Os subterrâneos

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A paisagem começou a mudar lentamente conforme os cavalos cavalgavam os céus. Os tons vermelhos deixavam de ser predominantes, substituídos por cores escuras e sombrias.

– Estamos próximos à fronteira – Loki reconheceu o cenário que já visitara antes.

Thor moveu a cabeça em concordância.

– Estamos mais ao norte.

– Não me lembro de nenhuma passagem por aqui. Nunca fui tão longe em minhas incursões.

– Então iremos mais ao centro.

Loki apertou os lábios. Ir mais ao centro significava correr mais chances de encontrar com Trolls ou gigantes. Não seria nada agradável enfrentá-los. Desviou os olhos para Mjölnir preso ao cinto de seu irmão mais velho. Aquela arma era uma defesa e tanto, porém não podia se valer apenas disso.

– Nada de atos impensados, irmão. Podemos nos defender bem, mas não quero arriscar.

Thor segurou a risada. Desde que Loki estivesse ao seu lado nenhum perigo os alcançaria. Preferiu concordar apenas para deixá-lo tranquilo.

– Serei precavido – o sorriso aumentou – na medida do possível.

O moreno rolou os olhos. Antes que dissesse algo mais os cavalos reclinaram suavemente para baixo e começaram a descer. Estariam cansados de cavalgar a noite toda?

– Acho que é o limite deles – Loki falou.

Rapidamente ganharam o solo pedregoso. Os cavalos encostaram os cascos no chão e abaixaram as asas de modo a facilitar a descida de seus cavaleiros.

Thor soltou primeiro e levou um susto. O chão parecia ser feito de vidro!

– Irmão...

Loki teve a mesma sensação ao desmontar. Fixou os olhos verdes nos pedriscos que cobriam todo o terreno. Pareciam firmes, mas davam a sensação de ser o mais puro cristal.

– Entendi – o moreno afirmou – Essa é a última fronteira que liga Muspelheim ao resto do mundo. O chão parece frágil, porque está frágil. Está ficando mais e mais fino. E é por isso que os cavalos não podem prosseguir com a gente.

– Parece que estou pisando em vidro.

– Sim. Essa fronteira é frágil como vidro. Não vai resistir por muito mais tempo e quando quebrar isolará os Muspel para sempre.

– Temos que nos apressar.

O deus-mago concordou com um aceno. A sensação era tão forte que provavelmente a fronteira não duraria muito. Tomado por uma urgência atípica, ele virou-se para o garanhão e tocou-lhe a crina.

– Obrigado, amigo. Nos separamos aqui.

O cavalo relinchou e bateu o casco no solo. Então o que trouxera Thor abriu as asas e ganhou os céus, logo seguido por seu igual.

Os asgardianos observaram silenciosos enquanto os alazões desapareciam na distância, voando em direção ao sol nascente.

– Vamos? – a impaciência de Thor era gritante. Sua preocupação era pela forma como aquele solo dava a falsa impressão de segurança, quando na verdade poderia ruir a qualquer momento.

– Vamos.

Ambos deram um e depois outro. A sensação de caminhar sobre algo fino e delicado era angustiante. Por algum tempo avançaram com cuidado e precaução, até a paisagem ir se alterando. Arvores envelhecidas e de aspecto decaído surgiram aqui e ali.

O solo passou de pedroso para umedecido. Como solos típicos de pantanais.

O reino dos trolls não era chamado de subterrâneos por ficar embaixo da terra. Ele, assim como os demais, se encontrava na superfície. Mas era cheio de pântanos e vegetação apodrecida, o que dava um ar triste, sufocante.

You Are All I Have - ThorkiOnde histórias criam vida. Descubra agora