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🌟▫️BRUNNA ▫️🌟

Era uma situação fodidamente fodida e eu não podia fazer nada.

Nosso grupo havia acabado de deixar Vanessa no aeroporto, para voltar sabe-se lá quando e naquele momento estávamos divididos entre os carros de Clara e Daiane. Por mais incrível que pareça, Daiane não emitia som algum chorando, ao contrário de Fernanda, que naquele momento estava abraçada a Daiane no banco de trás do carro parecendo um pato sendo estrangulado depois de inalar um monte de gás hélio.

Eu havia desistido de tentar entender como funcionava o relacionamento entre Daiane, Fernanda e Vanessa porque as três não se desgrudaram desde que colocamos os pés no aeroporto. Elas estavam abraçadas, com os rostos ruborizados, olhos pequenos, expressões de sofrimento, melecas transparentes (não tão transparentes) escorrendo... um completo horror, que naquele momento tomava conta apenas de Daiane e Fernanda porque provavelmente Vanessa estava exibindo aquela cara nada bonita no avião para todos os pobres passageiros.

Será que eu era daquela maneira chorando? Eu jamais iria chorar em público, iria fazer igual nos filmes no qual o personagem passa um lencinho no canto do olho e o lenço permanece no mesmo estado impecável. Depois eu choraria em casa, sozinha, para poder escorrer bastante.

Será que os personagens deixavam o choro de verdade para quando estivessem sozinhos e pudessem ser feios?

Será que os roteiristas escreviam cenas assim? Se eu fosse roteirista eu escrevia aquilo porque seria verossímil e eu seria a melhor roteirista do mundo por aquela habilidade. Eu com certeza ganharia algum prêmio por aquilo. Eu dedicaria o prêmio a Ludmilla e aos nossos filhos...

Talvez eu devesse me dedicar à carreira de roteirista, mas se eu fizesse sucesso muito cedo, não poderia dedicar o prêmio que eu iria ganhar aos meus filhos... se bem que eu já estava na idade de ser mãe... meus óvulos já estavam prontos para receber o pequeno Ed Harry Darcy Heathcliff Jacob  Gonçalves Oliveira e aquilo só me levou a uma conclusão.

- Amor da minha vida... – Eu cutuquei o braço da minha namorada com o indicador.

Braço gostoso...

- O que foi, meu bem? – Ela me perguntou, lindamente concentrada no transito, com aquela voz rouca e sexy que ativava a minha libido e me dava vontade de despi-la.

- Acho que já podemos ter um filho.

O carro no mesmo instante deu um solavanco para o lado, quase batendo na mureta que dividia as duas pistas da avenida, fazendo-me dar o grito da morte antes de Ludmilla voltar a ter controle sobre a direção do veículo.

- Meu Deus, o que foi isso? – Fernanda perguntou, com os olhos arregalados enquanto Daiane estava com olhos arregalados e os braços esticados, grudados no banco do carro de maneira esquisita.

- Está tudo bem. – Ludmilla murmurou, com as mãos firmes ao volante. – Brunna, quantas vezes precisaremos conversar sobre isso? Não podemos ter filhos agora!

- Mas... – Ela precisava entender que eu precisava ser mãe antes de ser uma roteirista de sucesso.

- Mas nada! Quer segurar um bebê? – Eu não tive a chance responder. – Vamos visitar Natan. Ligue para a Aline e pergunte se podemos ir pra lá e se estiver tudo ok, você liga para a Clara para ela ir pra lá também, assim, você suprime um pouco o seu desejo de ser mãe e Fernanda e Daiane têm uma distração.

Minha namorada só tinha ideias perfeitamente inteligentes (quase sempre) e com certeza ver Natan iria me ajudar nesse processo de ânsia materna e ainda iria distrair Daiane e Fernanda.

Você me odeia enquanto eu te amo ✔👩‍❤️‍💋‍👨Onde histórias criam vida. Descubra agora