Fim do Jogo

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– Karnilla! – a voz de Thor ressoou pela proa como um trovão. O céu enegreceu e rajadas luminosas cortaram as nuvens como feridas recém abertas.

Mjölnir saltou para os dedos fortes. Num movimento mais intuitivo que racional Thor acertou a mureta de madeira, fazendo lascas voarem em muitas direções. O Desbravador estremeceu um pouco, mas seguiu em frente.

Uma risada sem humor soou.

A regra é muito simples deus do Trovão: nos encontre antes do jantar. Eu não vou esperá-lo para começar minha... saborosa refeição... ahahahahahaha!

Ao lado do asgardiano uma pequena ampulheta surgiu, flutuando no ar. Era semi transparente, como se fosse um fantasma. O tempo corria através dos pequenos grãos de areia.

Ignorando o objeto Thor avançou para o deque, abrindo a porta com um solavanco.

Não podia acreditar que perdera seu irmão outra vez, bem diante de seus olhos! Sentia-se estúpido e algo mais... como se fracassasse com Loki. Tinha que encontrá-lo antes que aquela rainha insana fizesse algo contra o deus-mago.

– Ouse machucá-lo, Karnilla e eu não respondo por mim. – a voz soou baixa e ameaçadora. Thor sabia que ela poderia escutá-lo. A prova disso foi a risada debochada que soou pelo corredor.

Um trovão ecoou alto refletindo a ira do filho mais velho de Odin.

Os olhos azuis escanearam o longo corredor. Quando passara antes ali não parecia tão grande e com tantas portas! Desesperado avançou para a primeira. Quando percebeu que estava trancada não hesitou em abri-la com um forte pontapé. Lascas de madeira voaram enquanto um longo e tenebroso rangido se fez ouvir. O Couraçado Desbravador reclamava da violência sentida.

Thor não tinha tempo ou desejo de se compadecer. Sua raiva piorou ao analisar o cômodo vazio. Não havia ninguém, nem mesmo móveis. Ao abrir a segunda e terceira porta e deparar-se com novos cômodos vazios compreendeu: Karnilla brincava com ele.

Flutuando ao seu lado a ampulheta registrava quase metade do tempo passado.

Thor não soube o que fazer.

Era bom em agir sem pensar. Mas não podia simplesmente ir derrubando as portas que invariavelmente davam para salas vazias. Por outro lado não conseguiria simplesmente passar direto. E se Loki estivesse em um dos quartos...?

"Pense, estúpido. Pense".

Karnilla dissera algo sobre jantar. E a lembrança fez o loiro estremecer. Talvez devesse ir para a cozinha ou o salão de festas.

Decidido abandonou o corredor e voltou para a proa. Seguiu para as escadas que imaginava levariam para a parte inferior, onde provavelmente estava a cozinha e a sala de máquinas.

Enquanto corria tentava não olhar para a ampulheta flutuante e não pensar na sensação que o sufocava. Nunca se perdoaria se falhasse outra vez. Jurara proteger Loki e levá-lo em segurança para casa.

– Espere, irmãozinho. Não vou decepcioná-lo outra vez. Karnilla que ouse colocar um dedo em você...

Desceu os degraus de dois em dois. Saiu num local escuro e silencioso. Todos os homens ofídios haviam simplesmente desaparecido. O Couraçado Desbravador parecia um barco fantasma. Onde estavam todos?

E se a rainha pretendesse abandonar tudo e fugir com Loki?

"Não seja idiota". Recriminou-se.

Mas no fundo sabia que não estava sendo idiota. Karnilla tinha fama de ser insana e imprevisível. E por que resistiria a seqüestrar Loki? Quem resistiria aos encantos do deus-mago...?

You Are All I Have - ThorkiOnde histórias criam vida. Descubra agora