irmãozinho. Não tenha medo. – Thor afirmou com um sorriso enorme. Isso lhe valeu um soquinho irritado no braço.

Rindo, mas decidido, o deus do Trovão tomou novo impulso e começou a subir com certa dificuldade, Mjölnir atrapalhava um pouco os movimentos fluídos. Loki respirou pesadamente tentando demonstrar toda sua insatisfação. Mas Thor não pareceu notar o gesto.

Sem outra opção o moreno deu de ombros e seguiu seu imprudente irmão.

Em alguns minutos subiram os degraus de corda e saltaram num convés de tamanho considerável, bem de acordo com as proporções do famoso Desbravador.

Mas a situação se complicou um pouco. Havia, tranquilamente, dezenas de seres estranhos espalhados pelo local. Talvez centenas.

Todos tinham a altura parecida com a de Thor, usavam os cabelos pretos cortados estilo moicano um tanto longo. A pele deles era revestida com escamas prateadas, os olhos negros muito grandes faziam contraste com a boca de lábios finos. As criaturas eram delgadas, tendo os corpos magros cobertos por uma túnica rústica em tom de cinza desbotado. Eram incrivelmente parecidos, como um pequeno exército de irmãos.

Um deles deu dois passos largos e ficou um tanto próximo dos filhos de Odin, examinando-os detalhadamente de maneira quase ofensiva. Então fez uma leve vênia e disse:

– Bem vindosss, filhosss de Odin. É uma honra receber a bordo o deusss do Trovão e o deusss do Fogo. – voz levemente silibante soava estranha.

Thor e Loki se entreolharam. O mais jovem agradeceu:

– É igualmente uma honra estar nos domínios da Rainha Karnilla.

A criatura voltou os olhos grandes para Loki e sorriu:

– A Rainha pede pra lembrar que a viagem não é gratuita... exisssssste um certo preço a ssssssse pagar.

Thor ficou tão tenso quanto Loki. Foi o loiro que perguntou:

– Qual preço? – se fosse algo impossível ou muito alto teriam que considerar saltar da embarcação.

A criatura sorriu sugestiva mantendo os olhos arredondados fixos em Loki:

– A Rainha acha que esssse jovem paga o valor dasss duass passsagenss. – insinuou sem qualquer receio.

A única coisa que Loki fez foi erguer uma sobrancelha, indeciso entre ficar extremamente lisonjeado ou completamente ofendido. Mas não teve tempo de decidir, pois Thor fez o que sabia fazer de melhor: agiu daquela forma tão Thor de agir, erguendo Mjölnir e acertando um golpe fulminante na cabeça do ser atrevido.

You Are All I Have - ThorkiOnde histórias criam vida. Descubra agora