Pedido inusitado

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Thor olhou preocupado para Loki, uma intuição gritando fortemente para tomar cuidado. Por isso aproximou-se do caçula e envolveu ambos com sua capa escarlate, segundos antes das labaredas triplicarem de tamanho e então se consumir em uma grande explosão.

Ele sentiu o calor. Não era agressivo, não machucava. Era... agradável, acolhedor. Thor tinha certeza que aquela explosão poderia ter causado um estrago e tanto em algo do porte do Couraçado Desbravador. Mas aos dois apenas abraçara quase como se desse as boas vindas.

Na certeza que não teria perigo abaixou a capa vermelha, mas ainda manteve Loki próximo a si, preso pela cintura.

Não restara o menor sinal do que acontecera, nem mesmo um queimado no chão. Era como se a explosão e o círculo de fogo nem ao menos tivessem existido.

– Irmão... – Loki chamou feliz por tanta preocupação do mais velho, mas sua fala mudou rapidamente ao perceber algo – Ali!

Os olhos azuis de Thor voltaram-se para a direção indicada. Quase praguejou.

– O que é isso?

Duas diminutas fagulhas flutuavam a direita deles. Pontinhos minúsculos que irradiavam calor e brilho intensos. Fascinado Loki afastou-se do loiro e esticou a mão para tocar uma das fagulhas que escapou ao toque e começou a revoar ao redor do deus-mago. A outra a imitou, dançando ao redor de Loki em sentido contrário. Ambas fagulhas mágicas pareciam, surpreendentemente, alegres!

– O que são essas coisas? – Thor indagou bruscamente, surpreso com a recepção que davam a seu irmão.

Loki riu:

– Muspel.

O deus do trovão ergueu as sobrancelhas:

– Demônios do fogo?!

– Mostrem sua verdadeira forma, criaturas do fogo.

Imediatamente as chamas pararam de rodopiar e começaram a se retorcer para vários lados, como se mãos invisíveis as moldassem e as ajudassem a tomar forma. Elas foram aumentando, crescendo, ganhando volume e um formato.

Formas femininas nasceram das chamas. Eram humanóides, os corpos possuíam membros esguios, pernas torneadas. A mais alta tinha chamas curtas e revoltas em volta da cabeça, que ondulavam arrepiadas para cima. A outra também possuía formas femininas, era mais baixa e as chamas ondulavam para baixo calmamente, como se possuísse um longo cabelo flamejante.

As duas voltaram-se para Loki. Não havia, em seus rostos, nada que simulasse olhos, nariz ou mesmo lábios. Os rostos eram lisos, mas ainda assim o filho de Odin podia sentir-se preso por um olhar que alcançava a alma.

Uma voz melodiosa e agradável soou diretamente na mente dos homens:

Muspelheim e seus filhos saúdam Loki Odinson, deus soberano do fogo.

As duas se abaixaram apoiando um joelho no chão e inclinando as cabeças. Aquilo impressionou Thor. Surpreendeu ainda mais a Loki, que não esperava ser tratado com tanto respeito pelas criaturas do fogo.

– Levantem-se. – exigiu sem saber direito como agir. No fundo pensou que poderia muito bem se acostumar com aquele tratamento. – Como se chamam?

Foi obedecido imediatamente.

Sou Sinmore. – a mais alta respondeu – Esta é Lifthrasir, minha serva.

– Sinmore? – Loki repetiu – Esposa de Surtur?

Sim. Sutur é meu esposo, ele não mais está entre nós. É o destino, jovem deus do fogo. Nem mesmo as criaturas místicas são eternas. – a voz calma continuava soando direto na mente dos asgardianos – Sinto que estão cansados e têm fome, como viajantes presos a longa jornada. Convido-os, Loki Odinson e Thor Odinson, para que descansem em Diamante do Sul, meu castelo e lar dos Muspel que ainda existem. Será uma honra para nós abrigarmos o deus do fogo e seu irmão mais velho.

You Are All I Have - ThorkiOnde histórias criam vida. Descubra agora