O retorno

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Talvez o maldito jantar estivesse acontecendo por ali, ou talvez fosse apenas falta de sorte mesmo. O fato é que vários trolls foram aparecendo por entre as árvores e arbustos, em um número muito acima do esperado. Vinham incitados pelo alerta. Se tinha algo que odiavam eram os asgardianos.

Thor, que estava mais próximo, recebeu os inimigos com o martelo nas mãos. Loki recorreu a magia, principalmente aquela que criava um avatar. Com três cópias suas conseguiu deixar os trolls bem confusos. Aqueles não eram seres dotados de muita inteligência.

O deus do trovão tinha postura mais defensiva do que ofensiva. Seu gênio indômito havia sido suavizado depois da aventura em Midgard. Antigamente não se conteria em destroçar as criaturas caricatas. Hoje os acertava sem aquela fúria assassina. A diferença estava na vontade de defender e proteger, diferente de outras investidas, quando queria apenas vencer ou se vingar. Vencer de forma fulminante.

Os trolls iam caindo, colhidos em cheio pelos golpes de Mjölnir e vitimados pelas artimanhas de Loki. Eram enganados pelas táticas de violência não-direta: o deus-mago os enganava com ilusões e os acerta em seguida.

Mas apesar da superioridade tática dos irmãos a superioridade numérica dos habitantes ameaçava se tornar um problema. Para cada um que derrotavam dois surgiam para tomar o lugar do caído.

Além disso, havia o péssimo terreno em que lutavam. O pântano tinha pouco solo realmente firme, sendo a maior parte tomada de lama e poças de água suja, galhos de árvores apodrecidos que fizeram Loki tropeçar uma ou duas vezes.

Os trolls conheciam bem seus domínios. Ou estavam acostumados às condições desfavoráveis, pois nada daquilo pareceu ser obstáculo para a luta. Queriam poder colocar as mãos, mesmo que de leve, nos dois asgardianos...

Thor lutava mantendo um olho nos inimigos e um olho em seu irmão, preocupado que ele não conseguisse se defender direito.

Foi graças à essa atitude super-protetora que percebeu o momento em que Loki pisou em falso numa parte do terreno enganadoramente firme. O avatar escorregou e caiu no chão, por que o verdadeiro Loki, que estava mais atrás, também deslizou na lama escorregadia, mergulhando no chão lamacento.

O acidente denunciou a posição do moreno, que perdeu um segundo precioso, preso pela surpresa, e deu a oportunidade de um dos trolls abaixar-se, pegando-o pelo braço e içando-o para fora da poça.

Com a força típica da espécie, o troll empurrou Loki pra frente. Ele se desequilibrou e caiu de joelhos no meio da batalha.

Thor praguejou. Observou o irmão ajoelhado e cercado por quatro ou cinco inimigos. Os olhos verdes pareciam enormes pelo susto, dominando o rosto magro e sujo de lama.

Como ousavam encostar em seu irmãozinho?

O loiro mataria por menos que aquilo. Por tal ofensa causaria um massacre.

Através de frestas nas copas cerradas das árvores foi possível entrever o céu negro da noite ser quebrado por grandes nuvens cinzentas de tempestade. O ar tornou-se denso, pesado pelo prelúdio de uma tempestade.

Raios deslizaram irregulares como chagas recém abertas caindo certeiros sobre os trolls que ameaçavam Loki e arremessando-os longe, fulminados fatalmente. O próprio deus-mago teve que se encolher e se proteger tamanha a eletricidade daqueles golpes.

E não foram apenas os raios.

Thor girou Mjölnir na mão com violência e furor. Os pobres coitados atingidos pela fúria sanguinária daquela arma invencível não tiveram nem tempo de se arrepender. Foram agraciados com golpes rápidos e duros, que refletiam a fúria do guerreiro que os atacava.

You Are All I Have - ThorkiOnde histórias criam vida. Descubra agora